Com esse Blog objetivamos manter uma interação social agradável com os nossos seguidores a partir de publicações diversificadas e relevantes de fatos sociais ocorridos no cotidiano,e outros temas e assuntos de significado singular e plural, do mundo da vida, dos textos e dos contextos em que surgem e nos envolvem, dando sentido à vida, e ao que ela nos traz.
quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
SEMINÁRIO NACIONAL FEMINISTA
SEMINÁRIO NACIONAL FEMINISTA
APROFUNDANDO O DEBATE SOBRE AIDS –
Ano II
O Seminário Nacional Feminista Aprofundando o Debate sobre AIDS – Ano II foi realizado pelo SOS Corpo Instituto Feminista para Democracia, em parceria com o Grupo de Trabalho em Prevenção PositHIVa(GTP+)/PE , Movimento Nacional de Cidadãs PositHIVa(MNCP-PI) / PI, Coletivo Leila Diniz/RN, nos dias 07 e 08 de outubro de 2011, em Recife/PE. Seu objetivo foi o de contribuir com a elaboração de reflexões críticas sobre as condições de vida, saúde, moradia e trabalho das mulheres e própria vivência da soropositividade para o HIV/AIDS e as respostas de enfrentamento dos vários sujeitos políticos em atuação nos movimentos sociais. Estiveram presentes aproximadamente 160 mulheres que atuam no movimento feminista, movimento de luta contra AIDS e noutros movimentos sociais, ONGs, sindicatos, em espaços gestão pública, profissionais de saúde, professoras, conselhos de políticas públicas, universidades, entre outros.
Durante os dois dias foram aprofundadas reflexões e apontados desafios sobre: corpo, AIDS e os efeitos dos medicamentos; violência contra as mulheres e a feminização da AIDS; AIDS e condições de vida das mulheres: moradia, trabalho e renda; vivencia da AIDS e a organização política das mulheres; relações familiares e epidemia da AIDS: afetos e conflitos. A seguir compartilhamos nossos pensamentos
CORPO, AIDS E OS EFEITOS DOS MEDICAMENTOS
O que pensamos sobre Corpo, AIDS e os Efeitos dos Medicamentos?
Historicamente a mulher sofreu e ainda sofre a opressão da sociedade capitalista, da ciência e da tecnologia sobre o corpo, ou seja, há uma normatização, que se refletem por meio das cobranças, cirurgias e medicamentos. Há uma cobrança da sociedade sobre o corpo da mulher, construindo um padrão de beleza;
No contexto social há uma desigualdade quanto à expressão do corpo masculino e feminino. Esta opressão acarretou o desconhecimento o seu corpo, dificultando assim a prevenção, sobretudo do uso da camisinha feminina. Outra questão bastante importante é que o conhecimento do próprio corpo contribuir para entender os efeitos colaterais dos remédios Anti-Retrovirais;
A Lipodistrofia produzida pelo vírus HIV e ou pelo efeito dos medicamentos trás mudanças no corpo feminino, trazendo assim maior sofrimento para mulheres que vivem com AIDS porque o seu corpo fica fora dos padrões femininos cobrados pela sociedade;
A produção dos medicamentos para AIDS não investe na pesquisa sobre o efeito no corpo feminino. A maioria das mulheres vivendo com AIDS passam pelo sofrimento de transformação do corpo devido aos medicamentos. Os remédios não são adequados as particularidades das mulheres: menstruação, gravidez, amamentação dentre outras. As mulheres são mais afetadas pela diabetes e hepatites C. Quanto aos aspectos ginecológicos, muitas mulheres têm hemorragias, falta de apetite sexual, ressecamento da vagina, dores durante a relação sexual, candidíase, diminuição libido, além de não poder amamentar;
Mesmo com 30 anos da epidemia, ainda é grande o desrespeito do profissional de saúde, em especial médicos/as quanto aos direitos reprodutivos das mulheres com HIV: “você tem AIDS, então porque você quer ter filho?”;
A rejeição das pessoas com HIV ao seu estado sorológico, trás problemas psicológicos, revelando o momento da culpa que gera um bloqueio da sexualidade e que não está relacionado só com o medicamento;
Preconceitos e tabus ainda existentes dificultam a prevenção, contribuindo para o aumento dos casos de AIDS ente mulheres, principalmente entre as jovens;
A cultura do machismo impõe que a relação sexual prazerosa é com penetração, especialmente para mulher. É preciso desconstruir este mito e buscar outras formas de prazer.
A AIDS revela que a prática sexual o ser humano continua privada e vão de encontro as normatizações das formas sexuais padronizadas e legitimada pela sociedade;
Há uma imensa dificuldade de desenvolver ações de luta contra AIDS com comunidades rurais e indígenas, principalmente com as mulheres. As mensagens das campanhas do Ministério da Saúde não alcançam a realidade desses territórios;
Existem duas formas de se ver AIDS, doença e saúde. Uma delas é a fala do profissional e outra é a das pessoas vivendo com HIV. São duas falas diferentes, momentos diferentes. Há uma reclamação dos profissionais pela não adesão, sem saber da realidade dos usuários, como os mesmos vivem, se tem alimentos, como é a relação com a família, os efeitos colaterais e etc. A escuta das/os médicas/os, a autonomia das/os pacientes principalmente, diante do médico/a são as melhores estratégias para a transformação da relação médico e pessoa vivendo com HIV;
A AIDS é uma questão do Estado e não só das pessoas vivendo com HIV;
O uso da camisinha vai além das questões técnicas. Se o só “use a camisinha” funcionassem, todas/os usavam, mas tem as questões do corpo, da subjetividade. Não dá pra pensar em corpo, AIDS e medicamentos sem pensar no sujeito integral.
Quais são os desafios para nós mulheres sobre a questão?
O desafio das mulheres de enfrentar do pertencimento do corpo na sociedade patriarcal capitalista;
A mulher necessita conhecer o seu corpo. Pensar o campo da prevenção é nos desafia ar conhecer nosso próprio corpo;
Construir estratégias para aprofundar o diálogo entre nós mesmas sobre corpo, sexualidade, prazer para desconstruir tabus;
O que mais nos desafia enquanto mulheres é o que está normatizado. O preservativo é importante, mas ainda não foi incorporado para além da prevenção a uma doença e ou a gravidez, não está associado ao prazer, por exemplo. O desafio é discutir sem dizer FAÇA! USE CAMISINHA! Com isso nem sempre nos sentimos estimuladas e ou com desejo de usá-lo, é importante aprofundar debates sobre prevenção entre as mulheres associando: direito, conhecimento do corpo, autonomia, prazer, práticas sexuais, entre outras questões;
Fortalecer a luta por preservativo feminino. O que está disponível em grande número é o masculino, mas muitos homens não querem usar e muitas mulheres vivendo com HIV /AIDS apresentam desconforto por causa do ressecamento da vaginal. A disponibilização da camisinha feminina na rede pública de saúde é mínima.
Influenciar na construção de uma política de Estado que considere as mulheres vivendo com HIV na sua integralidade;
O movimento feminista precisa investir na integralidade das ações que considere as questões como: violência; sexualidade; AIDS e corpo;
Desconstruir a cultura do machismo que impõe regras sobre a sexualidade feminina;
Continuarmos com a luta feminista sobre autonomia do nosso corpo, fortalecendo a ampliação com mulheres das comunidades, universidades, profissionais da saúde e outros segmentos;
Trabalhar a auto-estima das mulheres nas comunidades para que elas possam construir a autonomia sobre si, sobretudo sobre sua saúde, sexualidade, para que possam se prevenir das doenças sexualmente transmissíveis;
Elaborar metodologias que contribuam para a abordagem sobre corpo, medicamentos, AIDS nas comunidades rurais, indígena, entre outras;
É preciso que haja uma troca de conhecimento de experiências entre o profissional da saúde e as pessoas vivendo com HIV, em especial as mulheres, a cerca da realidade das pessoas vivendo com HIV, para encontrar estratégias de adesão ao medicamento, sobretudo compreender a não adesão;
Pautar na luta feminista a questão sobre a pesquisa dos efeitos dos medicamentos no corpo das mulheres;
Priorizar a escuta e respeitar a realidade de nós mulheres como elementos importantes para construção de reflexão e para a ação transformadora;
Construir meios para que nossas reflexões e debate estejam presentes nas ações do Plano de Enfrentamento a Feminização da AIDS;
Produzir materiais de informação que revelam a realidade das mulheres jovens, adultas e idosas.
VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES E A FEMINIZAÇÃO DA AIDS
O que pensamos sobre a violência contra as mulheres e a feminização da AIDS?
A violência contra as mulheres contribui para o aumento da violência contra as mulheres;
A violência contra as mulheres ainda é naturalizada na sociedade;
As ações de enfrentamento a feminização da AIDS são desarticuladas das outras políticas públicas, assim como a violência contra as mulheres;
Apesar da pressão do movimento de mulheres a rede de atendimento é falha na garantia de notificação dos casos de violência contra as mulheres.
Quais são os desafios para nós mulheres sobre a questão?
Aproximar o debate sobre AIDS no cotidiano das mulheres;
Construir ações integradas para o enfrentamento da feminização da AIDS e da Violência contra a mulheres nas áreas da saúde e da educação;
Desafio de desmistificar a naturalização da violência contra mulheres, pautá-la como fruto da subordinação e opressão do sistema patriarcal;
Ampliar e divulgar a rede de atendimento e garantir a notificação dos casos de violência contra mulheres;
Desafio de garantir a efetivação da laicidade do Estado;
Garantir a aplicação da Lei Maria da Penha;
Efetivar ações de cuidado em relação à saúde mental das mulheres vivendo com HIV;
Desafio de pautar a discussão da feminização da AIDS para além da heteronormatividade, assim como garantir a discussão dos direitos sexuais e direitos reprodutivos.
AIDS e condições de vida das mulheres: moradia, trabalho e renda
O QUE PENSAMOS SOBRE A AIDS CONDIÇÕES DE VIDA DAS MULHERES: Moradia, Trabalho e Renda?
A AIDS é um problema social e não apenas de saúde. Debilita o corpo, mas também a vida social das mulheres. Se elas estão em situação de pobreza, a vivencia da soropositividade para HIV/AIDS ainda é mais agravante porque estão com uma doença que carrega estigmas e preconceitos na sociedade, além de estarem sem moradia, sem renda e sem qualificação profissional;
O Programa Minha Casa, Minha Vida insere as trabalhadoras domésticas, trabalhadoras do sexo, moradores/as de rua e pessoas vivendo com HIV/AIDS como um dos públicos prioritários, mas isso não é cumprido na maioria dos Estados. O que vemos é uma grande quantidade de moradoras/es de rua que vivem com HIV/AIDS;
Compreendemos que temos avanços no campo da política de saúde, entre eles: atendimento médico para pessoas que vivem com AIDS, medicamentos (embora por vezes há desabastecimento de alguns remédios), apesar destes avanços faltam básico alimentação, muitas mulheres vivendo com HIV/AIDS passam por dificuldade em relação a adesão ao tratamento porque não tem alimentação básica e ou a recomendada;
A maioria das mulheres vivendo com HIV/AIDS não tem autonomia econômica, são dependentes do companheiro que, por sua vez, muitas vezes não recebem nem eles não chegam a receber um salário mínimo. Quando o mesmo vai a óbito a situação econômica se agrava ainda mais porque o INSS não beneficia que nunca trabalhou. Algumas têm dificuldades e ou incapacitadas de trabalhar, mas as que podem se deparam com o preconceito do mercado trabalho em admitir uma mulher soropositiva para HIV/AIDS;
A trabalhadora doméstica quando se descobre com HIV/AIDS, na maioria das vezes recebe demissão imediata, a maioria das/os empregadores não quer uma mulher com AIDS em sua casa. Algumas vezes as/os advogadas/os solicita à justiça a reintegração no trabalho, o empregador/a paga os benefícios, mas não a aceitou de volta. Outra situação muito frequente é no exame admissional obrigatório, quando descobre que a candidata tem HIV/AIDS ela não é admitida, mesmo sendo contra lei exigir o teste HIV. Mesmo quando passam e ou continuam trabalhar na residência, ficam em ambiente restrito, o que reforça ainda mais o preconceito;
A falta de recurso também dificulta a mobilidade das mulheres, principalmente as com HIV/AIDS que por muitas vezes por falta de recurso financeiro para as passagens não realizam o tratamento médico, por exemplo;
Nos sertões brasileiros não se fala em AIDS, não há divulgação divulgações sobre os serviços, sobre diagnóstico. Esta epidemia não aparece é invisível porque discriminação é muito grande, principalmente nas cidades pequena. A população na maioria das vezes quando ouve falar sobre AIDS é através de ONGs
O desmantelamento da política de assistência social dificulta a garantia do acesso na política de assistência social;
As mulheres são responsabilizadas pelo seu tratamento e ou pela não adesão aos medicamentos, também pelo dos filhos/as. Caso não saia como esperado elas são culpabilizadas, diferentes dos homens a quem não são delegados estas responsabilidades;
A interiorização da epidemia da AIDS já existe a muito tempo, mas o que falta é a execução das políticas públicas localizadas nos municípios do interior;
Há pouco diálogo e articulação política entre a universidade, movimentos sociais e comunidade sobre o enfrentamento a epidemia da AIDS.
