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segunda-feira, 7 de maio de 2012
Reflexões Poéticas e Filosóficas
RIFA
Rifa-se um coração quase novo. Um coração idealista. Um coração como poucos. Um coração à moda antiga. Um coração moleque que insiste em pregar peças no seu usuário. Rifa-se um coração que na realidade está um pouco usado, meio calejado, muito machucado e que teima em alimentar sonhos, e cultivar ilusões. Um pouco inconseqüente que nunca desiste de acreditar nas pessoas. Um leviano e precipitado, coração que acha que Tim Maia estava certo quando escreveu... "não quero dinheiro, eu quero amor sincero, é isso que eu espero...". Um idealista... Um verdadeiro sonhador... Rifa-se um coração que nunca aprende. Que não endurece, e mantém sempre viva a esperança de ser feliz, sendo simples e natural. Um coração insensato que comanda o racional sendo louco o suficiente para se apaixonar. Um furioso suicida que vive procurando relações e emoções verdadeiras. Rifa-se um coração que insiste em cometer sempre os mesmos erros. Esse coração que erra, briga, se expõe. Perde o juízo por completo em nome de causas e paixões. Sai do sério e, às vezes revê suas posições arrependido de palavras e gestos. Este coração tantas vezes incompreendido. Tantas vezes provocado. Tantas vezes impulsivo. Rifa-se este desequilibrado emocional que, abre sorrisos tão largos que quase dá pra engolir as orelhas, mas que também arranca lágrimas e faz murchar o rosto. Um coração para ser alugado, ou mesmo utilizado por quem gosta de emoções fortes. Um órgão abestado indicado apenas para quem quer viver intensamente e, contra indicado para os que apenas pretendem passar pela vida matando o tempo, defendendo-se das emoções. Rifa-se um coração tão inocente que se mostra sem armaduras e deixa louco o seu usuário. Um coração que quando parar de bater ouvirá o seu usuário dizer para São Pedro na hora da prestação de contas: “O Senhor poder conferir", eu fiz tudo certo, só errei quando coloquei sentimento. Só fiz bobagens e me dei mal quando ouvi este louco coração de criança que insiste em não endurecer e, se recusa a envelhecer". Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por outro que tenha um pouco mais de juízo. Um órgão mais fiel ao seu usuário. Um amigo do peito que não maltrate tanto o ser que o abriga. Um coração que não seja tão inconseqüente. Rifa-se um coração cego, surdo e mudo, mas que incomoda um bocado. Um verdadeiro caçador de aventuras que, ainda não foi adotado, provavelmente, por se recusar a cultivar ares selvagens ou racionais, por não querer perder o estilo. Oferece-se um coração vadio, sem raça, sem pedigree. Um simples coração humano. Um impulsivo membro de comportamento até meio ultrapassado. Um modelo cheio de defeitos que, mesmo estando fora do mercado, faz questão de não se modernizar, mas vez por outra, constrange o corpo que o domina. Um velho coração que convence seu usuário a publicar seus segredos e, a ter a petulância de se aventurar como poeta.
(Clarice Lispector)
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Olá, todos e todas seguidores e demais visitadores do meu blog!
Esse é um poema da Clarice Lispecto que me fala muito, e me leva para recantos da minha vida, da minha alma, que somente eu acesso a eles. Uma coisa que me encanta por demais é quando eu me encontro nas coisas que outros sujeitos humanos fazem, produzem, e que me tocam como se nos conhecessemos, como se fossemos velhos amigos, velhos companheiros. As vezes eu me pego pensando que eles quando escreverem determinadas conteúdos: poéticos, românticos, filosóficos, críticos, espiritualizados, a gente ja havia se encontrado e falado algo a respito... Portanto essa uma das motivações que me impulsiona a estar de vez enquando postando aqui no meu blog um conteúdo que não é da minha autoria mas, que me deixa com um sentimento de coautora, por ver similaridades com os meus sentimentos: forma de pensar e de analisar iguais as minhas, no que está sendo, oi foi feito por eles. A minhaa finalidade maior, neses casos é a de estar repassando, e ao mesmo tempo comparetilhando, com os que transitam nesse meu blog, alguns conteúdos, algumas informações que são ricas,bonitas e verdadeiras, que enriquecem acalentam. Bem, é isso. Desejo que vocês curtam tanto esse poeminha como eu e ele seja mais um recorte literário para inquietar e também alegrar suas vidas, suas almas. Digo a todos e a todas que é a minha cara esse poeminha da Clarice.
Abraços em vocês, caros amigos/as!
MiraFialho
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