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sexta-feira, 18 de novembro de 2011
Que Lindo Poema!
BALADA DA CHUVA
A tarde se embaça: - um pingo, outro pingo
respinga um respingo de encontro à vidraça;
um pingo, outro pingo, e a chuva aumentando
e eu nada distingo,- respinga um respingo
tinindo, cantando de encontro à vidraça
A noite esta baça e a chuva enervante
batendo, batendo, constante, cantante
de encontro à vidraça
A terra se alaga o céu se nevoa,
e a chuva é uma vaga fininha, descendo,
parece garoa!
Parece fumaça!
- e as águas subindo e as poças subindo
e a chuva descendo e a chuva não passa!
O dia surgindo, manhã turva e baça.
A chuva fininha miudinha, miudinha,
parece farinha lá fora caindo,
através da vidraça.
A tarde está escura, a noite está baça,
e as brumas de um tédio
de um tédio sem cura
talvez sem remédio
minha alma esfumaça:
- um dia, outro dia e os dias passando
em lenta agonia segunda a domingo;
um pingo, outro pingo, respinga um respingo,
batendo, cantando, mil dedos tocando
de encontro à vidraça...
-que chuva! Que chuva!
e a chuva não passa!
Constante, cantante caindo distante
nas folhas molhadas,
nas poças paradas despidas e nuas,
e murmurejante rolando nas ruas;
-um pingo, outro pingo
na lata cantando goteira se abrindo
pingando, pingando
batendo, batendo
tinindo, tinindo
parece um tinido, de taça com taça,
e a chuva chovendo
e a chuva não passa!
O vento nas folhas de leve perpassa,
e as gotas nos fios rolando, escorrendo
lá fora estou vendo através da vidraça,
- que dias sem alma!
- que noites sem graça!
e a chuva, que calma!
Chovendo, chovendo
não passa! Não passa!
A terra está envolta nas brumas de um véu,
de um véu de viúva que o dia escurece,
e a noite enfumaça.
- E' a chuva que chove, e do alto se solta
descendo, descendo, rolando, escorrendo
nos olhos do céu...
Nos olhos do céu e no olhar da vidraça!
-Que chuva! Que chuva! Parece um dilúvio,
Quem sabe? - parece que a chuva não passa!
(Poema de JG de Araujo Jorge)
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NOTA:
Este é um dos mais belos poemas que eu já conheci. JG de Araújo Jorge é realmente o cara que soube marcar épocas com as suas belezas poéticas!
Este poema "Balada da Chuva" me faz lembrar da minha infância e adolescência, quando na nossa casa, minha dos meus pais e dos meus irmãos, nas tardes bem molhadas e frias de inverno; chuvas pesadas, grossos pingos caindo naquelas tardes solitárias, a água correndo rua abaixo; comendo pipocas e tomando Q-Suco de morango a gente sentava no chão, bem pertinho da Radiola para, com muito silêncio e reverência, todos bem atentos, ouvir as poesias desse poeta fantástico. Era algo maravilhoso para mim curtir atentamente cheia de muita emoção cada verso do disco em vinil entitulado "AMO" que é o mesmo nome do livro de poesias do autor, ao som da SONATA au luar de Beethoven. Era lindo demais! Eu ficava tão emocionada que meu peito ficava apertado por estar ouvindo uma coisa tão encantadora e emocionante.
Hoje, recordando, eu sou eternamente grata ao meu pai biológico: Sr Ermenegildo, e aos meus irmãos: Moisés e Otoniel por terem me proporcionado viver momentos tão lindos, que mesmo eles sendo ainda muito jovens já eram plenamente sensibilizados e instruídos para saber apreciar o que havia de mais requintado e profundo no mundo da arte poética e musical.Devo a eles toda a sensibilidade que forma minha performance e caráter até hoje.
Espero que vocês gostem dessa beleza de arte poética.
Abraços em todos os seguidores do meu blog.
MiraFialho - 18/11/2011
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