Para os que virão.
Como sei pouco e sou pouco,faço o pouco que me cabe, me dando inteiro. Sabendo que não vou ver o homem que quero ser.Já sofri o suficiente para não enganar a ninguém: principalmente aos que sofrem na própria vida,a garra da opressao, e nem sabem. Não tenho o sol escondido no meu bolso de palavras. Sou simplesmente um homem para quem já a primeira e desolada pessoa do singular - foi deixando, devagar, sofridamente de ser, para transformar-se - muito mais sofridamente - na primeira e sofrida pessoa do plural.Não importa que doa:é tempo de avançar de mão dada com quem vai no mesmo rumo,mesmo que longe ainda esteja de aprender a conjugar o verbo amar. É tempo sobretudo de deixar de ser apenas a solitária vanguarda de nós mesmos. Se trata de ir ao encontro.(dura no peito, arde a límpida verdade dos nossos erros).Se trata de abrir o rumo.Os que virão, serão povo,e saber serão lutando.
(Thiago de Melo)
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