sexta-feira, 30 de novembro de 2012

RELATORIA DO I VIVENDO NORDESTE

I VIVENDO NE ESTAMOS VIVOS E VIVAS? Recife, 8,9 e 10 de novembro de 2012 Sistematização A ideia de que o Brasil é referência em políticas de atendimento às pessoas vivendo com HIV/Aids ainda permeia a consciência de muitas pessoas. Na realidade, viver com HIV/Aids no Brasil é uma difícil realidade para muitos cidadãos e cidadãs, sobretudo, para àqueles (as) que se enquadram no perfil dos que compõem o público alvo das principais injustiças sociais. São eles (as): negros (as), pobres, profissionais do sexo, moradores (as) de periferia, usuários de drogas e homossexuais. Os avanços conquistados no início dos anos 2000 sofreram vários regressos. Entre as questões preocupantes podemos citar o fim do repasse de verbas para ações estaduais e municipais para o combate ao HIV e a descentralização da assistência de pessoas vivendo com HIV para as Unidades Básicas de Saúde. No que tange à região Nordeste, os atrasos nas políticas voltadas para as pessoas vivendo com HIV/Aids trazem sérias inquietações. Dados do Ministério da Saúde afirmam que 06 cidades de Pernambuco encontram-se entre as 100 cidades acima de 50 mil habitantes no ranking com maior incidência de HIV, incluído capital e região metropolitana. A epidemia da AIDS em Pernambuco ainda é alta, desde 1983 até hoje, o Estado contabiliza 17.402 casos. Ano passado foram contabilizados 1.191 novos infectados. Este ano, até o primeiro semestre, já são 335. Diante desta realidade, Secretarias estaduais e municipais mantêm, sem uso, 160 milhões de reais repassados pelo Ministério da Saúde. As pessoas soropositivas vêm enfrentando problemas como a falta exames para monitorar o tratamento, a falta de medicamentos para tratamento de doenças oportunistas, a superlotação nos hospitais de referência e falta de médicos suficientes para a realização de atendimento em tempo hábil nos serviços especializados. Com o propósito de discutir e denunciar estes problemas, Grupo de Trabalhos em Prevenção Positivo (GTP+), realizou entre os dias 8,9 e 10 de novembro, no Hotel Jangadeiro, em Recife, Boa Viagem, o I Vivendo-NE. O encontro, por meio da metodologia dos bocões, – forma de debate que garante a participação livre e proativa dos integrantes de um debate – envolveu pessoas vivendo com HIV de vários estados do Nordeste, Centro – Oeste, Sudeste e representações de organizações da sociedade civil e do Poder Público em uma série de debates sobre os gargalos da efetivação dos Direitos Humanos das pessoas soropositivas. Avaliação das Atividades 1-Sofá viver com Aids hoje – 08/11, às 18h30. Contou com a presença de Josimar Pereira - Pela Vidda/Niterói (RJ), como convidado e moderação de Wladimir Reis - GTP+/PE. Aspectos da Atividade Boa Regular Insatisfatória 1.1 Proposta da atividade x 1.2 Temas e discussões x 1.3 Metodologia x 1.4 Participação x 1.5 Resultados x 1.1 - Principais aspectos vivenciados na atividade - Nesta atividade o público aponta como destaque a questão relacionada com a Previdência Social, trazendo como demanda para as discussões, o direito à aposentadoria por parte das pessoas soropositivas. 1.2 – Sugestões - Realizar atividades que tragam para o centro do debate a questão Aids e Previdência social 2-Exclusão social e vulnerabilidade – 09/11, às 9h30. Contou com a presença de Beto Volpe - RNP+(SP), como convidado e moderação de André Guedes - GTP+. Aspectos da Atividade Boa Regular Insatisfatória 1.1 Proposta da atividade x 1.2 Temas e discussões x 1.3 Metodologia x 1.4 Participação x 1.5 Resultados x 2.1 - Principais aspectos vivenciados na atividade - Os participantes enfatizaram que a vulnerabilidade é um instrumento de manipulação utilizado pelo Poder Público. Ainda de acordo com os participantes, ainda há muitos soropositivos vivendo na invisibilidade. A camisinha ainda é um recurso que, embora ofereça proteção, ainda fragiliza muitas pessoas, sobretudo as mulheres, que ainda possuem dificuldades em negociar o seu uso com os parceiros. 