terça-feira, 6 de abril de 2010

Relatório de Projeto Implementado




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IMPLEMENTAÇÃO DA ESTRATÉGIA PARA PREVENÇÃO DA TRANSMISSÃO DO HIV/AIDS E MITIGAÇÃO DO IMPACTO SÓCIO-ECONÔMICO E EMOCIONAL
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Relatório Final do Projeto HIV/AIDS
AF 02/ AF 03/ AF 04 (primeiro trimestre)
Apresentado a WVUS



Miriam Fialho da Silva.
Socióloga - Consultora em HIV/AIDS
E-mail: miriamfialho@terra.com.br
Telefone: 55 81 9242-8057











Recife/Brasil
fevereiro de 2004












ÍNDICE


INTRODUÇÃO 03

I – PLANO DE TRABALHO 05

II – AÇÕES DESENVOLVIDAS 09

III – VISITAS AOS PDA’S 25

IV – PESQUISA NOS PDA’S 30

V – MARKETING SOCIAL 36

VI – CAPTAÇÃO DE RECURSOS 51

VII – DESEMPENHO DO PROJETO 52

VIII – RESULTADOS OBTIDOS 53

IX – FINALIZANDO 57







I - INTRODUÇÃO

As atividades do projeto “Implementação da Estratégia para a Prevenção da Transmissão do HIV/AIDS e Mitigação do Impacto Sócio-Econômico e Emocional”, da Visão Mundial Brasil foram implementadas num período de um ano e seis meses, em seis Estados da Região Nordeste do Brasil, com muito sucesso. Durante todo o desenvolvimento do projeto as atividades foram intensas e com resultados satisfatórios comprovados em cada uma das ações planejadas e desenvolvidas. Algumas ações estratégicas consideradas essenciais ao desenvolvimento do Projeto não foram concluídas, o que se justifica pelo montante de tarefas a serem realizados, que demandaram tempo, reflexões, estudos, contatos externos, para serem executadas.
O Projeto objetivou contribuir para a prevenção da transmissão do Vírus HIV/AIDS, reduzindo a vulnerabilidade e mitigando o impacto socioeconômico e emocional através de um programa eficaz e sustentável para as comunidades nas áreas de influência da visão mundial. O Público alvo a ser alcançado foram as crianças apadrinhadas e suas famílias, residentes nas áreas de influência as Visão Mundial e que recebem assistência social nos PDA’s (Programas de Desenvolvimentos de Áreas)

A estratégia previa integrar a prevenção das DST/AIDS com outros programas já existentes na VMB, como Direitos Humanos e Combate à Violência Sexual. A estratégia fundante do projeto era desenvolver a prevenção da AIDS no contexto de outras linhas de atuação focando a saúde reprodutiva da mulher, a prevenção de outras DST’s (Doenças Sexualmente Transmissíveis), prevenção á gravidez precoce, ao uso de drogas ilegais, e, sobretudo aos programas de combate à pobreza.Como forma de implementação do programa, seriam estabelecidas parcerias com instituições que apóiassem projetos no sentido de prevenir, tratar e mitigar os danos da epidemia. Essas parcerias também estariam voltadas para as igrejas, como forma de dar suporte às ações de prevenção e convivência com a doença e de fornecer treinamento e capacitação aos seus membros sobre o tema do HIV/AIDS.

Os resultados esperados eram que 100% das famílias de crianças apadrinhadas residentes na área de influência dos PDA’s tivessem acesso a informações apropriadas sobre o HIV/AIDS para sua prevenção e acesso aos serviços e meios para evitar a transmissão de HIV/AIDS, recebendo apoio para um tratamento apropriado, quando fosse necessário. Assim como, todos os trabalhadores da Visão Mundial Brasil também receberiam orientação continuada sobre como evitar a transmissão do Vírus da AIDS, e como conviver com pessoas soropositivas.

Este Relatório Anual do Projeto HIV/AIDS também está configurado como um Relatório de Finalização de Contrato, já que seu encerramento se deu no começo do AF 04 através de uma “avaliação de desempenho”, considerada pela consultoria como um instrumento metodológico bastante incipiente para se analisar todo um trabalho do porte que foi o Projeto HIV/AIDS. “Ótimo, Bom, Regular, Sofrível, Ruim”, não são categorias justas nem eficientes para se avaliar um trabalho do porte que foi desenvolver o projeto HIV/AIDS. Aqui se quer chamar a atenção para o fato de que o Projeto HIV/AIDS não passou por nenhum processo de avaliação em seus 18 meses de implementação, como se esperou em principio, que fosse ser feito pela Gerência Operacional da Organização. De modo que a própria assessora e executora do projeto teve de criar todos os mecanismos metodológicos para monitorar e avaliar o desempenho das atividades empíricas do projeto em execução.

