sábado, 12 de setembro de 2009

SIDA: ÁFRICA SUBSAARIANA

África/Sida

Doentes com Sida estabilizam na África sub-saariana



Crédito: D.R.

O número de doentes com Sida está a estabilizar-se na África sub-saariana, mas cresce no leste europeu e na Ásia, pelo que é demasiado cedo para a “auto-satisfação”.

Num comunicado emitido por ocasião do Dia Mundial da Sida, a Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho refere que "se há alguma coisa ainda mais perigosa do que o VIH (vírus da imunodeficiência humana), é a auto-satisfação" que possa ser suscitada pelos progressos alcançados.
"Embora as taxas de infecção tendam a estabilizar-se em certas partes da África sub-saariana, continuam a aumentar noutras regiões onde muitas pessoas não têm consciência do perigo, nomeadamente na Europa de Leste e em várias regiões da Ásia", considera o representante especial da Federação para a sida, Mukesh Kapila.
Segundo um estudo recente das autoridades russas, um total de 417.208 pessoas contraiu a doença, que alastra no território.
A Federação sublinha, por outro lado, que a discriminação contra as pessoas atingidas continua a ser grande em certas partes do mundo.
"A persistência do opróbrio e da discriminação para com as pessoas que vivem com o VIH é inaceitável para qualquer comunidade confrontada com este desafio", sublinhou hoje o director do programa mundial da Federação Internacional sobre o VIH em Genebra, Bernard Gardiner.
A acção da Federação, que visa as pessoas mais vulneráveis, chegou a 32 milhões de doentes em África entre Janeiro de 2005 e Junho de 2008.
O Programa da ONU contra s sida (ONUSIDA) preveniu que não divulgará excepcionalmente este ano o seu habitual relatório anual por ocasião do Dia Mundial (1 de Dezembro) por motivos de alteração de metodologia, mas a Organização Mundial de Saúde (OMS) previu recentemente um forte aumento do número de mortes em 2008.
De acordo com a OMS, 2,2 milhões de pessoas deverão morrer da doença em 2008.
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Fonte: Lusa
Autor: África Today/CB

Data: 28 / 11 / 2008

Cópia feita no Google – 12.09.09

Projeto Para Seleção...

PROJETO DE PESQUISA APRESENTADO AO PPGS
Programa de Pós Graduação em Sociologia da UFPE
2009

O Movimento Social da AIDS no Brasil.
A busca das identidades coletivas vivendo com HIV/AIDS pela estruturação do seu território político de representação.