Quais os desafios para nós mulheres sobre a questão discutida?
Precisamos focar a feminização da AIDS como uma questão social e não apenas como questão de saúde;
Precisamos incluir em nossas lutas a adesão ao tratamento articulado a exigências de políticas públicas (moradia, trabalho, educação, transporte, entre outras) que estruturem a qualidade de vida das mulheres vivendo com AIDS;
Inclusão do debate articulado com outros movimentos sociais à incidência política a importância das mulheres soropositivas no programa de moradia e do acesso ao passe livre;
Reforçar o debate sobre a epidemia da AIDS entre as mulheres jovens. Pressionar a política de educação;
Desconstruir a cultura machista que contribui para desresponsabilizar os homens da prevenção ao HIV/AIDS;
Fortalecer o debate contra a ilegalidade da exigência do teste HIV para admissão de trabalho e ou concursos públicos principalmente no campo do trabalho;
Realizar audiências públicas com parlamentares para pautar nossas propostas para o enfrentamento a feminização da AIDS;
Construir aproximação do debate sobre a feminização da AIDS com a universidade.
VIVÊNCIA DA AIDS E A ORGANIZAÇÃO POLÍTICA DAS MULHERES.
O QUE PENSAMOS SOBRE A VIVENCIA DA AIDS E A ORGANIZAÇÃO POLÍTICA DAS MULHERES
Nós mulheres somos sujeitos políticos em diferentes espaços políticos e geográficos e este lugar político que hoje ocupamos fora fruto de muita luta, participação e construção política, não foi um lugar “dado”, mas sim conquistado ao longo das ultimas décadas, enfocando também os avanços e desafios na luta contra a AIDS neste período;
As questões do HIV/AIDS devem ser pensadas e compreendidas para além do campo da saúde, incluindo reflexões sobre questões sociais, raciais, políticos e culturais que perpassam e encontram-se imbricados a discussão;
A construção de uma identidade mais política e de incidência social nas esferas de lutas por direitos desconstrói o discurso de vitimização;
As sociedades através de suas estruturas racistas, classistas, patriarcais e excludentes geram isolamento social e preconceitos fazendo com que o HIV/AIDS tenha raça, classe, gênero no Brasil;
Compreendemos como avanço a Política Nacional de Enfrentamento a Feminilização da AIDS;
Quais os desafios para nós mulheres sobre a questão discutida?
Processo de Formação Política das Mulheres englobando três esferas centrais: informação, conhecimento e empoderamento;
Enfrentar as novas configurações da epidemia no que tange principalmente as mulheres casadas;
Pautar as lutas junto a outros movimentos sociais e redes;
Respeitar as pessoas que não desejam falar publicamente que são portadoras do vírus, mas entendendo que a visibilidade política e social é fundamental para o processo de luta por direitos;
Discutir uma formação profissional pautada nos direitos humanos, que ampliem concepções para atender/acolher de forma humanizada e ética questões como aborto, HIV/AIDS, Homoafetividade, Sexualidade, Maternidade entre outros;
Pautar a Criação de Lei contra o desacato do usuários/as do SUS, assim como cobrar atendimentos e posturas éticas no atendimento em saúde fortalecendo dispositivos de punição para profissionais com posturas antiéticas que amparem os direitos dos usuários/as.
RELAÇÕES FAMILIARES E EPIDEMIA DA AIDS – AFETOS E CONFLITOS
O que pensamos sobre Relações Familiares e Epidemia da AIDS: afetos e conflitos?
A família ainda vista como lugar do privado e pouco dito, sem a concepção de que o privado é político;
Pobreza, classe social e raça são elementos fundamentais para enxergar o avanço da epidemia da AIDS.
A família é espaço para trabalhar tudo, inclusive o cuidado, mas muitas mulheres têm vergonha de expor sua sorologia para família, por medo, preconceito, discriminação e desconhecimento. Por exemplo, medo de contar que vive com AIDS para pai e mãe e ser colocada para fora;
Na família o campo do afeto ainda é muito da maternagem, há muitos conflitos com a figura e papel dos pais;
A vivencia da AIDS é revelada, na maioria das vezes, por pessoas de maior afeto;
Há muitas relações de opressão dentro de casa. A Participação em grupos oportuniza mudança na dinâmica familiar;
Há Relações de opressão dentro de casa. A violência familiar, a maioria das vezes, é praticada por todos e todas. É necessário rever as relações com o mundo;
Homossexualidade vista como falha da família;
A descoberta da soropositividade para HIV, trás a necessidade de maior apoio, mas muitas vezes os amigos/as se afastam. Aumenta a vontade de viver, principalmente por causa das/os filhas/os.
OS DESAFIOS PARA NÓS MULHERES SOBRE AS QUESTÕES DISCUTIDAS?
Trabalhar em nossos estados a influencia nas políticas públicas voltadas para a saúde da mulher, criando mecanismos para que essas políticas sejam implementadas, fiscalizando os órgãos responsáveis;
Um grande desafio é trabalhar a família como suporte, além de questões sobre: medo da morte, violação de direitos, nos serviços, especialmente os de saúde, falha médica nas orientações, especialmente às mulheres;
É necessário pautar epidemia da AIDS como assunto das donas de casa;
Orientar crianças e adolescentes para a prevenção;
Políticas de financiamento e doação;
Lutar por direitos, por ARV, por medicamentos para infecções oportunistas, por exames, por benefícios;
Fortalecer o Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas;
Diminuir a hipocrisia de frentes que só querem visibilidade e poucos fazem pelas pessoas com AIDS, principalmente pelas mulheres;
Acesso aos direitos e exercício da cidadania;
Os movimentos sociais precisam traçar estratégias de aproximação de agendas para fortalecer pautas;O movimento de luta contra AIDS transita e precisa transitar em todos os campos.
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Relatório feito por Simone Freitas, da ONG SOS Corpo e Coordenadora do
Seminário.
Nós participamos do mesmo como Assessoria técnica do Grupo ASQV.
Miriam Fialho
quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
VII FORUM UNGASS
Carta Política do VII FORUM UNGASS AIDS BRASIL
Recife – Pernambuco, 2011
Realizado nos dias 23 e 24 de outubro de 2011 com a participação de 84 representantes de Redes de Pessoas Vivendo com HIV e AIDS, Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas, Rede Nacional de Jovens Vivendo com HIV e AIDS, Organizações LGBT, Parceria Brasileira Contra Tuberculose, Observatório Latino de Tuberculose, ONG/AIDS, Fóruns de ONG/AIDS e Rede GAPAS Brasil o VII Fórum UNGASS AIDS Brasil propiciou um importante momento de reflexão sobre os contextos global, regional e nacional de respostas ao HIV e à AIDS, explorando um maior diálogo entre estes níveis que, apesar de diversos, apresentam importantes pontos de convergência.
Os desafios globais e regionais, dez anos após a Declaração de Compromissos para superar a AIDS firmada nas Nações Unidas em 2001, estão mais complexos e a epidemia segue impulsionada por uma combinação explosiva de iniqüidades sócio-econômicas, violência de gênero e recorrentes violações dos Direitos Humanos, especialmente dos direitos sexuais. A situação atual, porém, é muito mais adversa, e as metas da recém-aprovada Declaração 2011 “Intensificar os Esforços para Eliminar a AIDS”, demandam acompanhamento técnico e político mais constante, uma vez que enfrentar o HIV e AIDS não é mais uma prioridade para os governos, agências de cooperação[1] e, claramente, não ocupa mais lugar na agenda de prioridades do governo brasileiro.
Diante de tal cenário, identificamos como maior desafio garantir as condições para o fortalecimento das organizações do Movimento Nacional de Luta Contra a AIDS para que possamos atuar local e globalmente com estrutura adequada e de forma articulada, influenciando os espaços decisórios das políticas públicas. As diversas vozes deste histórico movimento são cada vez mais necessárias para cobrar de gestores(as) e parlamentares que barrem posições fundamentalistas e cumpram seu papel de defesa de um Estado verdadeiramente laico, impedindo a violação dos direitos sexuais e direitos reprodutivos de todas as pessoas, particularmente gays e meninas jovens; punindo a perseguição e morte de transexuais e travestis, profissionais do sexo e defensores(as) de direitos humanos e apoiando as organizações sociais que, legitimamente, defendem a agenda de um desenvolvimento humano sustentável. O fortalecimento de um Estado laico e equitativo é vital para banir a cultura de discriminação e preconceito contra a população LGBT, contra as pessoas pobres e as pessoas negras no Brasil, especialmente se estas também vivem com HIV e AIDS.
Outro grande desafio a ser superado na agenda global/regional para a saúde pública é que a epidemia de AIDS ocorre num contexto de privatização de outras áreas estratégicas como educação, produção de energia, transporte, comunicação e segurança: a disputa entre os bens públicos e privados está no centro das questões que demandam urgente atenção – exemplo recente é o Decreto nº 7.508 (22/06/2011)[2], que fere os princípios da integralidade, universalidade, igualdade do SUS.
Diante de um contexto grave e de grandes mudanças na geopolítica mundial, nos preocupa ainda que os interesses de alguns poucos países e das corporações de comércio estejam enfraquecendo as legítimas instâncias multilaterais e forçando o retrocesso de direitos já conquistados, apoiados por culturas políticas ainda baseadas em relações que buscam vantagens financeiras, pessoais e partidárias e que, invariavelmente, resultam em alto nível de corrupção. Assim, avaliamos que o governo brasileiro deva continuar e fortalecer seu papel atuante na defesa da saúde global, garantindo, por exemplo transparência e participação social na atual reforma da Organização Mundial de Saúde.
Nacionalmente nos preocupa também a debilidade das ainda poucas políticas inter-setoriais e a grande dificuldade em implementar sistemas de informação articulados, que garantam a qualidade do monitoramento e avaliação dos serviços e políticas de saúde. Finalmente, nos inquieta observar a grande crise de liderança nas esferas governamentais global e localmente – é fato que no Brasil muitos gestores(as) ainda carecem de capacidade técnica e habilidade política para erradicar a AIDS, o que demanda urgente atenção por parte do Ministério da Saúde.