Relatar metas e ações desenvolvidas ao longo de mais de um ano de atividades requer que se conte em detalhes, todo o processo de implementação de um plano de ações e metas e a partir que foi desenvolvido atestar se os resultados foram bons ou não; se quem esteve realizando as ações o fez com eficiência, ou não. No que concerne à temática HIV/AIDS, a questão é ressignificada, pois os modelos e princípios metodológicos para analisar um conjunto de ações desenvolvidas, requerem um saber que não se detém unicamente as impressões pessoais dos sujeitos. Tudo requer o domínio do conhecimento dos temas, da semântica da nova linguajem que o tema desvela, e compreensão dos comportamentos humanos que vivenciam a realidade do viver soropositivo para HIV/AIDS.

No que tange ao conteúdo desse relatório que hora é apresentado, se faz pertinente dizer que o mesmo priorizou dar as informações que podem propiciar as pessoas que o olharem ter uma noção geral do que se fez ao longo do tempo em que se esteve trabalhando. Optou-se por detalhar, da maneira mais minuciosa possível, as informações para uma melhor compreensão do trabalho realizado. O detalhamento das informações nesse relatório tem por objetivo também, informar, com detalhes, por onde andava a consultoria quando não estava no escritório da Organização, ou não estava participando de certos eventos da Organização que naquele momento diferiam significativamente da agenda de trabalho da Consultora.

O texto desse relatório condensa alguns relatos que já haviam sido informados nos relatórios trimestrais anteriores dos AF 02 e 03, só que foram remodelados para serem adequados ao que se está informando nesse aqui. A tentativa é informar detalhadamente tudo, ou quase tudo o que se fez nesse ano e meio de trabalho. As ações planejadas, e quais delas foram implementadas, as que tiverem sucesso e as outras que ficaram incompletas e porque ficaram. Assim, o texto consta do seguinte: um sumário, a introdução, uma exposição do Plano de Trabalho, um relato do desempenho de cada ação desenvolvida e as repostas dadas pelos participantes. Também se fez uma exposição dos resultados obtidos e se finaliza fazendo uma demonstração de por onde caminhar para dar continuidade ao que já se fez.

Nesse ponto, chama-se a atenção dos que por ventura vão tomar conhecimento desse relatório, é que algumas colocações feitas pela consultoria não significam que se esteja fazendo uma crítica negativista e sim, trazendo a tona algumas posturas institucionais dos funcionários que são Staff da Organização devem ser consideradas como pontos de interrogação para melhorar as relações interpessoais, garantindo-se com isso a qualidade do que se está fazendo. Sugerimos sejam tomadas como “provocações” e que gerem uma problematização e a partir disso seja dada continuidade ao que se deseja fazer.
A consultoria, sensibilizada, é profundamente grata, primeiramente a Deus, e em seguida a Visão Mundial Brasil por essa oportunidade e confiança em sua pessoa chamando-a para o cumprimento de uma missão tão árdua e delicada, como a de trabalhar na causa do combate a pandemia da AIDS e se coloca a disposição para dar qualquer esclarecimento que porventura se façam necessários.




I – Plano de Trabalho

O Plano de trabalho para a implementação do Projeto HIV/AIDS consistiu na integração das ações estratégicas básicas da Visão Mundial, filtradas do texto oficial: Estratégia Operacional para Prevenção da Transmissão do Vírus da AIDS e a Mitigação do Impacto Sócio-econômico e Emocional. Esse Plano de Trabalho compôs-se das seguintes ações:
• Capacitação de equipes de assessores responsáveis pelos PDAs selecionados para estar participando do Projeto;
• Realização de Oficinas de Sensibilização em HIV/AIDS para funcionários dos PDA’s;
• Planejamento das ações com os PDAs para enfrentamento da Epidemia;
• Visitas aos PDAs fazendo acompanhamento das ações em campo;
• Realização de uma Pesquisa nos PDAs sobre o HIV/AIDS nas suas comunidades de referência;
• Contato com as Organizações Governamentais que atuam no combate da epidemia;
• Contatos com Organizações Não Governamentais que trabalham com pessoas vivendo com HIV/AIDS, estabelecendo parcerias;
• Promoção do Marketing social das iniciativas da Visão Mundial Brasil para atuar no combate da epidemia;
• Articular com a gerência de fundos multilaterais para captação de recursos
• Elaboração do Programa de Combate ao HIV/AIDS da Visão Mundial Brasil