Miriam Fialho da Silva
Mestre em Sociologia

Recife - Pernambuco



1. apresentação

Este projeto se configura como uma ferramenta através da qual pretendemos pesquisar como a população soropositiva para o HIV/AIDS vem buscando estruturar, como movimento social, o seu território político de representação das identidades coletivas no Brasil . Esta é uma luta que já vem de longe, de mais de duas décadas de pandemia, que não se iniciou em nosso país. Ultimamente, porém, ele vem se dando conta da sua responsabilidade social em gerir políticas públicas para prevenção e assistência. Sentiu-se convocado pela sociedade civil a assumir certo ativismo com o objetivo de garantir a sobrevivência das pessoas soropositivas+, a partir da combinação de medicamentos cognominada de “coquetel”.
Esta iniciativa representa também uma retomada de alguns recortes da nossa dissertação de mestrado, cursado nesta academia, finalizada em janeiro de 2000, defendida e aprovada. A investigação desse tema no mestrado teve hipóteses norteadoras originadas da seguinte questão: “qual o sentido da vida para alguém que se descobre infectado com o vírus da AIDS?”. Esta pergunta deu origem a três hipóteses, que foram norteadoras da pesquisa. 1)a condição de portador do HIV/AIDS desencadeia após o recebimento de um diagnóstico médico de soropositividade um processo de crise existencial, forçando uma redefinição da identidade pessoal. 2) a condição de gênero influi na redefinição da identidade da pessoa infectada com o HIV/AIDS. 3)a pessoa infectada como o vírus HIV/AIDS sofre estigma e exclusão no processo de tratamento a partir da relação entre o médico e o paciente.
Pressupomos que as identidades se fragilizavam e em função disto as pessoas que estavam infectadas entravam em fortes crises de depressão e não viam alternativa para dar prosseguimento às suas vidas. Essa fase era, então, bastante difícil, visto que naquela época ainda não havia medicamentos para o tratamento a nível popular e apenas as pessoas de condição social abastada tinham como importar remédios de fora do país para se tratarem. um outro fator observado foi o de que o preconceito e a discriminação sofridos pelos seus grupos de pertença, como a família, os amigos no trabalho, a relação conjugal, indo além destes, os deixavam sem esperança de voltar a viver uma vida normal. Ao longo do desenvolvimento da pesquisa, a partir da análise dos dados, percebemos outros conteúdos relevantes para nossa análise. Vimos que, a partir do tratamento médico, da interação social com outras pessoas que estavam vivendo o mesmo drama nos corredores dos hospitais e da participação nas ONGS, onde recebiam tratamento psicológico, dentre outras coisas, as pessoas iam se fortalecendo e passavam a dar inicio a um novo repensar de vida. Começavam a fazer, ou a dar continuação aos seus projetos pessoais. Sua dimensão identitária se fortalecia e voltavam a retomar suas atividades. Na conclusão da nossa pesquisa observamos que a identidade das pessoas não se redefinia mais em função de um “eu ideal” (de que trata Lasch) (ano), mas num “ideal de eu”, um eu mínimo, que os levava a pensar a vida numa perspectiva de mínima sobrevivência. Isto acontecia a partir de negociações com o tratamento que lhes possibilitasse darem conta de algum projeto que estava em andamento em suas vidas, e também uma negociação com o próprio HIV, para que os deixasse ir mais longe para terminar de criar filhos, vê-los se formarem, terminarem de construir uma casinha e outras coisas mais.
Estas são algumas das variáveis que ficaram em aberto no mestrado e que consideramos pertinente retomar para aprofundamento em uma pesquisa de doutorado. Entendemos ser essencial fazer um resgate das mesmas com um enfoque teórico, até porque houve uma evolução imensa no trato da questão global da AIDS, mudanças de naturezas diferenciadas que estão sendo processadas a cada dia, já que nós temos hoje pessoas vivendo com vinte anos de infecção de HIV+.
Das variáveis, consideradas significativas para serem retomadas para pesquisar no curso de doutoramento estão: a) a busca das identidades já redefinidas por um espaço de representação, o espaço onde essas identidades possam atuar na reivindicação dos seus direitos sociais; b) a questão de gênero, tomando como referência de análise as relações de consangüinidade e aliança, observando-se o papel do homem no trato com a mulher infectada por ele, mas cuja família discorda e não assume a responsabilidade de cuidar dele, ficando essa tarefa para a mulher; e, por outro lado, a família dessa mulher também não assume o papel de cuidar dela, porque ela está cuidando do marido que a infectou. Nesse sentido é fundamental que essa mulher busque fazer articulações com os fóruns femininos e as ONGS para ter apoio nessa situação. (c) a negação de pessoas infectadas com o vírus HIV/AIDS de que sofrem estigma e exclusão no processo de tratamento a partir da relação entre o médico e o paciente. Essa variável foi explicada na pesquisa e justificada pelo fato de o médico aparecer perante o paciente representando o poder simbólico para a cura, trazendo a saúde e afastando a idéia da morte iminente.