Portanto, é num contexto de múltiplos desafios que reafirmamos:
• Que as intervenções para superar o HIV e AIDS devem basear-se na compreensão de que saúde pública é um direito humano, e que os serviços públicos devem ser, ao mesmo tempo de qualidade e efetivos. Para que isso ocorra é fundamental garantir estratégias inovadoras, com ações multisetoriais, fortalecer o controle social e, de maneira urgente, garantir a efetividade das estruturas de controle institucional já previstas na Constituição Federal.
• A defesa da garantia da eficácia plena e responsabilidade administrativa na gestão pública das políticas sociais, garantindo que os instrumentos de proteção social – principalmente nos campos da saúde, direitos humanos e desenvolvimento– não sejam tratados como bens de consumo privado, aos quais poucos acessam.
• Que o avanço da agenda de direitos humanos para responder à AIDS no Brasil está diretamente relacionado a processos decisórios criados a partir da construção coletiva, de forma transparente e com a participação efetiva do movimento de luta contra a AIDS no desenho, alocação de recursos, monitoramento e avaliação das políticas públicas federais, estaduais e municipais.
Assim, solicitamos ao Ministério da Saúde:
• A inclusão de indicadores qualitativos nas estratégicas de monitoramento, coleta de dados e avaliação das ações, programas e serviços de saúde no país;
• Um diagnóstico nacional atualizado sobre a situação das crianças vivendo com o HIV e AIDS – consideramos grave a ausência de dados relevantes sobre esta população que demanda melhores estratégias de acesso e acolhimento;
• A criação de um programa efetivo de Prevenção Posithiva, para melhorar a qualidade de vida das Pessoas Vivendo com HIV e AIDS (PVHA), focado na adesão ao tratamento do HIV e AIDS e da coinfecção pela Tuberculose, com estratégias que garantam às PVHA acesso e acolhimento de qualidade pela rede de apoio;
• Aumento dos esforços para enfrentar a tuberculose, melhorando a prevenção, o diagnóstico precoce e o seu tratamento e integrando os serviços de HIV e TB, de acordo com o Plano Global para deter a TB (2011-2015), com os Objetivos do Milênio e com a Declaração “Intensificar os Esforços para Eliminar a AIDS”, todos ratificados pelo Brasil;
• Maior ênfase na articulação e atenção dos governos estaduais e municipais e maiores recursos destinados ao Plano Nacional de Enfrentamento da Epidemia da AIDS e DST entre Gays, outros Homens que fazem Sexo com Homens e Travestis e o Plano Nacional Integrado de Enfrentamento à Feminização da Epidemia da Aids e outras DST ; assim como o cumprimento da Portaria de Lipodistrofia[3] na sua integralidade;
• Maior investimento nacional em pesquisa e desenvolvimento de produtos e insumos para prevenir, diagnosticar e tratar o HIV e AIDS. Inclusive vacinas terapêuticas para as PVHA;
• Estabelecimento de diálogo e mecanismos transparentes para acompanhar os processos de produção, compra e distribuição de ARV (antiretrovirais), disponibilizando informações detalhadas e atualizadas sobre: a) o cumprimento de entregas por fornecedores e estado dos estoques. b) os critérios de adoção e financiamento de Parcerias Público-Privado, acordos de transferência de tecnologia em negociação para produção nacional de ARV, no âmbito da política que estabelece o Complexo Industrial da Saúde; c) determinantes do preço de ARV, risco de criação de demandas e desabastecimentos decorrentes da criação de monopólio temporário.
• Solicitamos a incorporação[4] e uso das flexibilidades de proteção da saúde publica prevista no acordo TRIPS da OMC que possibilitam a aquisição de medicamentos a preços acessíveis e enfrentem práticas monopolistas das empresas farmacêuticas, incluindo além do uso da licença compulsória, exceção Bolar e outras alternativas, o re-estabelecimento da Anuência Prévia da ANVISA. Ademais, que sejam impedidas a adoção de medidas de tipo TRIPS-plus nas esferas Legislativa, Judiciária e Executivo, mantendo assim coerência com a posição do governo brasileiro que defende em foros internacionais a proteção da saúde publica frente a interesses comerciais.
• Engajamento nos processos e debates para criação de taxas sobre transações financeiras internacionais, atualmente em discussão pelo G20, para que estas sejam também utilizadas para a Saúde;
• Cobrança imediata do Ministério da Saúde e Ministério Público junto a gestores (as) de saúde para alocação e gasto transparente e efetivo dos recursos. Consideramos ato criminoso que R$ 139.000.000,00 (centro e trinta e nove milhões de reais) transferidos pela política de Incentivo Fundo a Fundo a ações de assistência as PVHA e prevenção ao HIV e AIDS estejam parados nos cofres públicos de estados e municípios. Demandamos apuração imediata do caso e punição dos responsáveis.
Solidariamente,
VII Fórum UNGASS-AIDS Brasil
AGÁ & VIDA – AC
Antonio da Silva Morais - Ativista
Articulação AIDS em Pernambuco
Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – ABGLT
Associação Grupo Ipê Amarelo Pela Livre Orientação Sexual – GIAMA
Associação de Luta Pela Vida – RR
Associação Katiró – AM
Cristina Guedes - Ativista
Danielle Neves A. de Almeida - Ativista
Espaço Saúde - SP
Federação dos Bandeirantes do Brasil – RS
Felipe de Almeida Travassos – Ativista
Fórum de Mulheres de Pernambuco
Fórum de ONG/AIDS de São Paulo
Fórum Paranaense de ONG/AIDS
Fórum de ONG/TB/RJ
GAPA/BA
GAPA/PA
GAPA/SP
GAPA/RS
GAPP e HIV e AIDS/MS
GESTOS – Soropositividade, Comunicação e Gênero
GRUPAJUS
Grupo Apoio a Diversidade (GAD)
Grupo Cactos/PE
Grupo de Amigos na Luta Contra SIDA, Pela Qualidade de VIDA – ASQV/PE
Grupo de Resistência Asa Branca
Grupo Pela Vidda/GO
Grupo Pela Vidda/RJ
Grupo Solidariedade É Vida
IBISS
ICW Brasil – Comunidade Internacional de Mulheres Vivendo com HIV e AIDS
Instituto Vida Nova Int. Soc. Ed. E Cidadania – SP
Jerônimo Duarte Ribeiro - Ativista
José Cândido – Ativista
José Costa da Silva - Ativista
José Marcos Oliveira – Rep. do Movimento de AIDS no Conselho Nacional de Saúde
Juliandro César de Lima – Ativista
Lindalva Maria de Lima – Ativista
Lucineide da Silva Santana - Ativista
Maria José da Silva - Ativista
Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas – AL
Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas - Bahia
Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas – CE
Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas - MA
Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas – Nordeste
Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas – Ponta Porã/MS
Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas – Rio Grande do Norte
Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas - Sergipe
Movimento Popular de Saúde de Sergipe
Natasha Dumhom - Ativista
Observatório Tuberculose
Parceria Brasileira de Luta Contra Tuberculose (STOP TB Brasil)
Paulo Roberto Giacomini - Ativista
PROJESP
Rede Latino Americana de Pessoas Vivendo com HIV e AIDS – Brasi
Rede Nacional de Pessoas Trans
Rede Nacional de Jovens Vivendo com HIV e AIDS Brasil
RNP+ Bahia
RNP+ Núcleo Ceará
RNP+ Núcleo Médio Paraíba – RJ
RNP+ Núcleo Mato Grosso do Sul
RNP+ Núcleo Paraná
RNP+ Núcleo Pernambuco
RNP+ Núcleo Rio de Janeiro
Sandra Maria da Silva Beltrão – Ativista
Secretaria Nacional da RNP+ Brasil
Vanderlúcia Torres da Silva – Ativista
Missão Nova Esperança/PB
[1] Em 2010 registrou redução dos recursos aplicados para enfrentar a epidemia globalmente de 10%.Unaids e Kaiser Foundation Reports.
[2] Que regulamenta a lei federal nº 8080/90, a lei do SUS.
[3] Portaria nº 2.582/GM, de 2 de dezembro de 2004, que inclui cirurgias
reparadoras para pacientes portadores de Aids e usuários de Anti retrovirais.
[4] Pelos Supremo Tribunal Federal, Instituto Nacional da Propriedade Industrial, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Ministério da Saúde e Congresso Nacional
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
A QUEM HONRA, HONRA
A quem Honra, Honra
(Ethel Araujo Fialho)
Esta postagem aqui no meu blog é uma homenagem que estou fazendo a minha querida sobrinha Ethel Araujo Fialho, por sua formatura em Medicina pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE - na turma "O AMOR É O QUE NOS FAZ APRENDER A ARTE E FORA DELE NENHUM MÉDICO NASCERÁ" do 2º semestre deste ano.
Aqui eu Parabenizo a você minha querida sobrinha,por todo o seu esforço, sua coragem, sua disposição de desbravar os mundos do saber acadêmico da Ciência da Medicina, se dispondo a conhecer e vivenciar o mundo inusitado do exercício da prática médica, da relação MédicoXPaciente, de se expor as interações sociais e humanas, com os seu colegas de turma, com os seus professores, e os pacientes que lhe foram confiados por seus professores, orientadores nas primeiras experiências nos hospitais e consultórios, quebrando paradigmas, se confrontando com as suas limitações, desvendando os universos simbólicos e imaginários do mundo da SaúdeXDoença, da vida nos quartos dos hospitais, na relação entre os outros profissionais da saúde, como os enfermeiros, e de desejar ardentemente alcançar o tôpo do saber médico, com segurança, determinação e muita competência.
Agora, vocè já está formada, já é médica, e assim, alcançou o intento desejado desde o início do seu curso, e está disponível para continuar na jornada que só terminará quando você resolver aposentar as ferramentas usadas na realização da sua profissão, que ao meu ver irá demorar muito. Até porque, você é ainda muito jovem para já estar começando uma profissão tão dificil e recheiada de contratempos e responsabilidades, como essa que você abraçou: ser médica.
Ao longo do desenvolver dos seus períodos letivos, sempre que pude eu procurei me fazer presente, e a minha curiosidade em ver, em constatar seus avanços e suas investidas nesse universo do saber médico foram aos poucos sendo realizadas, sempre curtindo cada fase, cada experiência que ia adquirindo. Até chegar agora, nessa fase final, que é a primeira das outras tantas que deverão vir, que são todas as especializações necessárias para corroborar defenitivamente sua formação acadêmica: a residência médica, e outras especializações que a deixarão cada vez mais gabaritada para atender os seus pacientes.
Quero que saiba que eu não tenho nenhuma dúvida de que você será uma profissional exemplar, que a sua ação junto aos pacientes que lhe vierem para atendimento médico, será sempre bem sensivel, repleta de amor e cuidados, enquanto pessoa que milita também no cuidado espiritual, com muita fé e certeza do amor de Deus por cada um dos Seus filhos aqui nesse mundo.
Assim, minha querida, deixo registrado nesse blog, para que todos os que passarem por aqui possam conhecer um pouquinho da sua história, do quanto essa sua vitória na vida profissional deixa a mim e a todos os nossos familiares: Mãe e Pai, irmão, avós,tias e tios, até mesmo 'In Memorian' dos que já partiram e não tiveram tempo de também lhe homenagear por essa maravilhosa ocasião, felizes e gratos ao nosso Deus pelo seu desempenho e sucesso alcançados.
Parabéns querida Ethel, que Deus seja seu guia por excelência e que em todos os anos da sua existência você tenha sempre muito presente em sua vida que JESUS CRISTO será seu guia, ajudador e cuidará eternamente de você como SENHOR da sua vida, para honra e Glória do Deus Pai por todos os caminhos que você for percocrrer na sua jornada de médica!
Deixo aqui para sua reflexão esse verscículo:"...Ela invocará o meu nome, e eu a ouvirei; direi: é meu povo, e ela me dirá: O SENHOR é o meu Deus!"