Essas ações foram pensadas para implementação nos PDAs, tendo em vista os seguintes objetivos:
• Capacitar equipes para desenvolverem metas para a prevenção, assistência, direitos humanos, apoio emocional e espiritual.
• Estruturar ações de intervenção em HIV/AIDS, tendo como base as políticas públicas governamentais para tratamento, as diretrizes voltadas para as questões dos direitos sociais e humanos da pessoa soropositiva;
• Explorar o contexto institucional local para subsidiar a elaboração das estratégias nos PDAs;
• Inserir a Visão Mundial Brasil nos espaços sociais de discussão da política nacional para a epidemia;
• Informar o progresso da implementação das ações as gerências da VMB;
• Posicionar a Visão Mundial Brasil como uma das organizações de referência nacional no combate do HIV/AIDS;
Os recursos metodológicos utilizados seguiram os modelos das ações estratégicas de cunho participativo, de modo que a consultoria, o público alvo, as OGs (Organizações Governamentais) e ONGs (Organizações Não Governamentais), as assessorias e gerencias estivessem interagindo numa forma de participação linear e contínua, garantindo dessa maneira o desempenho do projeto. Na perspectiva de implantação do projeto usaram-se os seguintes recursos metodológicos:
• Visitas aos PDA;
• Articulação com assessores de gestão e RIT;
• Articulação com a gerência de fundos multilaterais para pensar a captação de recursos;
• Articulação com o movimento social: ONGs, Conselhos de Saúde, Fóruns, Redes de Solidariedade;
• Articulação com as Coordenações Estaduais e Municipais de DST/AIDS;
• Articulação com a gerência de operações para estar pensando nas políticas da Visão Mundial Brasil para a epidemia;
• Relatórios

Observe a seguir o quadro lógico do Plano de Trabalho:

Plano de Ação do Projeto HIV/AIDS :

AÇÕES OBJETIVOS METODOLOGIA PERÍODO
Pesquisa nos PDA’s Obter informações sobre a incidência de HIV e AIDS e a potencialidade dos PDA’s para a implantação das ações estratégicas recomendadas pela VMB - Aplicar um questionário em cada PDA
- Pesquisa documental nos órgãos oficiais e institutos de pesquisa Junho e julho / 02
Capacitação dos Assessores de Gestão e RIT responsáveis pelos PDA’s selecionados A assessoria a qualidade e o desenvolvimento das ações em tempo hábil. Encontro com Assessores Julho / 02
Oficina com os PDA’s Sensibilizar as equipes para a necessidade de implementação das ações Encontro com PDA’s (02 representantes de cada Projeto) Julho / 02
Realização da Análise de Situação dos PDA’s frente a problemática de HIV/AIDS Explorar o contexto local para subsidiar a elaboração das estratégias nos PDA’s - Aplicação e técnicas de coleta de dado
- Levantamento estatístico
- Análise dos dados Agosto / 02
Oficina com os PDA’s Capacitar as equipes para desenvolverem ações no eixo da prevenção, uso de preservativo, etc. Encontro com os PDA’s (02 representantes de cada Projeto) Setembro / 02
Oficina com os PDA’s Capacitar as equipes para desenvolverem ações no eixo da Assistência (aconselhamento pré e pós-teste, normas e diretrizes da política nacional, terapia enti-retroviral, entre outros) Encontro com os PDA’s (02 representantes de cada Projeto – coordenador e facilitador de saúde) Outubro / 02
Planejamento das atividades nos PDA’s Estruturas as ações para uma intervenção na área de HIV/AIDS Visitas a cada Projeto (viagens consultoria) Novembro / 02
Contatar com o SM, OG’s e ONG’s Captação de recursos Articulação e alianças estratégicas Permanente
Participação em Eventos Nacionais e Locais Inserir a VMB nos espaços de discussão sobre a política Nacional de HIV/AIDS Articulação com ONG’s e OG’s e Séc. da Saúde Periodicamente
Acompanhamento das atividades desenvolvidas nos PDA’s Garantir a implementação efetiva, monitoramento e avaliação. Via e-mails e/ ou correios Permanente
Elaboração de Relatórios Informar o progresso das ações as gerências Trimestralmente
Promoção do marketing das iniciativas da VMB em HIV/AIDS Posicionar a VMB como uma das ONG’s de referência em HIV/AIDS A partir de dezembro / 02
Elaborar as linhas para implementação do Programa de prevenção e redução do impacto sócio-econômico do HIV/AIDS da VMB Implantar o Programa Maio/junho/03