2. definição do problema

O problema que vamos estudar trata essencialmente de como a sociedade civil, afetada pelo vírus da AIDS, consciente de seus direitos de cidadania se organizou e reivindicou do estado brasileiro o reconhecesse da existência da epidemia da AIDS como um fenômeno de complexa gravidade, que em função disso estava pondo em situação de risco de vida as pessoas daquele país, o que era da sua inteira obrigação que fossem gestadas políticas públicas de saúde para enfrentamento da situação naquele momento em pauta. ao longo do tempo, viu-se a necessidade de que as identidades coletivas que estavam soropositivas para o vírus HIV/AIDS precisavam tomar uma iniciativa e se unir enquanto movimento social, para numa articulação coletiva com outras representações sociais, estruturar o um território político institucionalizado, onde essa coletividade pudesse a partir do reconhecimento do seu território de representação pela esfera pública e esfera federal, exercer as ações de prática política e a cidadania ativa democrática ir fortalecendo o meio social da epidemia da AIDS.
o projeto significava essencialmente que questões relacionadas à assistência, prevenção, tratamentos de doenças oportunistas e efeitos colaterais de medicamentos fossem assumidos pelo estado brasileiro. Incluíam-se também no projeto as ações de advocacia para a garantia de direitos de cidadania ativa, liberdade de expressão, tratamentos de saúde para reparar efeitos colaterais da combinação de medicamentos, efetivação de ações sociais e culturais para a erradicação da descriminação e do preconceito, entre outras conseqüências, e fosse veiculado de modo a tornar possível a qualquer pessoa HIV+ ou doente de AIDS transitar socialmente com dignidade.
Desde o surgimento da epidemia da AIDS no Brasil, sendo os primeiros casos notificados na região sudeste, onde o estado de são Paulo liderava o índice de pessoas infectadas, foram organizados movimentos sociais de grupos de ajuda mútua para se fortalecerem emocionalmente e buscarem, junto aos órgãos governamentais da saúde, políticas públicas de assistência que os favorecessem na melhora da sua saúde e na qualidade de vida. a junção desses grupos permitiu a criação de uma ética do sigilo e do respeito mútuo do que era discutido e tratado entre eles, fundamental para se poder participar dos encontros de discussão das estratégias que seriam tomadas em direção à busca dos interesses coletivos. Deste modo, foi dado início no meio social da AIDS uma aproximação íntima e de muita cooperação entre as pessoas soropositivas que começou a se expandir envolvendo também outras pessoas que não estavam infectadas, mas que se sensibilizavam para atuar junto a elas fazendo as intermediações para que houvesse o seu aceite social. Esse movimento ganhou espaço na mídia e aos poucos as pessoas foram sendo chamadas para participar de debates, darem entrevista na imprensa escrita, etc., todavia elas nem sempre aceitavam esses convites em função do preconceito e discriminação que poderiam sofrer, bem como porque, em muitos casos, as próprias famílias não tinham ainda conhecimento de que elas estavam infectadas com o vírus HIV+.
As categorias que formavam esses grupos eram: homens de orientação homossexual, profissionais do sexo, masculino e feminino, usuários de drogas ilícitas, o movimento feminista a partir do fórum de mulheres, que milita pelas questões de gênero, e as pessoas que conviviam com a questão da AIDS por ter alguém do seu grupo de pertença, ou de amizades, que era soropositivo. Tais categorias já haviam criado seus espaços de representação; porém, o ato de agregação com pessoas do HIV+ fez uma grande diferença, porque representou um somatório de esforços humanos. Essa iniciativa foi de singular valor para fazer com que nascesse o movimento social da AIDS no Brasil.
Com o passar da primeira década da AIDS muitas coisas já haviam acontecido em beneficio das pessoas infectadas. As ONG’s de AIDS já haviam sido estabelecidas e passaram a conduzir os processos de ajuda mútua, tratamento psicológico, parcerias com hospitais de referência, visitas aos familiares que sabiam e queriam ajudar, elaboração de projetos para captação de recursos para manter as atividades planejadas, e muitos outros mecanismos de intervenção junto aos governos e às agências de cooperação internacional. é importante ter em mente que o desenho inicial dos padrões de mobilização da sociedade civil de respostas à AIDS foram determinados pela conjuntura de intensa mobilização do contexto da democratização. os embates entre ONG e o governo federal predominaram durante o período Sarney (1986–1990) até o final do governo Collor, em 1992. Analisando o papel político das organizações não-governamentais de prevenção da AIDS e sua relação com o estado, percebemos que havia certo uso estratégico da pressão exercida pelas ONG por parte dos setores governamentais: no caso da ABIA e de outras ong-aids que mantêm uma relação de pressão sobre o governo, o acompanhamento que elas fazem é essencial para a aplicação dos programas. É necessário, ainda, assinalar dois aspectos relacionados à construção de respostas à AIDS no Brasil onde a presença das ONG’s foi afetada ou teve importante papel: o financiamento do banco mundial dispensado ao governo brasileiro, em 1992/1993, e a concessão de acesso gratuito e universal, na rede pública da saúde aos medicamentos anti-retrovirais, em 1996. O financiamento do banco mundial concedido ao Brasil para o controle da epidemia representou, segundo documentos do próprio banco, transformar o Brasil em um test case de políticas da instituição para a área de saúde e especificamente para a AIDS.
