quarta-feira, 24 de março de 2010

8 de março






UMA DATA QUE MARCOU ÉPOCA:
8 DE MARÇO DE 1857

O dia 08 de março de 1857 foi um dia que estava fadado no contexto mundial para trazer à tona uma realidade social de vida que não poderia mais, por hipótese alguma, ficar obscura para a humanidade. Isto porque, as operárias de uma fábrica de tecidos, situada em Nova Iorque, cidade norte americana, com muita disposição e conscientização de uma realidade de vida social política que já havia sido considerada como insustentável fazia um bom tempo, juntaram as forças e resolveram fazer uma greve. Etrategicamente elas decidiram ocupar a fábrica onde trabalhavam e foram reivindicar as mudanças vistas por elas como necessárias, melhorias que elas haviam chegado à conclusão que lhes eram totalmente de direitos: melhores condições de trabalho, propondo redução na carga diária de trabalho de 16 horas para pelo menos 10 horas; equiparação dos seus salários com os dos homens, visto que elas recebiam até um terço dos seus salários menor do que os de um homem – sendo essa uma situação que se perpetua até hoje – quando elas mesmas executavam o mesmo tipo de trabalho; e também tratamento digno para sua condição de mulher dentro do local onde elas trabalhavam.
A iniciativa dessa manifestação não foi vista com bons olhos pelos donos do estabelecimento, de modo que a greve foi reprimida com violência perversa para aquelas mulheres “grevistas” e elas foram trancadas no interior dessa fábrica e esta foi incendiada, sendo o caso dado como um acidente, e 130 mulheres tecelãs morreram carbonizados naquele dia fatídico. Mas, aquele dia mesmo tendo causado um certo reboliço na sociedade ainda não foi tomado como referencia para se pensar realmente quem eram aquelas mulheres conhecendo as razões que as levaram a tomar aquela iniciativa. Porém, aquele acontecimento que foi um fato histórico ficou ressoando no imaginário do público feminino e em todas as oportunidades que essa população chamada mulher pôde se pronunciar, ela o fazia, de modo que nos eventos que aconteciam nas sociedades internacionais as representações femininas sempre busram criar oportunidades para retomar a discussão daquele acontecimento afim de que aquele ato público e político não caisse no esquecimento do povo. E, com o somatório dos esforços o dia 08 de março de 1857 foi finalmente reconhecido e legalizado e publicado como uma data de significado internacional somente no ano de 1910, durante uma Conferência realizada na Europa Ali, foi decidido que o dia 8 de março passaria a ser o "Dia Internacional da Mulher", em homenagem as mulheres que morreram na fábrica em 1857. E data passou a ser oficializada pela Organização das Nações Unidas - ONU em 1975, através de um decreto de lei. Esta data ao ser criada ainda não tinha como pretensão, unicamente comemorar um fato do passado, mesmo tendo ele um significado histórico na caminhada da mulher em busca dos seus direitos de cidadania. Até porque, em toda a história da vida da mulher os desmandos sociais se fundavam em praticamente todas as instâncias do seu viver humano.
Esta data ao ser criada, não foi somente para comemorar uma iniciativa corajosa das mulheres, que terminaram por serem mártires do autoritarismo de uma categoria empresarial abusiva: desumana, exploradora, perversa, que estava expropriando o seu trabalho, mas que acima de tudo estava lhes negando o reconhecimento da sua condição de ser humano, ignorando o seu direito de ser reconhecida como ser social e político, de exercer sua cidadania plena. Assim, O 8 de Março, Dia Internacional da Mulher não é um dia onde são feitas as festas, as comemorações, no qual a mulher é exaustivamente homenageada apenas por ser mulher, é o símbolo do amor materno, da esposas abnegadas, prendadas, bonachonas, mães de todas as pessoas, um mito da “virgem Maria”. É bem o contrário! Esse dia significa um dia de rememorações, de avaliações dos avanços e dos recuos das garantias dos seus direitos sociais e do estabelecimento das políticas públicas que legitimem a posição pessoal da mulher em todas as instâncias nas quais ela atua: seu papel na sociedade: família, trabalho, vida afetiva, sexualidade, dentre tantas outras, de forma que por estar ocupando os espaços públicos ela tenha o reconhecimento da sociedade com respeito à dignidade do ser mulher. Os países de representação social, que tem condições econômicas, culturais e políticas avançadas no dia internacional da mulher são realizados atos públicos, conferências, debates e reuniões para discutir o papel da mulher na sociedade atual, os direitos e os deveres da mulher enquanto cidadã pública, conhecedora dos princípios democráticos que regem os países. O esforço é na tentativa de diminuir e, quem sabe um dia ver totalmente dirimido todos os preconceitos, a desvalorização da mulher, e a redefinição do seu papel nas relações de gênero, visto ser essa uma questão muito séria no trato da vida afetivo-sexual e doméstica da mulher.
Mesmo com todos os avanços enumerados até o presente, e ai nos chama a atenção da mulher ocupando espaços no campo político governamental, nas academias, na saúde, na comunicação, nas experiências nucleares, e tantas outras, mas, as mulheres ainda sofrem, e muito, em determinados tipos de trabalho, muitos locais onde sofrem descriminação racial e étnica, recebendo salários inferiores aos dos homens, violência masculina que se expressa de várias formas, especialmente com os assassinatos brutais que aumentam cada vez mais no cenário da vida feminina, tanto em decorrência dos desencontros na vivência conjugal, como nos assaltos nas ruas, entre outros.