O período acordado entre a consultoria e a VMB para a implementação do projeto pela VMB foi de um ano. Deram-se início as atividades no mês de junho de 2002. O prazo de implementação do projeto durou um ano e seis meses (ultrapassando seis meses além do acordado). Enumera-se a seguir alguns que fatores que explicam esse tempo:
• Incompatibilidade das agendas: Consultoria e PDAs;
• Distância geográfica;
• Multiplicidade de ações a serem desenvolvidas no mesmo tempo hábil;
• Escassez de tempo nas agendas das gerencias para acompanhar o Projeto;
• Incompatibilidade entre a agenda da consultoria e a agenda oficial da Visão Mundial Brasil;
• Necessidade de sensibilização da Visão Mundial Brasil para com a questão do HIV/AIDS a partir do projeto que já estava sendo operacionalizado pela consultoria;
• Incompreensão por parte da Visão Mundial da metodologia adotada pela consultoria para desenvolver o projeto;
• Falta de equipe de apoio para a consultoria;
• Direcionamento dos interesses da organização só na captação de recursos;
• Desconhecimento por parte da Visão Mundial Brasil das configurações da demanda do ativismo que atua no controle social da AIDS, ao longo dessas duas décadas;
• A política de trabalho pragmática da Organização, requerendo respostas imediatas de ações que requerem tempo para serem realizadas;
• O desconhecimento da Organização do conteúdo teórico e pratico do “Pacote de Ferramentas do Projeto Iniciativa Esperança” que já estava sendo implementado em outros países da América Latina e Caribe;
• Os interesses da Organização voltados apenas para captação dos recursos que estão disponíveis para as ONGs que atuam no combate a epidemia.

O que se está pontuando aqui deve ser compreendido como questões da metodologia de trabalho da Organização que terminou por criar limitações no espaço-tempo para a consultoria desenvolver o trabalho. A falta de discussões entre as gerencias: operações e captação de recursos e a consultoria terminou levando a consultoria a encaminhar as ações do projeto sozinhas sem ter apoio estratégico da Organização.
Como o trabalho de consultoria demanda tempo para ser executado, e em se tratando da questão AIDS o tempo requerido é ainda maior, fez-se necessário criar uma agenda de trabalho diferenciada da agenda oficial da Organização, o que não foi considerado pela mesma.
No intento de garantir resultados satisfatórios a metodologia de trabalho da consultoria se referendou nos modelos metodológicos de outras ONGs brasileiras, a exemplo do GAPA São Paulo, ABIA Rio de Janeiro, GIV São Paulo, mas não ficando unicamente nesses modelos. Também se esteve em sintonia com os modelos de outras ONGs/AIDS do Nordeste. O que possui pertinência, visto que, os modelos brasileiros das ONGs atuarem para enfrentamento da epidemia estão articulados com os modelos da ONGs globais, havendo uma considerável interação multicultural entre os continentes para tratar da Pandemia de AIDS.