3- Mobilização e ativismo de pessoas vivendo com HIV/Aids – 09/11, às 14h. Contou com a participação de Beto Volpe - RNP+ (SP), como convidado e moderação de Fabio Correia - GTP+. Aspectos da Atividade Boa Regular Insatisfatória 1.1 Proposta da atividade x 1.2 Temas e discussões x 1.3 Metodologia x 1.4 Participação x 1.5 Resultados x 3.1 - Principais aspectos vivenciados na atividade - O público destacou que apesar das dificuldades enfrentadas pelo movimento Aids, ainda há muita solidariedade e ajuda mútua nas relações. No entanto, o grupo considerou que a participação do público nesta atividade foi prejudicada em virtude de atrasos na programação. Considerou ainda que a proposta das atividades estava invertida e não obedecia uma sequencia metodológica, ou seja, a atividade em questão deveria ter acontecido em um momento anterior da programação. Na avaliação geral, a plenária considerou que houve bastante interlocução e envolvimento dos participantes nas discussões propostas pela atividade. 3.2 - Sugestões - Atenção com a ordem metodológica, para que as atividades sejam melhores aproveitadas pelos participantes. 4- Direitos das pessoas vivendo com HIV/Aids – 09/11, às 14h. Contou com a participação de Kariana Gueiros – Gestos, como convidada e a moderação de José Cândido - RNP+/PE. Aspectos da Atividade Boa Regular Insatisfatória 1.1 Proposta da atividade x 1.2 Temas e discussões x 1.3 Metodologia x 1.4 Participação x 1.5 Resultados x 4.1 - Principais aspectos vivenciados na atividade - O público destacou que a efetivação dos direitos das pessoas soropositivas ainda é um grande desafio. Muitas pessoas ainda são lesadas pelo Poder Público e não atuam de forma proativa nas discussões referentes às políticas de saúde voltada para a população vivendo com HIV/Aids . 4.2 - Sugestões - Rediscutir a forma de organização e, sobretudo, de atuação do movimento Aids, com o propósito de fortalecer a luta pelos direitos das pessoas soropositivas. Promover debates sobre os valores morais, que entravam o avanço do respeito às pessoas soropositivas e estabelecer estratégias que norteiem a ação do movimento Aids. 5- Mobilização e ativismo de pessoas – 09/11, às 14h. Contou com a participação Beto Volpe - RNP+ (SP), como convidado e a moderação de Fabio Correia - GTP+. Aspectos da Atividade Boa Regular Insatisfatória 1.1 Proposta da atividade x 1.2 Temas e discussões x 1.3 Metodologia x 1.4 Participação x 1.5 Resultados x 5.1 - Principais aspectos vivenciados na atividade - Retrospectiva da atuação do movimento social até os dias atuais, quando ocorre uma fragmentação dos atores sociais, o que prejudicou a efetividade das ações 5.2 - Sugestões - Resgatar a garra do passado e, com isso, fortalecer a luta na atualidade. Debater sobre as representações, que precisam se unir em todo da causa e não promover competições por interesses próprios. 6-Movimento social e sustentabilidade – 09/11, às 16h. Contou com a participação de Márcio Villard - Grupo Pela Vidda/RJ, como convidado e moderação de Jerônimo Duarte - RNP+/PE. Aspectos da Atividade Boa Regular Insatisfatória 1.1 Proposta da atividade x 1.2 Temas e discussões x 1.3 Metodologia x 1.4 Participação x 1.5 Resultados x 5.1 - Principais aspectos vivenciados na atividade - A necessidade de enfrentar o desafio da sustentabilidade do movimento Aids, que não se trata apenas da questão financeira, mas política, social e econômica, além da questão da transparência nas ações. Se faz necessário perguntar qual o tipo de sustentabilidade se quer, para evitar que o movimento perca a sua essência. 