(Zacarias 13:9c)
Deus a abençoe!
Sua tia Miriam Fialho
Página do Convite de Formatura da Ethel.
1- “Nem olhos viram,
Nem ouvidos ouviram o que Deus preparou para nós: um futuro certo, cheio de esperança e paz, muita paz! Quero viver Teus sonhos, Teus planos, tudo o que por mim conquistaste na cruz, a Tua vontade é o meu prazer! Sem Ti nada posso, opera em mim o Teu poder, vê o fruto do Teu penoso trabalho. Alegra-Te sobre mim! É tão bom sonhar Teus sonhos, é tão bom viver Teus planos e conhecer a graça de pertencer a Ti, Deus fiel! É tão bom fechar meus olhos e contemplar com minha fé todas as Tuas palavras, Tuas promessas pra mim, Deus fiel! - Trecho da canção Deus Fiel (Ministério Diante do Trono).”
Jesus Cristo é o Senhor. Ele nos ama tanto, que respeita nossas escolhas, nosso momento. A nada Ele nos obriga, mas deseja relacionar-se conosco e que desejemos o mesmo. Foi assim que Ele me cativou, gentilmente, revelando quem Ele é, o que fez por mim e para quê tinha me criado: para uma vida plena, cheia de Seus propósitos. Mostraram-me tudo especialmente através das Sagradas Escrituras, mas, quando? Em 2006, o mesmo ano em que entrei na faculdade, foi também o início de minha nova vida. Glória a Deus por ter me amado e escolhido primeiro, por ter pago o mais alto preço por mim (e por você!), por permitir novas experiências e me ensinar através delas! Não, não errei o texto, sei que estou na entrada do meu convite de formatura, ela que é mais uma razão de louvor ao Criador. Estou muito contente por concluir essa fase árdua, um sonho realizado. Tenho aprendido a lidar com situações que turvam a integridade e dignidade humanas, a tirar de cena a sujeira, os odores, as circunstâncias, alguns sentimentos e preconceitos e ver uma vida, uma pessoa que precisa de ajuda para agarrar o fio de vida que lhe resta, um ser tão importante, digno e único como eu mesma, que merece ser simplesmente amado. Tenho tido a honra de crescer servindo, como um instrumento para resgatar alguns de empecilhos que os impedem de ver quem realmente são, em nome do mesmo amor que me alcançou. É com a ajuda de muitos amados que cheguei até aqui, para iniciar uma nova e desafiadora etapa profissional, para a qual venho diligentemente me preparando. Estou cheia de idéias para pôr em prática, novos sonhos de prosseguir cuidando de vidas, tanto quanto tenho sido bem cuidada por Deus e por tantas pessoas benditas! No entanto, mais emocionante e gratificante do que tudo o que passei e que está por vir, é perceber a fidelidade do meu Deus me fortalecendo e abençoando em cada instante, nas pequenas e grandes coisas. Desde o início dessa jornada, Ele me fez ver que nenhum dos meus receios ou dúvidas podem se comparar à Sua grandeza, verdade e justiça. Tudo o que tem me concedido se deve a Sua maravilhosa e eterna graça. Junte-se a mim para festejarmos mais este presente de Deus em minha vida!
“[Disse Jesus:] Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.” João 15.5
A Deus seja a glória."
(Texto escrito por Ethel Araujo Fialho)
2- HOJE É O TEMPO
Queridos colegas, familiares e amigos, há uma canção que diz: “Hoje é um tempo de festa, hoje é um tempo de louvor pra celebrar aquele que primeiro nos amou”. Esse é o tempo de lembrarmos-nos do Criador por tudo o que vivemos. No início dessa jornada éramos só expectativa. Em meio à alegria e disposição nos perguntávamos: “Estes seis anos valerão à pena?”, “Esta profissão vale tanto quanto dizem?”, “Irei me sair bem na universidade?”. Nos momentos de dificuldade e abdicação éramos tomados por dúvidas. Quantos não se perguntaram: “Por que justo eu inventei de ser médico?” Alunos de qualquer outro curso pareciam ser mais sensatos. Mas os medos e inquietações se dissolveram. O que parecia vago, hoje é claro. Somos alvo do amor e propósito de Deus. No capítulo 4 da primeira carta de João lemos que “No amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor”. Deus tem cumprido suas promessas e planos para cada um de nós. O Senhor nos concedeu a honra, privilégio e coragem de ajudar as pessoas todos os dias, abençoá-las com respostas, carinho e atenção. Confortá-las quando lhes falta esperança. Nada é vão no Senhor. Ele nos deu um ofício digno, que nos trará satisfação e um legado, se o praticarmos com humildade, com integridade e paixão. Neste dia especial, neste momento de tanta alegria, tudo o que queremos é nos espelhar naquele que vive e reina, Jesus Cristo, o autor da vida e o melhor médico que existe. Queremos render a Ele toda glória, honra e louvor. Queremos expressar toda a nossa gratidão e confiança nele, porque até aqui nos ajudou e, sem Ele, nada podemos fazer. Desejo nesta noite que todos os corações estejam completamente abertos ao Senhor Jesus. Somente assim poderemos perceber quão belo e grande é o amor de Deus por nós e termos a certeza de Sua direção nos próximos desafios que nos aguardam. Amém.
Referências Bíblicas:
I João 4.18-19 / I Coríntios 15.58 / I Samuel 7.12 / João 15.5
(Texto escrito e apresentado no Culto Ecumênico em Ações de Graça
por Ethel Araujo Fialho)
3- Aos Pacientes
Pacientemente esperou o transporte, o momento, a condição
Numa fila gigante da fria madrugada conquistou a marcação
E somente um mês após a primavera e o verão
Chegou o esperado dia da consulta, que emoção!
A ansiedade já deu lugar à resignação
O chá do mato forte abrandou a inchação
Depois de muita espera no meio do povão
Era, enfim, chegada a derradeira data da solução;
Cada gota de suor valeu à pena, cada tostão
Porque não apenas um, mas doutores de montão
Queriam tudo ouvir e prestavam muita atenção
Apesar daquela lágrima que correu na contramão;
Falou a seu modo da sua situação
Além de subsídio para o aprendizado, nos deu a perfeita e indispensável noção
De que muito além da ciência e medicação
Merece todo o nosso interesse e dedicação;
Paciente, perdoa-nos se usamos do teu corpo, do teu adoecer
Do teu sofrer, padecer e até mesmo morrer
Algumas vezes sem nos lembrar de agradecer
De nos apresentar ou pedir teu conceder;
Recebe então nosso carinho, sorriso e aperto de mão
Teus são nossos ouvidos, conselhos e compreensão
Tanto nos ensinaste com o teu simples viver
Sendo razão e alegria de nosso proceder;
Como um espelho, nos mostra nosso próprio ser
Nos faz perpetuar esta filosofia do cuidado e crescer
Nos leva a amar, zelar e conhecer
O privilégio de te sentir, ouvir, percutir, ver;
Paciente, obrigado por nesses seis anos te assistir
E agora, enfim, profissionalmente te servir
Retribuímos todo o teu esforço, paciência e doação
Com nosso constante zelo, respeito e gratidão.
(ETHEL ARAUJO FIALHO)
(Texto publicado no Convita de Formatura - Homenagem)
____________________________
Consideraçoes:
Os textos postados acima, inclusive a poesia 'Ao Paciente', são produção da nossa qeurida Ethel. Enquanto formanda ela foi participante ativa na elaboração das atividades da formatura. No texto 1, ela faz uma reflexão sobre Jesus Cristo e a presença deste na sua vida em todo o período em que esteve estudando; o texto 2 é uma reflexão feita por ela no Culto Ecumênico de Ação de Graças; e o 3 é uma espécie de Tributo que ela faz ao paciente, enaltecendo o papel desse enquanto alguém que coloborou com ela e seus colegas de curso, quando eles confiando neles se deixaram cuidar e até certo ponto serem estudado por eles em suas patologias, quando começaram a fazer os estágios nos hospitais e ambulatórios.
Ethel é uma pessoa de uma sensibilidade aguçada, e é também uma cristã autêntica que tem a sua vida pautada nos princípios evangélicos de amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ela mesma, como está na Bíblia.
Para mim, enquanto tia dessa moça especial e tão dedicada aos estudos, comprometida defenitivamente com a profissão que abraçou, cheia de sonhos e planos é uma alegria sem limites, é indizível e postar essa homenagem para ela aqui me faz muito bem! Poder estar compartilhando desses momentos tão especiais da sua vida querida Ethel me fez muito feliz, me deixou plenamente ciente de que não foi em vão todos os investimentos feitos por sua mãe, seu pai, seu irmão para ajudá-la a alcançar esse degrau tão alto e significativo dando com isso in[icio a sua vida profissional. Então, aqui eu a parabenizo por ter chegado onde já chegou, e realizar os seus objetivos iniciais para uma jornada que por certo será muito longa como, sonhos e própositos de se tornar uma Médica a serviço dos pacientes que a vida irá colocar a sua frente.
Abraço muito carinhoso da sua tia,
Miriam Fialho
sábado, 26 de novembro de 2011
MATURIDADE
MATURIDADE: PESSOAS IDOSAS, PESSOAS FELIZES.
A idade madura é definida como sendo a inserção do indivíduo numa fase vivencial de estabilidade humana na vida social, profissional, intelectual, conjugal e familiar a partir da qual vão se tecendo formas diferenciadas para vivenciar essa estabilidade, apresentada e caracterizada pela maturidade. Tomando como referencial discursivo dessa temática algumas explicações que tratam desse assunto nos espaços da comunicação midiática, quando a maturidade é tratada como “Boa Idade” que trata desse assunto com relevância é possível comprovar que a vida adulta é um período de vivências marcada por várias transições, conotações e transformações relevantes e norteadoras. A vida madura geralmente impõe mudanças substantivas na vida ao longo do tempo de vida que se está vivendo. As várias mudanças ao longo da vida adulta não se limitam unicamente ao nível da cognitividade, mas também na materialidade das práticas existenciais de ser, ter e fazer, o que torna necessário que essa fase seja concebida uma etapa significativa num período evolutivo da vida emocional. A vida adulta é completamente percepcionada como uma fase a partir da qual a pessoa alcança seu estágio maduro tanto de viver a vida, quanto de se relacionar e interagir nos meios sociais onde está inserida. De forma que a maturidade não é um estágio de vida estático, em que as pessoas ficam engessadas e sem iniciativas para operacionalizar suas escolhas e estratégias de viver, e viver bem, mas que vem chegando, muitas vezes até mesmo alheia a percepção e ao querer das pessoas. A maturidade não é algo adquirido mas sim imposto pela vida e sua natureza. O indivíduo alcança a idade adulta, a maturidade, como resultado do processo existencial do ciclo da vida o que se explica pela mudança da faixa etária. Essa mudança se configura em passagens a partir das quais as pessoas vão amadurecendo, e com essa maturidade passam a perceber que não são mais as mesmas de antes e também não se identificam mais com as coisas que na fase mais nova de suas existências tinham outras prioridades. Nessa realidade alguns indicadores são relevantes como intrumentos de análise e confirmação das mudanças existenciais. Dentre eles estão as condições de saúde sob que são postas as pessoas maduras; a aposentadoria do trabalho formal; o papel social na relação de família, e outros. A idade adulta nem sempre é uma confirmação da maturidade pois, temos pessoas jovens mas que já são adultas com o advento da maior idade. A maturidade é diferente. Ela é uma condição humana que se conquista com a aproximação do envelhecimento. E esse envelhecimento não é apenas corpóreo, mas é também mental e emocional, e ele resulta em perdas relevantes, visto que coloca os indivíduos numa condição de disparidade com os outros. Sendo isso um processo natural por ser o resultado da mudança ciclica da vida. Portanto, a maturidade deixa nas pessoas a marca de quem já passou por outras etapas na vida e agora se está passando pela etapa da transposição dos status; jovem, adulto-jovem, meia idade e velhice. Todavia, é significativo referendar que a maturidade tem também seu valor. É o domínio do saber vivido experiencialmente. Mentes saudáveis, porém amadurecidas pela passagem do tempo com aprendizado em nivel de excelência é mesmo o que faz a diferença entre as faixas etárias e concede a pessoa madura uma condição diferenciada no trato com os jovens e na redefinição da sua própria caminhada pela vida que ainda se tem para viver. Nessa posição de pessoa adulta e madura ocorre uma redefinição dos papéis sociais e também outras posturas são observadas e atribuídas. E isso ocorre a partir da fase da senilidade. Então, a maturidade perde a sua expressão.