o montante dos recursos e o fato de que o projeto foi a principal fonte de investimentos do país para controlar a epidemia tornaram o empréstimo um ponto de inflexão na trajetória das políticas para a AIDS. Analistas observam que a partir do processo de negociação do empréstimo, o governo brasileiro elaborou o projeto de controle de AIDS e DST (ou AIDS i), que representou um divisor de águas nas políticas tanto governamentais quanto comunitárias de saúde relacionadas à gestão da epidemia (Galvão, 2000). Isto porque um item importante da negociação do empréstimo, vital para a centralidade das ONGS no contexto político das ações de prevenção e tratamento, foi a exigência do envolvimento dessas entidades, especialmente por serem vistas como mais eficientes para atingir os mais pobres e os mais resistentes, como homossexuais, usuários de drogas e profissionais do sexo (Galvão, 2000). Alguns autores, a propósito do papel que as agências multilaterais atribuíram às ONGS, chamaram a atenção para o fato de que elas têm sido conceituadas como atores de desenvolvimento e não tanto como fenômenos sociais que devem ser entendidos em relação a um conjunto de outras relações sociais (bebbington, 2002). o fato relevante é que as ONG/AIDS passaram a contar com recursos do programa nacional para desenvolver programas de prevenção e apoio, sendo esta a fonte essencial de sobrevivência de várias entidades, colocando em jogo a autonomia dessas iniciativas, como indicaremos adiante. em relação ao tratamento dos portadores sintomáticos do HIV, contrariando as recomendações não só do banco mundial, mas da OMS e da OPS de que os países pobres devem investir recursos na prevenção de novos casos, e não no tratamento dos doentes, a partir de 1996 o Brasil passou a dar acesso, de forma gratuita e universal, na rede pública de saúde, aos medicamentos anti-retrovirais, o que Galvão chama de “uma das ações mais espetaculares do programa nacional de AIDS” (2000).
A implementação da lei 9.313, de novembro de 1996, que tornou obrigatório o fornecimento de medicamentos para AIDS, fortaleceu os órgãos públicos perante a sociedade, a mídia e alguns fóruns internacionais, de forma que o país assumiu uma batalha internacional para garantir a continuidade da produção de medicamentos para AIDS. Galvão (2002b) chama a atenção, contudo, para o fato de que esse capítulo, longe de estar encerrado, mantém abertas questões cruciais. Em 2002, mais de 100 mil pessoas recebiam medicamentos para a AIDS, o que representava aproximadamente 10% das pessoas que globalmente recebem medicamentos no país. Acrescente-se a isto que mais da metade dessas pessoas, no estado de são Paulo, estavam desempregadas, em 2001. A articulação desses elementos levanta dúvidas sobre o futuro dessa conquista.
Seja como for, parece não haver dúvida de que, no caso da epidemia de AIDS, as ONGS desempenharam papel importante para o desenvolvimento de políticas de prevenção e assistência. Assim, a presença acentuada da sociedade civil no contexto das respostas à epidemia contribuiu decisivamente para a construção do que alguns analistas chamam a especificidade da história da AIDS brasileira. Também fica claro que essa participação se deu, em grande medida, dentro do paradigma típico das organizações não-governamentais e das características de especialização, competência técnica, profissionalização da militância, tendência à proliferação de iniciativas e de articulações internacionais. Em relação à autonomia diante do estado, a trajetória das ONGS foi marcada por dois momentos distintos. Nos anos 80, de franca oposição. Nos anos 90, predominaram relações de cooperação, inclusive com um trânsito intenso de militantes de ONG passando a gestores de programas governamentais .
Ao longo dessas duas décadas da epidemia, o ativismo da sociedade civil teve papel relevante junto às instâncias governamentais. Estamos falando das pessoas infectadas pelo HIV+ ou já doentes de AIDS, e da contribuição técnica e intelectual de profissionais, especialmente autônomos, professores, psicólogos, sociólogos, que somaram esforças, muitas vezes em força tarefa para capacitar as pessoas de nível intelectual e cultural muito inferior, no sentido de habilitá-los para a compreensão da nova linguagem que a epidemia da AIDS desvelava, de forma que essas pessoas se tornassem capazes de participar de debates, seminários e fóruns acerca dos procedimentos efetuados para educar na compreensão do que é ser uma pessoa soropositiva, ou doente de AIDS. Hoje, fica notório que sem essa força ativista da sociedade civil, unindo as instituições sociais para ajudar no enfrentamento para combater a epidemia, o flagelo causado por ela seria de uma expressão avassaladora, e certamente que os índices de infecção ou morte pela AIDS seriam incomparáveis em relação aos atuais.