5.2 - Sugestões - Criar cooperativas de serviços para captar recursos que viabilizem a atuação dos grupos; -Enfatizar a humanização do trabalho, não o paternalismo; - Refletir e estabelecer estratégias para lidar com o discurso do Ministério da Saúde; -Manter o PAM para as populações vulneráveis como, travestis, HSH e outros; -Associar às atividades das empresas palestras e outras atividades. 6-Co-infecção HIV/TB – 09/11, às 16h30. Contou com a presença de Patrícia Werlang – PNCT, Ronaldo Hallal - Departamento Nacional de DST-AIDS –H.V. e moderação de Adriana Vasconcelos - GTP+. No momento foi apresentado o Projeto do Departamento de Educação Física da UFPE para PVHA - A Experiência de Recife - Academia da Cidade para PVHA. Aspectos da Atividade Boa Regular Insatisfatória 1.1 Proposta da atividade x 1.2 Temas e discussões x 1.3 Metodologia x 1.4 Participação x 1.5 Resultados x 6.1 - Principais aspectos vivenciados na atividade - Como destaque nesta atividade o público apontou a necessidade de estimular a maior participação dos universitários no debate sobre o HIV/Aids e a demanda por envolvimento de outros atores sociais na discussão sobre os direitos das pessoas soropositivas. 6.2 - Sugestões - Discutir a programação com os participantes, antes da realização da atividade. Estimular a participação de todos os integrantes no diálogo. Avaliação do I Vivendo - NE Na tabela abaixo estão contabilizamos todas as respostas às questões referentes aos itens 1, 2, 3, 4 e 5 em um universo de 46 fichas entregues. Nos itens 3,4 e 5 foram contabilizadas as questões cujas respostas pediam para assinalar as opções sim ou não. Item 01 Equipe organizadora Ótimo Bom Regular Ruim 1.1 Recepção e atendimento 28 16 2 0 1.2 Credenciamento 28 13 2 1 1.3 Materiais entregues ------ ------ ------ ------ 1.4* Presença de tratamentos alternativos 21 17 6 0 1.5* Esclarecimento de dúvidas 28 11 5 0 * nestes itens duas fichas foram anuladas por terem todas as opções assinaladas Item 02 Bocão Ótimo Bom Regular Ruim 2.1 Conteúdo das mesas 35 9 2 0 2.2 Exposição dos palestrantes 25 16 5 0 2.3* Linguagem utilizada 25 14 6 0 2.4 Debates 26 14 6 0 2.5 Tradução ------ ------ ------ ------ * neste item uma ficha foi anulada por ter todas as opções assinaladas Item 03 Aspectos subjetivos sim não 3.1* Você aprendeu com os temas abordados? 44 1 3.2* Houve mudança no seu olhar? 31 8 *nestes itens uma e 07 fichas estavam com as lacunas em branco respectivamente Considerações referentes ao item 3.2 -Acesso a conhecimentos sobre a realidade atual do serviço público de saúde voltados para as pessoas soropositivas; -Despertar para um novo olhar sobre a política Item 04 Serviços do hotel Ótimo Bom Regular Ruim 4.1* Hospedagem/quartos 26 12 4 0 4.2* Refeições 33 7 4 0 4.3* Atendimento 30 9 4 0 *neste item quatro, duas e três fichas estavam com as lacunas todas em branco Item 05 Ausência sim não 5.1* Você acha que faltou algo? 20 22 5.2 O quê? * nestes itens quatro fichas foram anuladas por estarem com as lacunas em branco Considerações referentes ao item 5.2 - Mais rigor quanto ao tempo de fala dos participantes; -Mais tempo para a explanação dos palestrantes; -Participação de profissionais das diversas áreas de saúde, tais como, neurologistas, cardiologistas, geriatras e outros; -Participação de um número maior de jovens no evento; - Mais acolhimento no que diz respeito as inquietações dos participantes de diversos estados; - Mais tempo para as perguntas e discussões; - Pautar a problemática das pessoas portadoras de necessidades especiais e soropositivas; -Mais pessoas novas no encontro. É necessário reduzir o número das lideranças antigas do movimento e garantir maior presença de lideranças novas; -Compromisso dos participantes; -Mais acolhimento; -Respeito pela fala do colega de atividade; -Uso de linguagem adequada ao ambiente; -Materiais didáticos, tais como, livros, relatórios do encontro nacional; -Integração entre os convidados; -Controle do tempo dos convidados para o