A vida natural é um ciclo: nascer, crescer, morrer. Dentro desse ciclo, no processo de crescimento nós vamos aos poucos sendo construídos. Passamos por mudanças diversas e em todos os aspectos da nossa vida, tanto no nível orgânico: corpo físico; quanto no emocional: mente sã. Nessa perspectiva a condição existencial humana muda e se transforma em outras prerrogativas e interesses de escolhas para se estabelecer a vida. Portanto, com a mudança da idade que remodelam as interpretações existenciais dos indivíduos maduros e idosos outros saberes são desvelados e novos aprendizados da humanidade são adquiridos. Então, passam a viver cada fase das suas vidas de forma diferenciada e se caracteriza com peculiaridade.
Fazendo uma comparação simples entre duas fazes da personalidade humana: a fase de vida jovem e a idosa ver-se que são totalmente diferenciadas uma da outra, e cada uma a impõe posturas e papéis distintos. Nessa compreensão, chega-se até ao questionamento: Qual é a mais brilhante? Tomando como referência analítica que ser jovem é estar no pódio para tudo; nas possibilidades de que os jovens estão no centro dos interesses contratuais para trabalho e estudo, é favorável reconhecer que a idade preferencial é a jovem. Nesse parecer à idade jovem é a que favorece a todos. Segundo algumas interpretações, que não serão citados aqui no momento, a juventude é a fase dos sonhos mais inusitados que podem existir e por isso ela simboliza a animação para viver e investir; é a fase da virilidade ativa; da alegria inconteste para dar e vender; da descontração e dos desejos mais veementes possíveis. Juventude simboliza a vida ativa. É a fase de investir nos projetos mais mirabolantes possíveis porque ser jovem é ser inventivo e ousado. O espírito de aventura está na cabeça do jovem e ele pode tudo, pois a saúde está com ele, muito embora a realidade esteja o tempo todo dizendo que nem sempre é assim, a sociedade secular insiste em legitimar essa idéia como a essencial quando o assunto é faixa etária.
Quando, a idade avança e se sai desse circuito do ser jovem e se passa para o de ser maduro, idoso, as interpretações e os discursos mudam assumindo outros sentidos e significados. Assim, a vida adulta produz um sujeito que é definido como idoso. Portanto, a perspectiva de um amanhã que já amadureceu e já chegou
à iminência do morrer é a realidade que causa desconforto, instabilidade e insegurança. A visão do futuro é curta e perversa. O aqui e agora; corra porque o tempo urge; faça projetos curtos e bem operacionais passa a ser a melhor estratégia para a idade madura. Todavia, essa é uma forma ideologizada de ver e explicar assa faze da vida madura. Na realidade as coisas não são bem assim e a pessoa idosa não perde a sua capacidade humana de ir mais além mesmo sendo idosa. O idoso é a pessoa que também é inventiva, é sonhadora, ama a vida e quer ir o mais longe que puder, mesmo que em algumas realidades a esperança maior seja a de ver um filho formado, ou a chegada dos netos. O domínio das experiências com o crescimento, rumo à maturidade, é uma ferramenta que o idoso trás na sua bagagem.
A partir das experiências com a maturidade o indivíduo maduro ainda quer ver e viver a vida como algo possível de ser executado. Certamente que aqui algumas questões também se impõem, são relevantes, mas todas podem e devem ser bem respondidas. Qual a estratégia melhor para ser uma pessoa idosa e ser viva, ativa e feliz? O que é preciso fazer para acalentar as esperanças, os sonhos e as utopias, mesmo sendo uma pessoa madura e até ser já aposentada? Idosos ainda têm muitas perspectivas de vida? Ainda podem ter muitas esperanças? Ainda sentem paixão por outra pessoa? Uma pessoa idosa não é a caixinha de “pandora”, cheia de mistérios e causando suspiros de curiosidades. A idade madura é geradora, ou pelo menos deveria ser de muitas surpresas e coisas positivas que se efetivam em um viver com bem estar e sentimentos altruístas e renovadores do corpo da mente.
A maturidade é provocativa e faz nascer nas interioridades um sentimento identitário de paz completa consigo e com o mundo nunca vivido antes e que só é partilhado pelos que estão também vivendo e aprendendo com todos os sentimentos peculiares a maturidade. Certo sentimento de vida interior e exterior muito bem vivida produz um grau de satisfação recompensatório e inédito. Pois, cada atitude, cada iniciativa é sempre muito bem tomada. Cada descoberta é sempre muito bem vinda por ser produto das investigações de mentes experientes, sábias e fronteiriças. São hiper produtivas. Sentimentos de realizações e alegrias povoam o imaginário idoso de forma compensatória e gratificante. A tomada de decisão gera bem estar, alegria e paz. A maturidade gera certeza de etapas cumpridas e bem vividas. De caminhadas longas e construtivas, mesmo que difíceis e dolorosas. Essas etapas ao se cumprirem dão excelentes resultados, e formam o “Portfólio” identificatório do sujeito idoso, maduro,experiente e competente.
Numa abordagem do livro Passagens-crises previsivéis da vida adulta,essa realidade pode ser conferida em profundidade.
A vida é uma instancia máxima onde as pessoas têm todas as oportunidades possíveis e impossíveis de viver e interferir na vida. A passagem dos ciclos é sempre um desvelar dos conteúdos. O confronto com a finitude provoca crises existenciais muito graves e dolorosas, a ponto de causar conflitos sérios e inquietantes. Mas, a vida é uma instancia onde o prazer deve ser desejado e vivido, independente da faixa etária de cada sujeito. O significativo em todas as idades vividas são as certezas de que se investiu bem, e os resultados foram proveitosos. E, a interação humana e social entre cada sujeito e sua idade será apenas a porta para o enriquecimento de cada um, cada qual vivendo os seus contextos e as suas experiências da melhor forma, no melhor tempo e estilo que lhe for possível viver. Chegar à idade madura termina por ser um ajuste de contas. Um ano vivido com descobertas várias, com decisões tomadas e muitas escolhas feitas. Sim, isso é o que há de mais gratificante e especial. É o confronto com as mudanças, com os desencantos de não poder mais sonhar com as borboletas cor de rosa. Mas, é também o saber expressar e viver sentimentos de realização da missão cumprida. Estar convicto de que nada foi por acaso, nada foi em vão e de que todas as decisões tomadas, e investidas feitas é o que pode haver de mais prazeroso e realizador para qualquer ser humano que estiver passando pela experiência da idade madura. No relato a seguir a idade madura, e o significado do ser idoso faz muito sentido. Ser idoso e permanecer sendo uma pessoa jovem espiritualmente, proativa e realizada, rumo ao infinito pode trazer experiências prezerosas.
“Se a força física e os prazeres dos sentidos forem considerados os maiores prazeres da vida, então nos negamos ser, após a juventude, qualquer coisa senão uma maré baixa de experiências. Se não encontramos nada que substitua a acumulação de bens e êxitos, então nos prendemos na armadilha de uma meia-idade cediça e rotineira. No entanto, as alegrias da autodescoberta estão sempre à nossa disposição. Ainda que entes queridos saiam de nossas vidas e entrem nela, a capacidade de amar permanece. E para o espírito libertado dos esforços constantes dos primeiros anos, resta tempo mais tarde para ponderar sem interrupção sobre os mistérios da existência. A coragem de dar novos passos permite-nos abandonar cada estágio com suas satisfações e encontrar as novas respostas que a liberarão a riqueza do estágio seguinte. O poder de animar todas as estações da vida é um poder que vive dentro de nós mesmos” (Gail Sheehy, p 482, 1981).
Certamente que aniversariar na idade adulta é acrescentar mais um ano no calendário da vida e isso pesa muito. Dúvidas e inquietações surgem de montão. Mas, é também o confronto com os avanços na idade e com a fragilização de incrementar ações que ainda estão incompletas nos mundos imaginários e nos universos dos desejos. Porém, é poder ir saindo da condição de mocinho e entrando na condição de idoso, usando os recursos que foram obtidos a partir da maturidade construída. Então, gradualmente, os indivíduos vão se tornando em pessoas maduras e pessoas idosas. Por certo que são experientes, possuem sabedoria, são polidos, sabem ser seletivos e possuem um tipo de beleza que lhes é peculair. Esse é o processo natural da vida. No final de tudo, as faixas etárias coexistem num mesmo espaço social e mesmo que essa coexistência se dê em tempos e formas diversificadas, em função até de ideários de vida antagônicos no universo dos sonhos e dos desejos que são antropologicamente instaurados nas mentes e em padrões e normas difusos, é notório que as experiências da maturidade humana são de valia significativa na interação social das práticas de vidas dos sujeitos. Nesse parecer, as idades diferentes só corroboram para a valorização do status social das identidades maduras.
Portanto,maturidade simboliza um estado natural de ser da pessoa que alcançou a idade adulta. O estado de ser maduro, ou de estar ficando maduro remete a situação de vida na qual a pessoa demonstra postura de vida concatenada com sua intimidade, sua individualidade, suas escolhas e formas de interagir socialmente. A maturidade suscita uma postura de vida coerente a partir da qual as escolhas são feitas e as posições são assumidas com autonomia e independência de fatores externos. Numa interpretação psicológica a resposta cognitiva que é dada pela pessoa madura tem valor fundamental para o reconhecimento próprio e o exercício da maturidade. Equilíbrio emocional é requisito fundante da maturidade. Pessoas que já viveram suas faixas etárias anteriores, passando por todos os percalços que essas idades demandaram, chegam na idade adulta maturadas. Essa maturação é a condição essencial para que se viva os percalços da outra, idade adulta, até a chegada final do período da senilidade, que é a velhice propriamente dita. Dizendo de outro modo, a maturidade estabiliza o sujeito com a sua interioridade e exterioridade dentro da sua faixa etária, dando para ele uma excelente auto-percepção de si mesmo e da caminhada pela vida, em nível do que se fez, e que se deixou de fazer e do tempo restante para realização do que ainda está faltando. Nessa perspectiva o espelho, do qual trata o teórico Lacan, tem uma função extremamente importante e útil, visto que revela ao sujeito sua auto-imagem com todas as suas nuanças e mudanças no organismo. As rugas, as barriguinhas e as pelancas estão nessas nuanças. No espelho, a auto-imagem denuncia, ou pelo menos se espera que denuncie, a idade da pessoa e assim a maturidade é justificada. A maturidade é libertária. Quebra mitos. Impõe mudanças. Redefine valorações. Sugere revoada para outras paragens da vida. Leva aos confrontos existenciais. Força as sensiblidades emocionais. Restaura os afetos. Afrouxa as lágrimas. Fortalece a espiritualidade. Revitaliza o mundo do real. Alarga as fronteiras. A maturidade implica nas mutações. Mas, não apenas nisso. Implica no auto-reconhecimento dessas mutações e como as pessoas podem tirar partido delas para revitalizarem suas vidas saindo em busca de novos achados, novas conquistas e reviver para cada nova experiência que certamente a vida trará para cada pessoa.