4. justificativa

A AIDS se configura como um grande flagrante na sociedade contemporânea. O seu surgimento ilumina situações polêmicas de diversos teores que explicam os modos organizativos de vida social e cultural das pessoas. Surgindo em um tempo histórico em que muitas das grandes epidemias foram dadas como erradicadas, a epidemia da AIDS deixou as sociedades globais em estado de perplexidade, atingindo as rotinas de instituições sociais, a exemplo da família, religião, ciência médica, o mundo do trabalho, indo além delas. O ponto fulcral da epidemia se estabelece nos danos que o agente etiológico do vírus HIV causa no ser humano destruindo seu sistema imunológico e, pela falta de um tratamento eficaz para combatê-lo, termina por levar as pessoas a desenvolverem doenças oportunistas que terminam por levá-las a óbito.
Já se passaram mais de duas décadas dessa epidemia e ainda vemos populações desarticuladas com o saber acerca dela, do seu surgimento, dos modos como se pega e o que deve ser feito para não se infectar com AIDS.
Em rápidas pinceladas, pode-se dizer que as primeiras notícias sobre o surgimento do fenômeno da AIDS chegaram dos estados unidos da América no inicio da década de 80, especificamente em 1981, através do CDC (Center For Disease), órgão norte americano governamental. As noticias davam conta de que nos hospitais do estado da Califórnia, estavam sendo atestados casos de uma doença desconhecida e muito estranha e não conhecida pela medicina.
A epidemia estabeleceu entre a população um ritmo de crescimento surpreendente, causando perplexidade nas pessoas e desafiando a medicina, por desconhecer a sua etiologia. a medicina, que tem seu trajeto histórico marcado pelos desafios de descobrir, diagnosticar e tratar as grandes doenças bastante complexas como a: peste negra, a gripe espanhola, a tuberculose, entre outras mais, se viu novamente às voltas com uma doença que sinalizava ser um fenômeno que não prometia fácil solução. os esforços foram inéditos no sentido de dar início, e com muita rapidez, na busca de respostas para o enfrentamento da doença, de modo que num espaço de tempo muito curto, menos de três anos, ela foi identificada e notificada para todo o globo. Numa cronologia de: 1981-1983, o agente vetor foi isolado pela primeira vez; em 1984, foi feita a demonstração do agente da AIDS, aceita pela comunidade cientifica. A conclusão a que a medicina chegou e que voga até os dias atuais foi a de que a AIDS é uma doença de origem viral e que a sua gravidade está no fato de o agente infeccioso ser um retrovirus que afeta, sobretudo, as células do sistema de defesa do organismo .
Em resumo, pode-se dizer que a epidemia da AIDS é uma doença nova, reconhecida como um fenômeno social no campo da saúde, diagnosticada no começo da década de 80 pelos franceses e norte americanos. É uma doença que afeta e faz adoecer o sistema imunitário, resultante da infecção por um vírus que é transmissível em circunstâncias determinadas pela troca íntima de fluídos do corpo. Essa troca pode se dar através das relações sexuais, transfusão de sangue (hoje quase erradicado), no parto, na amamentação, ou, acidentalmente, por ocasião de ferimentos com objetos perfuro cortante .
A experiência da AIDS impactou sobremaneira o globo. Houve um grande reboliço no meio da medicina e também de algumas instituições, como a família e o trabalho após o descobrimento da sua etiologia. Do modo como a mídia notificou a morte de determinadas pessoas, todas de classe social abastada, e também pelo fato de que as pessoas que estavam indo a óbito pela AIDS eram homens de orientação homossexual, a mídia notificou a doença como uma doença dos gays, e assim a mesma foi denominada como “peste gay”. Daí deu-se inicio ao preconceito e à discriminação, até mesmo no meio médico, o que causou algumas complicações na relação médico-paciente, visto que os eles não queriam atender pacientes infectados, ou que haviam morrido com a doença. Criou-se ai o imaginário social da AIDS: é uma doença que mata quem se aproximar de uma pessoa infectada. Esse aspecto do preconceito e da descriminação tem sido algo bastante complicado na questão da AIDS. ao serem descobertas como pacientes soropositiva ou com AIDS, as pessoas poderiam ser demitidas do trabalho, caso fossem descobertas, sofrer uma separação conjugal, ser expulso da família, perder grupos de amigos, dentre outras coisas.
A população afetada pela AIDS, em princípio, era de classe social alta. Eram pessoas que viviam viajando para o exterior e assim possuíam condições de ir buscar tratamento nos estados unidos ou na Europa. Mas, estar infectado com o vírus HIV é uma situação bastante desconfortável visto que essa condição punha a intimidade das pessoas às claras, e porque a mídia a associou-a ao grupo de risco que eram os gays e os profissionais do sexo, masculinos e femininos.
