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terça-feira, 19 de junho de 2012
ACERCA DA CÚPULA DOS POVOS
CRÍTICA A RIO+20
(Enviado por Simone do SOS Corpo)
Leia abaixo porque estamos criticando a Rio +20
Pela unidade e a mobilização dos povos, em defesa da vida e dos bens comuns, justiça social e ambiental, contra a mercantilização da
natureza e a “economia verde”.
A um mês da Conferência das Nações Unidas Rio+20, os povos do mundo
não veem resultados positivos no processo de negociação que está
ocorrendo na conferência oficial. Ali não se está discutindo um
balanço do cumprimento dos acordos alcançados na Rio 92, ou como mudar
as causas da crise. O foco da discussão é um pacote de propostas
enganosamente chamado de “economia verde” e a instauração de um novo
sistema de governo ambiental internacional que o facilite.
A verdadeira causa estrutural das múltiplas crises é o capitalismo,
com suas formas clássicas e renovadas de dominação, que concentra a
riqueza e produzem desigualdades sociais, desemprego, violência contra o
povo e a criminalização de quem os denuncia. O sistema de produção e o
consumo atual – representado por grandes corporações, mercados
financeiros e os governos que garantem sua manutenção – produzem e
aprofundam o aquecimento global e a crise climática, a fome e a
desnutrição, a perda de florestas e da diversidade biológica e
sociocultural, a contaminação química, a escassez de água potável, a
desertificação crescente dos solos, a acidificação dos mares, a
grilagem de terras e a mercantilização de todos os aspectos da vida
nas cidades e no campo.
A “economia verde”, ao contrário do que o seu nome sugere, é outra
fase da acumulação capitalista. Nada na “economia verde” questiona ou
substitui a economia baseada no extrativismo de combustíveis fósseis,
nem os seus padrões de consumo e produção industrial. Essa economia
estende a economia exploradora das pessoas e do ambiente para novas
áreas, alimentando assim o mito de que é possível o crescimento
econômico infinito.
O falido modelo econômico, agora disfarçado de verde, pretende
submeter todos os ciclos vitais da natureza às regras do mercado e ao
domínio da tecnologia, da privatização e da mercantilização da
natureza e suas funções. Assim como dos conhecimentos tradicionais,
aumentando os mercados financeiros especulativos através dos mercados
de carbono, de serviços ambientais, de compensações por biodiversidade
e o mecanismo REDD+ (Redução de emissões por desmatamento evitado e
degradação florestal).
Os transgênicos, os agrotóxicos, a tecnologia Terminator, os
agrocombustíveis, a nanotecnologia, a biologia sintética, a vida
artificial, a geo-engenharia e a energia nuclear, entre outros, são
apresentados como “soluções tecnológicas” para os limites naturais do
planeta e para as múltiplas crises, sem abordar as causas verdadeiras
que as provocam.
Além disso, se promove a expansão do sistema alimentício
agroindustrial, um dos maiores fatores causadores das crises
climáticas, ambientais, econômicas e sociais, aprofundando a
especulação com os alimentos. Com isso se favorece os interesses das
corporações do agronegócio em detrimento da produção local, campesina,
familiar, dos povos indígenas e das populações tradicionais, afetando
a saúde de todos.
Como uma estratégia de negociação na conferência Rio+20, alguns
governos de países ricos estão propondo um retrocesso dos princípios
da Rio 92, como o princípio de responsabilidades comuns e
diferenciadas, o princípio da precaução, o direito à informação e
participação. Estão ameaçados direitos já consolidados como os dos povos indígenas e populações tradicionais, dos camponeses, o direito
humano à água, os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, dos
imigrantes, o direito à alimentação, à habitação, à cidade, os
direitos da juventude e das mulheres, o direito à saúde sexual e
reprodutiva, à educação e também os direitos culturais.
Está se tentando instalar os chamados Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS) que serão utilizados para promover a “economia
verde”, enfraquecendo ainda mais os já insuficientes Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio (ODM).
O processo oficial propõe estabelecer formas de governança ambiental
mundial que sirvam como administradores e facilitadores desta
“economia verde”, com o protagonismo do Banco Mundial e outras
instituições financeiras públicas ou privadas, nacionais e
internacionais, que irão incentivar um novo ciclo de endividamento e
ajustes estruturais disfarçados de verde. Não pode existir governança
global democrática sem terminar com a atual captura corporativa das
Nações Unidas.
Repudiamos este processo e conclamamos todos para que venham
fortalecer as manifestações e construções de alternativas em todo o
mundo.
Lutamos por uma mudança radical no atual modelo de produção e consumo,
consolidando o nosso direito para nos desenvolvermos com modelos
alternativos com base nas múltiplas realidades e vivências dos povos,
genuinamente democráticas, respeitando os direitos humanos e
coletivos, em harmonia com a natureza e com a justiça social e
ambiental.
Afirmamos a construção coletiva de novos paradigmas baseados na
soberania alimentar, na agroecologia e na economia solidária, na
defesa da vida e dos bens comuns, na afirmação de todos os direitos
ameaçados, o direito a terra e ao território, o direito à cidade, os
direitos da natureza e das futuras gerações e a eliminação de toda
forma de colonialismo e imperialismo.
Conclamamos todos os povos do mundo a apoiarem a luta do povo
brasileiro contra a destruição de um dos mais importantes quadros
legais de proteção às florestas (Código Florestal), o que abre
caminhos para mais desmatamentos em favor dos interesses do
agronegócio e da ampliação da monocultura; e contra a implementação do
mega projeto hidráulico de Belo Monte, que afeta a sobrevivência e as
formas de vida dos povos da selva e a biodiversidade amazônica.
Reiteramos o convite para participação na Cúpula dos Povos que se
realizará de 15 a 23 de junho no Rio de Janeiro. Será um ponto
importante na trajetória das lutas globais por justiça social e
ambiental que estamos construindo desde a Rio-92, particularmente a
partir de Seattle, FSM, Cochabamba, onde se têm catapultado as lutas
contra a OMC e a ALCA, pela justiça climática e contra o G-20.
Incluímos também as mobilizações de massa como Occupy, indignados, a
luta dos estudantes do Chile e de outros países e a primavera árabe.
Convocamos todos para que participem da mobilização global de 5 de
junho (Dia Mundial do Ambiente); da mobilização do dia 18 de junho,
contra o G20 (que desta vez se concentrará no “crescimento verde”) e
na marcha da Cúpula dos Povos, no dia 20 junho, no Rio de Janeiro e no
mundo, por justiça social e ambiental, contra a “economia verde”, a
mercantilização da vida e da natureza e em defesa dos bens comuns e
dos direitos dos povos.
Rio de Janeiro, 12 de maio de 2012. Assinam: Grupo de Articulação
Nacional e Internacional da Cúpula dos Povos por Justiça Social e
Ambiental*.
SE VOCE NÃO VAI AO RIO, JUNTE-SE A NÓS.
DIA 20 D EJUNHO. PRAÇA DO CARMO.
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Documento aprovado na ReuniãO do Grupo de Articulação Nacional e Internacional da Cúpula dos Povos por Justiça Social e Ambiental, que reúne organizações e movimentos sociais de 13 países diferentes. A Cúpula será realizada entre 15 e 23 de junho, como ação política dos movimentos sociais, durante o período da conferência oficial da Rio +20.
Informe do Grupo de Articulação Internacionalizado da Cúpula dos Povos por Justiça Social e Ambiental
Pela unidade e a mobilização do povos, em defesa da vida e dos bens comuns, justiça social e ambiental, contra a mercantilização da natureza e a “economia verde”
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