Esse texto nasce da minha própria experiência. Trazendo toda essa explicação para minha realidade pessoal de Mulher hoje, eu posso dizer que eu já estou vivendo essa experiência do inicio da minha maturidade agora, e com muita satisfação. Ser Mulher Madura para mim, é muita responsabilidade. Sendo hoje o dia do meu aniversário essa constatação tem um significado brilhante. Penso que o meu estágio de Mulher madura vem como dádiva da vida. Visto que, muitas pessoas passam pela vida sem conseguir perceber suas condições de existência humana. Sem contar que outras não tiveram e outras não terão, oportunidade de completar mais um ano de vida, de se alegrar por ver a data do seu nascimento, de chegar a sua maturidade porque já se foram desta vida para outra. Não importa a idade que se esteja fazendo quando se está bem consigo mesmo. A maturidade será sempre muito bem vinda. Pode ser a idade que for: 50, 60, 70 ou até mais. Em minha opinião e na minha experiência o mais importante é me saber estar sendo honrada pelo Pai Celestial, recebendo das suas mãos tamanha dádiva. Poder me ver, me escutar, me pensar e me conhecer enquanto mulher madura, já depois dos sessenta, me faz feliz, me deixa alegre e humorada. Então, eu posso dizer: eu consegui chagar aonde cheguei e quem mais vai conseguir passar por essa experiência em suas caminhadas?
Aqui, eu só posso dar obrigada a Deus porque Ele está me agraciando com mais essa oportunidade. Completude! Esse é o sentimento que me ocupa hoje.
25 de novembro de 1949 foi um dia que o Senhor fez e nele me trouxe para o mundo. Por isso eu me regozijo e me alegro nele! E então, em agradecimento, eu tomo a liberdade de orar como o salmista: “Ensina-me a contar os meus dias, para que eu possa alcançar coração sábio”. (Salmo 90:12)
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M.FiS - Socióloga
Consultoria Clínica de Projetos e Pesquisas
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
A ARTE DE DAR...
"Na esfera das coisas materiais, dar significa ser rico. Não é rico quem muito tem, mas quem muito dá. O ávaro que ansiosamente receia perder alguma coisa é, psicologicamente falando, o homem pobre, empobrecido, não importa quanto possua. Quem é capaz de dar de si é rico. Põe-se à prova como quem pode conceder de si aos outros. Só quem for privado de tudo quanto vá além das mais simples necessidades da existência será incapaz de gozar o ato de dar coisas materiais. Mas, a experiência diária mostra que aquilo que alguém considera como necessidades mínimas depende tanto de seu caráter quanto de suas posses efetivas. É bem sabido que os pobres são mais inclinados a dar do que os ricos. Não obstante, a pobreza além de certo ponto pode tornar impossível dar, e assim é degradante, não só pelo sofrimento que causa diretamente, mas pelo fato de privar o pobre da alegria de dar.
A mais importante esfera de dar, entretanto, não é a das coisas materiais, mas está no reino especificamente humano. Que dá uma pessoa a outra? Dá de si mesma, do que tem de mais precioso, dá da sua vida. Isto não quer necessáriamente dizer que sacrifique sua vida por outrem, mas que lhe dê daquilo que em si tem de vivo; de-lhe de sua alegria, de seu conheciemnto, de seu humor, de sua tristeza - de todas as expressões e manifestações daquilo que vive em si. Dando assim de sua vida, enriquece a outra pessoa, valoriza-lhe o sentimento de vida da outra pessoa, valoriza-lhe o sentimento de vitalidade ao valorizar o seu próprio sentimento de vitalidade. Não dá a fim de receber; dar é, em si mesmo requintada alegria. Mas, ao dar, não pode deixar de levar alguma coisa à vida da outra pesoa, e isso que é levado à vida reflete-se de volta no doador; ao dar verdadeiramente, não pode deixar de receber o que lhe é dado de retorno. Dar implica fazer da outra pessoa também um doador e ambos compartilham da alegria de haver trazido algo à vida. No ato de dar, algo nasce, e ambas as pessoas envolvidas são gratas pela vida que para ambas nasceu. Com relação ao amor, isso significa que: o amor é uma força que produz amor.
Quase não é nessário acentuar o fato de que a capacidade de dar depende do desenvolvimento do caráter da pessoa. Pressupõe o alcançamento de uma orientação predominantemente produtiva; nessa orientação a pessoa superou a dependência narcisista, o desejo de explorar os outros, ou de amealhar, e adquiriu fé em seus próprios poderes humanos, coragem de confiar em suas forças para atingir seus alvos. No mesmo grau em que faltarem essas qualidades é ela temerosa de dar-se - e, portanto, de amar..."
___________________________________________________________________________________
Texto trancrito do Livro A Arte de Amar.
Páginas: 46 a 48
Autor: Erich Fromm
Editora Itatiaia Limitada, 1986 - Belo Horizonte
Vale a pena conferir, mesmo que a publicação seja antiga. Acho que deve ter uma edição mais atualizada.
A mais importante esfera de dar, entretanto, não é a das coisas materiais, mas está no reino especificamente humano. Que dá uma pessoa a outra? Dá de si mesma, do que tem de mais precioso, dá da sua vida. Isto não quer necessáriamente dizer que sacrifique sua vida por outrem, mas que lhe dê daquilo que em si tem de vivo; de-lhe de sua alegria, de seu conheciemnto, de seu humor, de sua tristeza - de todas as expressões e manifestações daquilo que vive em si. Dando assim de sua vida, enriquece a outra pessoa, valoriza-lhe o sentimento de vida da outra pessoa, valoriza-lhe o sentimento de vitalidade ao valorizar o seu próprio sentimento de vitalidade. Não dá a fim de receber; dar é, em si mesmo requintada alegria. Mas, ao dar, não pode deixar de levar alguma coisa à vida da outra pesoa, e isso que é levado à vida reflete-se de volta no doador; ao dar verdadeiramente, não pode deixar de receber o que lhe é dado de retorno. Dar implica fazer da outra pessoa também um doador e ambos compartilham da alegria de haver trazido algo à vida. No ato de dar, algo nasce, e ambas as pessoas envolvidas são gratas pela vida que para ambas nasceu. Com relação ao amor, isso significa que: o amor é uma força que produz amor.
Quase não é nessário acentuar o fato de que a capacidade de dar depende do desenvolvimento do caráter da pessoa. Pressupõe o alcançamento de uma orientação predominantemente produtiva; nessa orientação a pessoa superou a dependência narcisista, o desejo de explorar os outros, ou de amealhar, e adquiriu fé em seus próprios poderes humanos, coragem de confiar em suas forças para atingir seus alvos. No mesmo grau em que faltarem essas qualidades é ela temerosa de dar-se - e, portanto, de amar..."
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Texto trancrito do Livro A Arte de Amar.
Páginas: 46 a 48
Autor: Erich Fromm
Editora Itatiaia Limitada, 1986 - Belo Horizonte
Vale a pena conferir, mesmo que a publicação seja antiga. Acho que deve ter uma edição mais atualizada.
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
Que Lindo Poema!
BALADA DA CHUVA
A tarde se embaça: - um pingo, outro pingo
respinga um respingo de encontro à vidraça;
um pingo, outro pingo, e a chuva aumentando
e eu nada distingo,- respinga um respingo
tinindo, cantando de encontro à vidraça
A noite esta baça e a chuva enervante
batendo, batendo, constante, cantante
de encontro à vidraça
A terra se alaga o céu se nevoa,
e a chuva é uma vaga fininha, descendo,
parece garoa!
Parece fumaça!
- e as águas subindo e as poças subindo
e a chuva descendo e a chuva não passa!
O dia surgindo, manhã turva e baça.
A chuva fininha miudinha, miudinha,
parece farinha lá fora caindo,
através da vidraça.
A tarde está escura, a noite está baça,
e as brumas de um tédio
de um tédio sem cura
talvez sem remédio
minha alma esfumaça:
- um dia, outro dia e os dias passando
em lenta agonia segunda a domingo;
um pingo, outro pingo, respinga um respingo,
batendo, cantando, mil dedos tocando
de encontro à vidraça...
-que chuva! Que chuva!
e a chuva não passa!
Constante, cantante caindo distante
nas folhas molhadas,
nas poças paradas despidas e nuas,
e murmurejante rolando nas ruas;
-um pingo, outro pingo
na lata cantando goteira se abrindo
pingando, pingando
batendo, batendo
tinindo, tinindo
parece um tinido, de taça com taça,
e a chuva chovendo
e a chuva não passa!
O vento nas folhas de leve perpassa,
e as gotas nos fios rolando, escorrendo
lá fora estou vendo através da vidraça,
- que dias sem alma!
- que noites sem graça!
e a chuva, que calma!
Chovendo, chovendo
não passa! Não passa!
A terra está envolta nas brumas de um véu,
de um véu de viúva que o dia escurece,
e a noite enfumaça.
- E' a chuva que chove, e do alto se solta
descendo, descendo, rolando, escorrendo
nos olhos do céu...
Nos olhos do céu e no olhar da vidraça!
-Que chuva! Que chuva! Parece um dilúvio,
Quem sabe? - parece que a chuva não passa!
(Poema de JG de Araujo Jorge)
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NOTA:
Este é um dos mais belos poemas que eu já conheci. JG de Araújo Jorge é realmente o cara que soube marcar épocas com as suas belezas poéticas!
Este poema "Balada da Chuva" me faz lembrar da minha infância e adolescência, quando na nossa casa, minha dos meus pais e dos meus irmãos, nas tardes bem molhadas e frias de inverno; chuvas pesadas, grossos pingos caindo naquelas tardes solitárias, a água correndo rua abaixo; comendo pipocas e tomando Q-Suco de morango a gente sentava no chão, bem pertinho da Radiola para, com muito silêncio e reverência, todos bem atentos, ouvir as poesias desse poeta fantástico. Era algo maravilhoso para mim curtir atentamente cheia de muita emoção cada verso do disco em vinil entitulado "AMO" que é o mesmo nome do livro de poesias do autor, ao som da SONATA au luar de Beethoven. Era lindo demais! Eu ficava tão emocionada que meu peito ficava apertado por estar ouvindo uma coisa tão encantadora e emocionante.
Hoje, recordando, eu sou eternamente grata ao meu pai biológico: Sr Ermenegildo, e aos meus irmãos: Moisés e Otoniel por terem me proporcionado viver momentos tão lindos, que mesmo eles sendo ainda muito jovens já eram plenamente sensibilizados e instruídos para saber apreciar o que havia de mais requintado e profundo no mundo da arte poética e musical.Devo a eles toda a sensibilidade que forma minha performance e caráter até hoje.
Espero que vocês gostem dessa beleza de arte poética.
Abraços em todos os seguidores do meu blog.
MiraFialho - 18/11/2011
sábado, 5 de novembro de 2011
9º ERONG - ARACAJU - 2011
“CARTA DOS 9/2011”
O IX ENCONTRO REGIONAL DE ONG e Movimentos Sociais de Luta Contra AIDS do Nordeste (ERONG) realizado na cidade de Aracaju – Sergipe, entre os dias 12 a 15 de julho de 2011, com a presença de delegados e / delegadas; observadores e observadoras elaborou e aprovou na sua plenária final a “Carta dos 9/2011”, documento político e deliberativo com encaminhamentos, diretrizes e desafios que nortearão as ações políticas do Movimento de Luta contra a AIDS do Nordeste, nas áreas de Ativismo e Sustentabilidade, Controle Social no SUS e Intersetorialidade, Direitos Humanos e Vulnerabilidade no contexto da AIDS e Saúde Integral das pessoas vivendo com HIV e AIDS.