A partir do crescimento dos índices da infecção nos diversos países do globo, as pessoas infectadas começaram a formar grupos para reivindicar das autoridades governamentais e da saúde que fossem criadas políticas públicas para tratamento da epidemia. Segundo Castell, o movimento feminista foi quem deu início aos apoios para as pessoas infectadas, especialmente os gays, que naquela época já eram um movimento estruturado nos países de primeiro mundo. Somando esforços com o movimento feminista e das lésbicas, chegaram também a ter o apoio das mulheres heterossexuais. Na história do movimento gay dos estados unidos está a revolta de stonewaal, ocorrida em Greenwich Village, bairro nobre de Nova Iorque, em 26 de junho de 1969, quando centenas de gays lutaram contra policiais durante três dias em reação a uma incursão violenta no “the stonewall”, um bar gay. o protesto é considerado o ponto de partida do movimento de liberação sexual gay nos estados unidos (castell, 1999, p. 248) .
Em todo o globo começaram a surgir casos de pessoas infectadas com o vírus da AIDS, e não eram apenas os homossexuais, mas também mulheres casadas, profissionais do sexo feminino, e crianças. Pela complexidade do problema, o público que a mídia responsabilizou pela enfermidade, as contradições internas existentes no campo da ciência da medicina (a querela entre França e EUA acerca de quem tinha descoberto o vírus HIV), as questões políticas dos países do primeiro mundo referentes ao neoliberalismo, não deram a atenção que a AIDS estava requerendo. Em princípio, ficou na lei do ”cuide-se quem puder”, e tiver condições. Não havia nenhuma política pública para enfrentar a doença, nem para assistência, nem para a prevenção. Somente depois que a OMS (Organização Mundial de Saúde) começou a tomar a iniciativa de sistematizar formas de conhecer para tratar a epidemia, foi que as coisas mudaram e começaram as providências para tratar a epidemia.
A relevância desse estudo para nós é bastante significativa, visto que o movimento social da AIDS terminou por fortalecer os outros que já militavam dentro do país, fazendo a união entre a diversidade social dos grupos.
Falar sobre movimentos sociais não é uma tarefa fácil. a variação teórico-conceitual construída para sua análise chega a causar certo constrangimento no imaginário dos estudiosos visto que a compreensão dos modos e processos de criação de uma instância dessa ordem requer que estejam situados na compreensão da sociedade civil e dos seus paradigmas. Isto só acontece a partir das proposições sugeridas para as mudanças sociais nos eixos das políticas sociais, econômicas e culturais que compõem o estrato da sociedade. no estudo dos movimentos sociais são requeridos conhecimentos diversos dos paradigmas que explicam e sustentam o seu eixo teórico. O conjunto paradigmático explicativo da constituição dos movimentos guarda em sua composição vários temas, conceitos, categorias, que não funcionam isoladamente, mas podem ser interpretados de forma que essas interpretações sejam feitas entre uma categoria e outra, e podem ser complementadas por se encontrarem similaridades no seu conteúdo. Partindo dessa premissa, é possível observar a notoriedade dos paradigmas teóricos de um movimento social e como é delicado entrar na sua discussão, sem se ter conhecimento substancioso das analises conceituais, construídas pelos teóricos ao longo dos anos.
No Brasil, não houve muita diferença no trato da questão AIDS. a epidemia foi notificada aqui em 1982 e em pouco tempo já se sabia que havia um número significativo de pessoas infectadas, precisando de assistência e cuidados especiais. o governo brasileiro também não aderiu à questão do trato da doença, pois não a considerava como de sua responsabilidade, mas dos que estavam doentes. a partir dessa situação, foram se organizando os grupos que passaram a discutir a situação e articular ações de intervenção, contando com o apoio das ONGS e outros grupos. Nasceram desta iniciativa as ONGs/AIDS, que começaram a receber as pessoas infectadas para apoio social e psicológico.
Desta forma nasceu o movimento social da AIDS no Brasil, tendo como ações estratégicas principais reivindicar do estado a atenção para o trato da epidemia. Assim deu-se também inicio às ações de ativismo de rua, reivindicações junto ao poder público da saúde por políticas para tratamento, realização de encontros, seminários, congresso de pessoas soropositivas para discutir e propor aos governos as suas necessidades. Criaram-se também a rede nacional de pessoas vivendo com HIV e AIDS que oportunizava encontros para se fortalecerem e enfrentarem sua nova identidade.
O movimento social da AIDS no Brasil veio ao longo dessas duas décadas alcançando cada vez mais força e espaço social para o enfrentamento da AIDS, mas isso ele não conseguiu sozinho. Foi necessário agregar esforços de representação ligados a outros movimentos, como colocados acima. a junção dessas representações fez um somatório que fortaleceu o movimento e que também o beneficia nas reivindicações formalizadas e alcançadas junto ao estado.