Considerando que a Visão Mundial Brasil está em fase de aproximação com a temática AIDS, aqui no país, a consultoria entendeu ser estratégico tomar como referência metodológica os modelos dessas Organizações, experientes no trabalho, com o tema da AIDS, vendo também a possibilidade de em outras situações estar tecendo redes de parcerias com o movimento social organizado. Até porque, esse caminho também é significativo para as articulações com o poder público e as políticas governamentais do Estado Mínimo de Bem-Estar-Social para atendimento do indivíduo vivendo com o HIV/AIDS nos seguintes aspectos:
• Terapia Anti-retroviral,
• Atendimento médico ambulatorial,
• Atendimento hospitalar: hospital dia, internamentos, número de leitos, medicamentos, vacinas, pessoal capacitado, recursos para financiamento de projetos das ONGs/AIDS,
• Articulação com agências financiadoras,
• Campanhas de comunicação de massa em datas específicas,
• Políticas para sensibilização para a adesão do tratamento medicamentoso,
• Políticas de Redução de Danos para os usuários de drogas não permitidas,
• Políticas para atendimento das mulheres, especificando as gestantes e as nutrizes,
• Políticas para populações confinadas, populações descriminadas por orientação sexual, trabalhadores e trabalhadoras profissionais do sexo, trabalhadores da mineração, construção civil, caminhoneiros, instituições religiosas, redução de danos: os usuários das drogas ilegais, e outros tantos.
• Políticas para populações semi-excluídas dos direitos sociais envolvendo questões jurídicas graves como: benefício do INSS, aposentadoria, medicação para doenças originadas dos efeitos colaterais da Terapia Anti-retroviral, entre outras.
Considerando ainda que a VMB não possua um modelo metodológico definido para tratar desse tema AIDS, o que pode ser explicado e compreendido em decorrência da sua singela aproximação e discernimento das interfaces que a temática impõe para sua discussão, a abordagem é bem difícil de ser operacionalizada.
O conhecimento desse contexto brasileiro da epidemia da AIDS foi tomado pela consultoria como uma linha de base para a implementação do plano de trabalho do Projeto HIV/AIDS nos PDAs e também nas articulações estabelecidas com as OGs e ONGs. Desenvolver ações em articulação com esse movimento foi considerado essencial para deixar a Visão Mundial Brasil devidamente conhecida dentro dos campos de discussão e de enfrentamento, equipada com o saber teórico e prático dos novos conteúdos, culturas e linguajem que o fenômeno da AIDS desvela. Considerando ainda, que esse caminho levaria ao reconhecimento pelo poder público e das ONGs/AIDS do programa da Visão Mundial Brasil para a epidemia, o que conseqüentemente desaguaria na possibilidade de implementar ações estratégicas, através da formação de redes com o Programa Nacional para combate ao HIV/AIDS, causando impactos na redução do índice da infecção no país sendo esse um dos objetivos da Organização.

II – AÇÕES DESENVOLVIDAS

Oficinas de Sensibilização em HIV/AIDS:
As oficinas de sensibilização em HIV/AIDS correspondem a uma das ações estratégicas do plano de trabalho do Projeto HIV/AIDS que causaram impactos muito fortes nas pessoas quando foram sensibilizadas, visto que, foram importantes para aproximar essas pessoas da discussão teórica do fenômeno, bem como da realidade prática no trato para enfrentamento da epidemia; das experiências vividas por pessoas que foram afetadas, tanto as que foram infectadas, como com os familiares, amigos, trabalho, e outros mais. As oficinas foram sendo todas executadas no decorrer do desenvolvimento de todo o projeto, com uma metodologia de negociação com os PDAs, tomando-se como referência alguns indicadores relevantes no enfrentamento dessa realidade, como o indicador índice de infecção, os programas governamentais e não governamentais para tratamento, o movimento social organizado, que faz o controle social, a questão das políticas públicas de assistência, entre outros. Desse modo, a ordem de realização para as oficinas foi flexibilizada tomando como modelo metodológico o reconhecimento das diferenças contextuais de cada localidade, para garantia do êxito das mesmas.
As oficinas foram realizadas na seguinte ordem:
1. Oficinas de sensibilização para os assessores de gestão e RIT da gerência de operações;
2. Oficinas de sensibilização para as coordenações dos PDAs;