A partir dos debates acerca da conjuntura atual do Nordeste, avaliou-se que os desafios identificados no IX ERONG/NE, retratam realidades encontradas no ERONG/NE de 2009, onde programas e ações de prevenção, assistência e tratamento encontrados hoje no Brasil, na maioria das vezes não se adéquam as diversas realidades tornando-se sem efetividade e com falhas, contribuindo insatisfatoriamente para a resposta que queremos diante da epidemia de AIDS – enfrentamento real e global e avanços em direção à cura.
Diante deste cenário o movimento de luta contra a AIDS avançou na reflexão sobre questões que envolvem a sustentabilidade do movimento e que passa desde a questão da criminalização dos movimentos sociais, a falta e diminuição de recursos para a saúde (principalmente a AIDS), incluindo a privatização do Sistema Único de Saúde (SUS) e a criminalização dos diversos seguimentos dos movimentos sociais (AIDS, mulheres, LGBT, negros/as, lésbicas, indígenas, sem terra, sem teto, quilombolas, travestis, transexuais pessoas com deficiências, jovens entre outros), isso aliados a execução das políticas públicas a partir do modelo neoliberal que prioriza o investimento econômico em detrimento a qualidade de vida dos/as cidadãos/cidadãs.
Para que ocorra uma efetivação das políticas públicas é necessário promover maior participação da sociedade civil organizada nos espaços formais e não-formais de controle social, além de formação política continuada dos ativistas de acordo com os eixos abaixo abordados.
ATIVISMO E SUSTENTABILIDADE
Foi debatido no evento questões importante para a reflexão de como os diversos segmentos, dentro do movimento AIDS, não estão conseguindo realizar de forma eficaz monitoramento e avaliação das políticas pública referentes ao seu campo de atuação. Isso se dá como resultado da atual conjuntura dos espaços de controle social que refletem o modelo das conferências de políticas públicas que nos últimos anos se mostram ineficazes e, cada vez mais, não estão alocadas no Plano Plurianual/PPA, colocando como indicativo a necessidade de repensar estes modelos, porém só será possível se estivermos presentes nesses espaços. Sendo assim não basta apenas lutar pela efetivação de políticas públicas, é necessário estarmos presentes e pressionar a elaboração, dotação orçamentária e monitorarmos a execução promovendo um movimento constante de Advocacy.
Ampliar a noção de sustentabilidade das ONGs e dos movimentos sociais, para além da elaboração de projetos, entendendo a importância da capacidade de articulação de parcerias locais, nacionais e internacionais que hoje se refletem na dificuldade de acesso, repasse dos recursos, na própria execução da proposta aprovada e da prestação de contas. Isso reforça que precisamos fortalecer a luta de acesso a fundos públicos, como reconhecimento por parte do governo da atuação qualificada dos sujeitos políticos organizados no Brasil e em especial na região nordeste, devido às históricas desigualdades estruturais que se refletem na população desta região.
Neste eixo, a partir das discussões de grupo, foram sugeridas algumas recomendações para ser inserido nas ações do movimento de luta contra AIDS da região Nordeste:
- Mudança da metodologia e do formato do ERONG/NE, entre eles o mapeamento dos movimentos sociais organizados que estão na luta contra AIDS, garantindo a participação dos mesmos, fazendo cumprir o que foi acordado no 8º ERONG/NE;
- Criar grupos de estudos nas bases para fortalecer novos ativistas;
- Realizar monitoramento e avaliação dos PAM;
CONTROLE SOCIAL NO SUS E INTERSETORIALIDADE
A quase 23 anos da criação do SUS, observa-se que seus princípios: universalidade, intersetorialidade, equidade, integralidade e participação social, ainda se apresentam como um grande desafio. É necessário pensar as políticas sociais para além da saúde – enquanto qualidade de vida e promoção, tendo em vista que o modelo econômico contribui para o sucateamento e a privatização das diversas políticas sociais (saúde, previdência, assistência, educação, habitação, cultura, segurança, etc.). Nossa luta não é apenas para garantir a qualidade dos serviços, mas também para a vida das pessoas. Para isso destacamos alguns pontos importantes que devem ser considerados para fortalecer o movimento social na luta contra AIDS:
• Geração de emprego e renda, com garantia dos direitos trabalhistas para as pessoas vivendo com HIV e AIDS;
• Contemplar nas políticas públicas ações voltadas para população que estar envelhecendo, levando em conta a dificuldade na acessibilidade e na assistência adequada a essa população;
• Perceber que o modelo do sistema neoliberal, que matem a lógica da valorização do capital em detrimento a garantia de direitos dos/das cidadãos/cidadãs, ampliam e sustentam as desigualdades sociais, que para o enfrentamento da AIDS, se destacam:
o abuso sobre o uso de álcool, tabaco e outras drogas (inclusive o Crack);
a falta de investimento na política habitacional;
a negligência com a população de crianças, adolescentes e jovens;
a feminização da epidemia;
o fundamentalismo religioso;
a interiorização e pauperização da epidemia;
a importância de reconhecer as lésbicas, as travestis e os/as transexuais, como pessoas de direito;
o preconceito racial;
a violência institucional, sexual, física e psicológica;
a falta de atenção aos direitos da população com deficiência física e mental;
a não garantia da segurança alimentar para as pessoas vivendo com HIV (garantida em lei);
as dificuldades de garantir as cirurgias reparadoras (Lipodistrofia);
a falta de pesquisas sobre os efeitos colaterais do uso dos medicamentos Anti-Retrovirais;
as negligências referentes à saúde mental;
a negação do direito de ir e vir (acesso ao passe livre);
a redução de danos, entre outros;
• Atenção a saúde das populações em situações de vulnerabilidade social, considerando as relações de gênero, raça/etnia, classe social, religião, orientação sexual e geração. É importante ressaltar que as políticas públicas não refletem que grande parte da população afetada pela epidemia da AIDS é negra e afrodescendente;
• Construir e fortalecer a luta contra o modelo patriarcal e o coronelismo em prol da eliminação do machismo presente nas instituições pelo fim da homofobia, lesbofobia e transfobia;
Esses pontos devem servi como eixos norteadores para o próprio movimento de luta contra AIDS no nordeste, para que esse se apodere dessas questões, utilizando-os para pressionar as diversas estâncias governamentais (executivo, legislativo e judiciário), no intuito de garantir o diálogo e os avanços da integralidade das políticas públicas.
Neste eixo, a partir das discussões de grupo, foram feitas algumas recomendações para ser inserido nas ações do movimento de luta contra AIDS da região Nordeste:
- Lutar pela interiorização dos centros de referências;
- Monitorar os sítios de vacinas;
- Monitorar a implementação dos planos de enfrentamento da epidemia da AIDS: Plano de Feminização, Plano de enfrentamento da AIDS entre Gays, HSH, Travestis e Trassexuais, Saúde e Prevenção nas escolas e Prevenção e Saúde na Escola;
- Aproximar e fortalecer o diálogo entre os estados da região nordeste;
- Fortalecer a realização de atos públicos nos ERONGS, assim como em espaços que venham a violar os direitos das pessoas vivendo com HIV/AIDS.
DIREITOS HUMANOS E VULNERABILIDADE NO CONTEXTO DA AIDS
O Brasil é o único país da America Latina a garantir em lei a saúde como um direito universal em sua constituição. Contudo são vários os problemas encontrados na execução dessa política, entre os quais destacamos: o maior gasto dos recursos do SUS em entidades privadas, causando inclusive o sucateamento dos serviços públicos; A privatização da saúde pública, onde os hospitais passam a ser gerenciados por fundações e/ou organizações sociais, sem a intervenção do controle social.
A quantidade dos diversos planos elaborados pelo governo: Plano integrado de Enfrentamento a Feminização da AIDS; Plano de enfrentamento da epidemia das DST e AIDS entre Gays, HSH e Travestis; Saúde e Prevenção nas Escolas e; Prevenção e Saúde na Escola, não dão respostas efetivas as vulnerabilidades, ao contrário acabam por reafirmar as contradições (inclusive a contradição da garantia dos princípios do SUS, haja vista a fragmentação e os recortes) e não efetivam a garantia dos direitos humanos em sua universalidade, equidade, integralidade e regionalização.
Os planos elaborados, muitas vezes não levam em conta particularidades dos sujeitos, suas diversas realidades, sua organização social e política, pois não estão dentro de outras políticas ao qual deveriam estar articuladas (Exemplo: Os planos mal se articulam com as políticas de habitação, entre outras). Além da maioria não conseguirem dotação orçamentária para sua execução.
O processo de vulnerabilidade aliados as questões como discriminação, estigmas e preconceitos, afastam ou invisibilizam determinadas populações em seus direitos, como é o caso das populações indígenas, as populações em situação de rua, as populações negras, as populações ciganas, entre outras. A atuação governamental voltada para essas populações vulneráveis acabam, por muitas vezes, sendo ações paliativas e sem garantia de continuidade. Esse processo é resultante das raízes históricas e da opressão presente nesse contexto, que fortalece as desigualdades e não promove mudanças concretas. Um exemplo do reflexo dessa desigualdade é a condição em que se encontram as travestis e transexuais negras, pobres e nordestinas, que sofrem uma tripla discriminação e não conseguem se inserir no mercado de trabalho, nem conseguem se manter em espaços de educação e/ou formação profissional.
Para avançar na garantia dos direitos humanos, é necessário criar estratégias e unir forças, realizando alianças com os diversos movimentos sociais, além de fortalecer o movimento AIDS. Outra estratégia importante é o fortalecimento de novos ativistas, além de repensar o modelo social de participação, valorizando a inclusão dos/as ativistas que não estão em ONGs, mas que politicamente contribuem para a luta contra a AIDS. Temos que unir forças, pois as transformações sociais só ocorrem, quando realizamos a transformação pessoal.
Pensando na região nordeste, temos o desafio de atuar de forma mais contundente para enfrentar essas desigualdades, uma vez que, como mostram diversos estudos (inclusive estudos governamentais) é nessa região onde as desigualdades são mais gritantes. Para reafirmar essa constatação basta fazer uma leitura dos boletins epidemiológicos dos estados do nordeste e compará-los com os boletins dos estados de outras regiões.
É necessário intensificar a formação política das pessoas que fazem o movimento AIDS, para haja uma intervenção eficaz, pois se não fizermos isso, como mudar a realidade social em que vivemos atualmente? Olhemos para as diferenças, não no sentido de fragmentar o movimento, mas para reconhecer sua diversidade, incentivando inclusive a intersetorialidade entre os movimentos, fazendo isso no sentido de promover a integralidade de nossa luta, numa perspectiva de garantia de direitos das diversas vozes que o movimento AIDS congrega em sua identidade.