sofá; -Definir uma agenda comum para a realização de um ato público com os integrantes de todos os estados, para reivindicar, junto à sociedade ao Poder Público o respeito e a efetivação dos direitos das pessoas soropositivas; -Cumprir com pontualidade o horário do almoço; - Mais divulgação na mídia. OUTRAS CONSIDERAÇÕES ELOGIOS - “Parabenizo a todos que fazem o GTP+ pelo excelente trabalho”; -“O encontro nos inquietou a agir e lutar por nosso direitos”; -“Estou bastante emocionado por ter contribuído com a realização do I Vivendo – NE”; -“Foi maravilhoso. Aprendi muito”; -“Agradeço por tudo que foi ofertado neste encontro!” -“ É preciso divulgar mais encontros como estes.” -“Espero ansiosamente por outro Vivendo – NE!” -“Estou grato pela oportunidade!” -“ O Vivendo foi muito especial e me fez refletir sobre as políticas públicas voltadas para as pessoas soropositivas.” -“ De antemão, gostaria de agradecer por essa grande oportunidade que estou tendo na minha vida. Agradecer principalmente a todas as pessoas, que estão de frente dessa causa. O mais importante disso tudo é ter a plena certeza que eu não estou sozinha e que existem pessoas que estão nos ensinando a colocar a boca no trombone. Sou soropositiva, mas nunca pensei que pudesse aprender com os meus desafios e lutas. Aprender que posso e quero viver da melhor maneira possível e gritar para o mundo inteiro que eu posso ajudar meus companheiros a ver a vida não em preto e branco, mas uma vida cheia de cores. Ajudá-los a ter forças para lutar, gritar pelos seus direitos e não se calar, não se esconder. Denunciar que o Poder Público acha que pode nos colocar onde eles querem e acham melhor. Por isso, hoje eu aprendi a dizer “não” e vou lutar para que o mundo, os poderes possam me enxergar e me aceitar do jeito que sou. Estou viva! eu quero viver! Melhor do que já vivo!” -“O encontro me ensinou que não podemos ficar de braços cruzados. Precisamos chamar a atenção mesmo e lutar por nossos direitos!” -“O evento foi perfeito! Os temas abordados foram excelentes!” - Agradeço a atenção de toda a equipe organizadora e desejo mais sucesso no próximo encontro. Um abraço!” CRÍTICAS E SUGESTÕES -“Senti falta de pautarmos a questão das casas de apoio no Norte, Nordeste e em todo Brasil, para acolhimento às pessoas vivendo com HIV/Aids. Espero que esta pauta faça parte do próximo vivendo, de modo que seja construído um documento reivindicando a instalação e manutenção adequadas das casas de apoio”; -“Achei a administração do tempo um pouco desorganizada, mas o encontro não deixou de ser bom”; -“Presenciei um ato discriminatório por parte de um integrante do grupo jovem para com um participante. Isto é sério. espero providência!” -“No dia 09/11, sexta-feira, fui barrado junto com a minha esposa, no café da manhã, por um membro do grupo jovem, alegando que não tínhamos direito a refeição. Espero providência, pois ninguém tem o direito de expor o outro ao ridículo e tratá-lo com falta de respeito.” -“ Faltou mais objetivos. A organização deveria convidar os soropositivos que estão fora do movimento a voltar para a luta e criar mais projetos.” -“Precisamos fortalecer a nossa luta para que o Poder Público atenda os nossos direitos!” -“Acredito que o evento não acolheu e fortaleceu novos ativistas vivendo com HIV/Aids. O que houve foi a predominância na participação dos ativistas mais antigos. Eu mesmo pedi a fala em uma das atividades e não foi concedida. Por outro lado, um palestrante, durante o sofá, falou por mais de uma hora”. -“Senti falta de um jovem no sofá. Espero que esse modelo do Vivendo continue contemplando as pessoas que pouco têm acesso a espaços de discussão.” -“Houve contratempos nas respostas, especialmente sobre o tema vacinas. Mas no geral, o encontro foi ok”. -“Faltou aprofundar o tema vacinas.”

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