5. metodologia

O trabalho terá caráter bibliográfico, ainda que alimentado pela experiência adquirida em pesquisas anteriores, e em pressupostos da nossa dissertação de mestrado.
A fim de direcioná-lo para objetivos mais práticos, tomaremos como hipótese de trabalho a afirmação de que a epidemia da AIDS no Brasil foi parcialmente superada graças às articulações dos vários grupos de participação que funcionaram como movimentos sociais e cobraram do governo federal medidas de solução do problema.




6. objetivos:

6.1 – geral
Determinar os fatores, na sociedade brasileira, nas décadas de 1990 e seguintes, que contribuíram para a solução do grave problema da AIDS.

6.2 – específicos:
1. descrever, do ponto de vista demográfico-social, o problema da AIDS no Brasil, a partir da década de 1990, e a sua gravidade como epidemia.
2. proceder a levantamento dos grupos sociais no cenário nacional que enfrentaram o problema e atuaram como movimentos sociais nas reivindicações junto ao governo federal.
3. analisar a atitude dos governantes brasileiros no enfrentamento ao problema e as medidas tomadas para a sua solução.
4. descrever a situação atual do problema no âmbito nacional e internacional.
5. combater o problema da discriminação e do preconceito contra o indivíduo infectado pela AIDS.
6. sugerir um programa de erradicação definitiva do problema da AIDS na sociedade brasileira.

7. cronograma

no. tarefas 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
1 Elaboração do projeto
2 Pesquisa bibliográfica
3 Sondagens da situação
4 Entrevistas com setores da sociedade
5 Novas pesquisas bibliográficas
6 Redação preliminar do texto
7 Correção do texto
8 Redação final
9 Arte final


8. referências bibliográficas

BIBLIOGRAFIA

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