O grupo que aprofundou a discussão sobre Direitos Humanos e Vulnerabilidade no Contexto de AIDS no Nordeste levantou seguintes reflexões:
- importância de fortalecer a discussão sobre a epidemia da AIDS na região nordeste ressaltando o debate dos direitos humanos, vulnerabilidade, índice de analfabetismo, pauperização;
- a reforma política como importante debate a ser construído pelo movimento de luta contra AIDS;
- a importância da garantia de recursos no PAM e outros planos para garantia da execução dos Planos de enfrentamento a feminização da AIDS, Gays, HSH e travestis, saúde e prevenção nas escolas;
- construir estratégia para influenciar políticas públicas para garantia de acesso a educação básica e continuada a jovens vivendo com HIV/AIDS;
- fortalecer a luta a favor laicidade do Estado;
- lutar contra projetos que criminalizam as pessoas vivendo com HIV/AIDS
SAÚDE INTEGRAL DAS PESSOAS VIVENDO COM HIV E AIDS
Diante do sucateamento da política de saúde, principalmente a diminuição dos recursos para AIDS, muitas questões ainda afetam de forma direta as pessoas que vivem ou convivem com o HIV/AIDS. Algumas dessas questões e dificuldades são antigas, mas ainda são fundamentais para o movimento AIDS atuar e pressionar os governos, em busca de soluções para esses problemas. Entre os quais destacamos:
• a Lipodistrofia, com a falta de hospitais de referências e equipes multidisciplinar;
• a falta de leitos nos hospitais públicos e na rede complementar conveniada ao SUS;
• a falta de medicamentos (incluindo os voltados para as doenças oportunistas) que são provenientes dos problemas de licitação e mal planejamento;
• a oferta do teste rápido, sem uma estrutura adequada de acolhimento, aconselhamento, assistência e encaminhamento para o serviço;
• a demora na realização de exames e consultas, assim como de serviços para os mesmos;
• a falta de uma política de habitação adequada, que contribui para que as pessoas que vivem com HIV permaneça e estejam mais vulneráveis a co-infecções (entre elas tuberculose e hepatites);
• a carência de recursos dos municípios, principalmente os localizados no interior;
• a ausência de políticas sociais que amplie e fortaleça as casas de apoio, para população vivendo com HIV e AIDS em situação de rua;
Refletimos também que os PAM (Plano de Ações e Metas), ainda não garantem a real necessidade de ações eficientes que atendam essas demandas acima relacionadas. Nas discussões e debates sobre o PAM, mesmo com a presença das Organizações Não Governamentais, o debate ainda é voltado para uma analise sobre os casos notificados e as ações incluídas no plano não respondem efetivamente, nem refletem a política que afirme a importância de ver as pessoas vivendo com HIV e AIDS em sua integralidade.
É necessário fazer a articulação entre a política de redução de danos e a rede de atendimento as pessoas que vivem com HIV e AIDS, que são dependentes do álcool e outras drogas (principalmente o Crack). Também ressaltamos que o baixo investimento em pesquisas sobre os efeitos colaterais da medicação/drogas no tratamento das pessoas que vivem com HIV e AIDS (como já mencionado), tem haver com esse debate e por isso precisamos nos fortalecer nesse campo, pois redução de danos precisa ser aprofundada no interior do movimento AIDS.
Devemos fazer uma atuação de forma eficaz e com metas definidas, metas que considerem o fenômeno da pauperização da epidemia e as vulnerabilidades sociais constantes; que sejam amplamente garantidas as contrapartidas dos governos locais; que se garantam nos PAM estaduais os 10% dos recursos que devem ser destinados para as ações da sociedade civil; que as políticas sejam construídas coletivamente com a Sociedade Civil; que estejam previstas nos orçamentos nacionais e locais recursos orçamentários adequados e que sejam devidamente acompanhadas e monitoradas para evitar a má aplicação de recursos destinados às ações para enfrentamento a AIDS.
O grupo responsável pelo aprofundamento dessas discussões acrescentou algumas reflexões orientadoras para atuação do movimento de luta contra AIDS na região nordeste, no que se refere:
- ações de Direitos Humanos a fim de reduzir o estigma, exclusão e isolamento das PVHA na sociedade;
- fortalecimento das PVHA para que as mesmas se sintam acolhidas a ponto de assumir sua sorologia;
- advocacy com o legislativo, no intuito de criar uma lei federal para garantir os direitos relacionados com o transporte (passe-livre) para PVHA, em áreas interurbano-metropolitanas e na área intermunicipal/interestadual;
- a inserção e priorização das PVHA em situação de vulnerabilidade e risco social nos “Programas de Moradia Popular” e “Bolsa Família” do Governo Federal, com ênfase na inclusão social;
- políticas públicas de inclusão social para pessoas vivendo com HIV e AIDS em situação de rua, travestis e transexuais;
- a necessidade de garantir espaços de acolhimento para PVHA em situação de rua e contribuir na divulgação destes serviços;
- acessibilidade para PVHA com deficiências portadoras, seja na área de saúde, educação, transporte, apoio social;
- promoção de uma maior integração entre os programas de HIV e AIDS, Tuberculose e Hepatites Virais, pela relevância da incidência de casos de co-infecção entre estas patologias nas PVHA;
- a política de atenção integral a saúde do homem contemple ações que abranjam PVHA;
- ações articuladas entre a política da Saúde e Direitos Humanos/Justiça voltadas para população prisional vivendo com HIV/AIDS e TB, com ações de saúde integral (Tratamento e Assistência), sem segregação e isolamento;
- garantia dos Direitos Sexuais e Reprodutivos das PVHA, efetivando assim o direito à maternidade e paternidade através do cumprimento da Portaria sobre “Reprodução Assistida” do Ministério da Saúde;
- disponibilização de leitos de internamento e UTI com referência para PVHA;
- sensibilização de Fisioterapeutas, Terapeutas Ocupacionais e outros profissionais na temática sobre “Vivência Soropositiva para o HIV/AIDS”.
- a efetivação da Saúde Integral para PVHA, para além da medicalização do corpo, com acesso à educação, moradia, transporte, apoio social, lazer (dentro das suas especificidades);
- implantação e reativação dos Grupos de Apoio (Ajuda - Mútua) para PVHA, em serviços de referência e ONG: promoção de acolhimento, socialização e apoio psicológico;
- Meios de Prevenção nos serviços para Lipodistrofia, através de atividades físicas específicas, fisioterapia, terapia ocupacional, arte-terapia, entre outros;
Ressaltamos que a Carta dos 9/2011 produzida no IX ENCONTRO REGIONAL DE ONG e Movimentos Sociais de Luta Contra AIDS do Nordeste (ERONG/NE) é um documento orientador, onde procuramos sistematizar as diversas vozes presentes no movimento AIDS e acreditamos que essa carta pode ser um importante norteador para fortalecer nossa luta.
Aracaju, 15 de Julho de 2011.
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
Mais Poesias
PROCURA DA POESIA
Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
não aquece nem ilumina.
As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.
Não faças poesia com o corpo,
esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.
Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro
são indiferentes.
Nem me reveles teus sentimentos,
que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem.
O que pensas e sentes isso ainda não é poesia.
Não cantes tua cidade, deixa-a em paz.
O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas.
Não é música ouvida de passagem, rumor do mar nas ruas junto à linha de espuma.
O canto não é a natureza
nem os homens em sociedade.
Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam.
A poesia (não tires poesia das coisas)
elide sujeito e objeto.
Não dramatizes, não invoques,
não indagues. Não percas tempo em mentir.
Não te aborreças.
Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,
vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família
desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.
Não recomponhas
tua sepultada e merencória infância.
Não osciles entre o espelho e a
memória em dissipação.
Que se dissipou, não era poesia.
Que se partiu cristal não era.
Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.
Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?
Repara:
ermas de melodia e conceito
elas se refugiaram na noite, as palavras.
Ainda úmidas e impregnadas de sono,
rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.
Carlos Drummond de Andrade
terça-feira, 25 de outubro de 2011
Audiência pública na Câmara discute a Lipodistrofia
Lipodistrofia é o nome dado para uma coleção de mudanças no corpo, que são vistas em pessoas que utilizam medicamentos anti-HIV. Lipo se refere à gordura, e distrofia significa perturbação grave, ou crescimento ruim. Essas mudanças são mais comuns em pessoas quem estão fazendo terapia antivirótica. Assim, a Lipodistrofia significa alteração na gordura, causando o acúmulo ou perda de gordura em áreas localizadas no corpo.
Em 1996, iniciou-se o uso, em larga escala, de uma nova classe de Anti-Retrovirais para o tratamento da AIDS, os Inibidores da protease. Estas medicações deram um novo impulso ao tratamento desta doença, pois permitiu a introdução do "HAART" (Terapia Anti-Retrovial de Alta Potência) e, com isso, a redução drástica dos casos de morte por AIDS.
Paralelo ao tratamento começou a surgir os primeiros efeitos colaterais dessa terapia. Dentre eles, a Lipodistrofia.
Atualmente, prefere-se denominar este quadro como Síndrome redistribuição de Gordura, pois além das áreas de acúmulo e perda de gordura, ocorrem também alterações metabólicas, como o aumento de triglicerídeos e colesterol, diabetes, osteoporose, dentre outras. O Grupo de Amigos na Luta contra a SIDA pela Qualidade de Vida - ASQV, vem ao longo de uma década lutando para efetivar o tratamento das pessoas que estão vivendo a experiência de viver com a LIPODISTROFIA, sofrendo os males decorrentes dessa patologia, que não somente autera a estrutura corpórea, mas ainda causa outros males em sua vida emocional, como fragilização da autoestima que vem se manifestando com a depressão, o denânimo, a vontade de desistir de lutar pela vida. A luta na busca da efetivação dos contratos de parceria com os hospitais de referências para a realização tanto da reposição do metalacryl quanto das cirurgias reparadoras para corrigir as deformações corporéas que não somente auteram a forma dos corpos, como também causam danos físicos. Na intensão de ajudar o ASQV nessa caminhada foi que a Vereadora Aline Mariano (PSDB) presidiu na manhã do dia 13 de setembro de 2011, no plenarinho da Câmara, uma audiência pública para discutir o direito dos pacientes HIV/AIDS com Lipodistrofia ao acesso a tratamento em hospitais públicos. “Lei que garante assistência a esses portadores pelo Sistema Único de Saúde já existe. Também existe uma portaria do Ministério da Saúde em vigor desde 2004”, afirmou a vereadora. A Lipodistrofia, acúmulo ou perda de gordura em áreas localizadas do corpo como barriga, costas e pescoço, é um efeito colateral causado por medicamentos usados contra o vírus da AIDS. O tratamento é cirúrgico e custa caro. Pode chegar a quinze mil reais dependendo do caso e não é oferecido no serviço público de saúde em Pernambuco. Nessa audiência foram formadas uma mesas para discussão e debate do. Essas mesas foram formadas por pessoas como Wandilza França, presidente do Grupo ASQV pontua que os pacientes com Lipodistrofia se isolam, entram em depressão e tentam o suicídio. “Queremos que o poder público nos garanta o que é nosso direito. Não pedimos só os medicamentos, mas respeito e qualidade de vida” desabafou D. Wandilza França, fundadora dessa luta.
François Figueiroa, coordenador estadual de DST-Aids, garantiu na sua fala que no máximo até o começo de outubro o Hospital Osvaldo Cruz e o IMIP já estarão realizando as cirurgias. Levantamento do Governo do Estado mostra que Pernambuco tem mais de 15 mil portadores do HIV e a cada ano outras 950 pessoas contraem o vírus no estado. Boa parte desses pacientes desenvolve a Lipodistrofia.
Na audiência pública também foram discutidos os efeitos da Lipodistrofia nos pacientes. “Preconceito, discriminação, morte civil, perda do espaço profissional e da vida afetiva”, descreveu a psicóloga Tânia Tenório. O aposentado Wilson Júnior viveu esse drama. Ele sofreu com a Lipodistrofia, mas passou por cirurgia e recuperou a auto-estima. “Eu não queria sair de casa, me isolei de todos, entrei em depressão. Tudo mudou com a cirurgia”, afirmou Wilson.
Na sua fala, a vereadora Aline Mariano afirmou que vai continuar a se dedicar ao problema. “Não vou parar por aqui. Pretendo levar essa luta que é a defesa dos direitos dos pacientes com Lipodistrofia à Assembléia Legislativa e ao Congresso Nacional.
As causas da Lipodistrofia são multifatoriais. A princípio, achava-se que era um efeito colateral dos inibidores da protease, mas hoje se sabe que o próprio HIV e outros medicamentos utilizados para o tratamento da AIDS também contribuem para o aparecimento e agravamento desta síndrome, além de outros fatores como a idade avançada e longo tempo de uso dos Anti-Retrovirais.
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