Os temas tratados nas oficinas estiveram em consonância com as temáticas que estão imbricadas na discussão do HIV/AIDS, que não nasceram a partir dela, mas foram se ressignificando nela. São temas que envolvem basicamente as vivências humanas. Dentro desses temas podem ser destacados alguns que já permeavam as discussões nos espaços públicas e privados da saúde, desde os séculos anteriores ao nosso. Os temas que tratam da sexualidade, das outras orientações sexuais, da questão de gênero, da saúde reprodutiva e outras tantas mais, que foram surgindo, passaram a integrar os discursos, tanto da academia, como do senso comum, representado nas manifestações dos movimentos sociais, dando a estes uma nova configuração; também as políticas públicas de saúde, do aconselhamento psicológico individualizado e grupal, da relação entre o médico e o paciente, da discussão da intimidade, que passa agora a ser tratada nas instâncias da esfera pública, com as novas identidades interagindo: soronegativos para soropositivos, que terminou por desaguar no preconceito e discriminação, compondo o novo universo simbólico e imaginário da sociedade, para serem tratados, discutidos e apreendidos pelos indivíduos. Considerando todo esse contexto intelectual que a epidemia da AIDS desvela, é que foram escolhidos os temas para as oficinas.
Essa ação foi desenvolvida em dois momentos básicos, de acordo com a disponibilidade das agendas dos grupos em perspectiva. Primeiro foram sensibilizadas as assessorias de gestão de RIT do eixo de Operações da Visão Mundial Brasil, depois foram sensibilizadas pessoas funcionárias dos PDAs: coordenadores, agentes de saúde, coordenador da área de educação sendo extensivo a outros profissionais de saúde que tinham articulações com os PDAs, a exemplo dos profissionais de alguns PSF (Programa de Saúde da Família).
As oficinas foram realizadas em módulos, de forma que se usou uma metodologia participativa de agregar os PDAs por aproximação entre os estados, facilitando a logística para operacionalização. Portanto, as oficinas foram realizadas em 04 módulos:

1. Assessores da gerencia de operações;
2. PDAs dos Estados de Pernambuco e do Rio Grande do Norte – Cidade de Natal – Zona urbana;
3. PDAs dos Estados do Ceará e do Rio Grande do Norte – Zona Rural;
4. PDAs dos Estados das Alagoas, Bahia, Sergipe.

Descrevem-se a seguir as formas de operacionalização de cada um dos módulos, visto que, os mesmos foram executados em datas e locais diferentes. Essa metodologia permitiu uma visibilidade diferenciada das respostas dadas pelos participantes. Os objetivos pretendidos pela consultoria eram os de aproximar as pessoas da discussão do tema da AIDS bem como dos temas que ela desvela, e a partir disso, deixá-las sensibilizadas para o trato dessa realidade nos locais onde atuam. O recurso metodológico das oficinas de sensibilização para o HIV/AIDS deverá sempre dar uma resposta otimizada no que tange a quebra dos mitos e preconceitos que as pessoas tem e que envolvem também os medos de tratar de temas como morte, doenças, hospitais, sexualidade, culpa, e tantos outros desvelados pelo tema; também informar acerca dos aspectos etiológicos do Vírus HIV e da AIDS, as formas diferentes de contágio, os modos de prevenção, os índices de infecção no país e as políticas governamentais para enfrentar a epidemia.

Para cada oficina foram adotados procedimentos logísticos, compatíveis com o contexto local e o público alvo. Assim, entre o período de realização das oficinas sempre houve algumas estratégias que se diferenciaram, mas que não alteraram em nada o conteúdo sistematizado e oferecido.

Primeiro módulo das oficinas:
O primeiro módulo de oficinas foi realizado com as assessorias da gerencia de operações. Para a realização dessas oficinas fez-se a seguinte logística:

• Reunião com a assessora de gestão de operações para definir a equipe e os PDA’s que deveriam ser sensibilizados.
• Reunião com a Coordenação Estadual de DST/AIDS de Pernambuco buscando apoios técnicos, pedagógicos e recursos materiais de divulgação: cartazes, cartilhas, textos, boletins que divulgam as ações governamentais para enfrentar a epidemia. Esses apoios são fundamentais para a aproximação entre a Visão Mundial e a Coordenação Estadual de DST/AIDS, visto que essa estratégia também possibilita a visibilidade das ações que estão sendo implementadas.
• Planejamento técnico e administrativo: definição do local para o encontro, levantamento dos custos operacionais e da programação com apoio técnico da assessoria de gestão de operações e da assessoria técnica da Coordenação Estadual.

Estas oficinas foram realizadas no Sítio ACAMPE, no Município de Itapissuma – PE, nos dias 28 e 29 do mês de julho de 2002 com a participação de 20 pessoas, além da consultoria e dos monitores, cuja programação consistiu nas atividades a seguir:

• Abordagem teórica da AIDS: questões referentes ao surgimento da Epidemia, as políticas públicas brasileiras para enfrentamento, as formas de contágios, a diferença entre o ser soropositivo e o ser doente de AIDS, a terapia anti-retroviral.
• Relatos das experiências de uma pessoa com HIV que integra um grupo que faz palestras em empresas e escolas sobre a AIDS.
• Palestra da Coordenadora do Grupo Viva RACHID, uma ONG que desenvolve trabalhos com crianças soropositivas e suas famílias.

A metodologia utilizada consistiu em aulas expositivas, uso de recursos audiovisuais, como retro-projetor e dinâmicas de grupos.
Temas das oficinas:
• Viver e Deixar Viver;
• O Que é a AIDS? Compartilhando as Experiências;
• AIDS: Trabalhando os Conhecimentos;
• AIDS x Crianças x Família x Trabalho: Experiências que Dão Certo;
• AIDS: Questão de Prevenção;
• Epidemiologia e HIV/AIDS;
• Os Caminhos e Descaminhos do Viver Positivo;
• Discussão sobre o Projeto de HIV/AIDS da Visão Mundial

Resultados das oficinas do primeiro módulo:
Os resultados das Oficinas foram muito proveitosos. A resposta dada pelo grupo ao conteúdo transmitido pelos monitores correspondeu sensivelmente as expectativas. O grupo se mostrou sensibilizado para o tema, porém, a exemplo de tantos outros, demonstrou comportamentos comuns como:
• Desconhecimento das questões referentes ao HIV/AIDS como qualquer outra pessoa que vai ser sensibilizada para o HIV/AIDS, e, independentemente do nível de formação escolar, sociocultural e econômico. Surgiram algumas perguntas iniciais tais como o que é AIDS, como se dá o contágio.
• Receio de se expressar nas dinâmicas de grupo acerca de questões referentes à sexualidade e a práticas sexuais.
• Demonstração de inibição diante do depoimento de uma pessoa vivendo com HIV
Em fim, observou-se que o comportamento do grupo ao longo de todo o trabalho, foi igual ao de qualquer outro grupo, quando se trata do tema AIDS. Ficou claro também que o nível intelectual não é relevante, no sentido de fazer com que as pessoas tenham um comportamento diferente para a questão do HIV/AIDS.

Segundo módulo:
Oficinas para as coordenações dos PDAs
No que tange as oficinas para as coordenações dos PDAs procurou-se realizá-las em módulos com os PDAs agrupados por Estado, Cidade e Região, tomando como referência estratégica a distância geográfica entre eles, como pode ser visualizado nos quadros a seguir:
Quadro dos PDAs do Primeiro Módulo

Estado Cidades PDA Região
Pernambuco Recife 02 Urbana
Pernambuco CABO 01 Urbana
Pernambuco Serra Talhada 01 Rural
Pernambuco Ouricuri 01 Rural
Rio Grande do Norte Natal 01 Urbana


Na realização dessas oficinas foram contemplados alguns temas diferentes das primeiras oficinas com os assessores da VMB. Teve-se que considerar a diferença de nível de informação e de formação do grupo em perspectiva bem como se acrescentar outros temas que a discussão da AIDS envolve e que são relevantes para capacitar o pessoal dos PDAs, dando-lhes maior formação nesse acerca do conteúdo em pauta. Especialmente, porque essas pessoas dão de projetos em regiões mais carentes e alguns meios de informação como jornais, revistas, não chegam com muita facilidade até elas.
A logística para essas oficinas seguiu o modelo das do primeiro módulo, com o acréscimo de que se procurou contatar com as coordenações dos PDAs para ter a colaboração das mesmas nesse processo, visto que a participação dessas coordenações funcionava como uma espécie de laboratório para as mesmas. Também se pôde contar com o apoio dos assessores de gestão para ajudar na viabilização de algumas tarefas. Então, a logística para essas oficinas pode ser observada a seguir:

• Planejamento estratégico para definição do local, levantamento dos custos operacionais e planejamento da programação, contatos com os monitores para as oficinas com o apoio da gerencia de operações e assessoria de gestão.
Estas oficinas foram realizadas no Sítio ACAMPE, no Município de Itapissuma/PE, nos dias 28 a 31 de outubro de 2002 com 26 participantes, cuja programação consistiu do seguinte:
• Abordagem teórica da AIDS: questões relativas ao surgimento da epidemia, apresentação das políticas públicas brasileiras, estaduais e municipais, para seu enfrentamento; as formas de contágios; a diferença entre o ser soropositivo e o ser doente de AIDS; a terapia anti-retroviral; o tratamento das mulheres gestantes e nutrizes infectadas e com AIDS, e das crianças soropositivas e com AIDS.
• Relatos das experiências práticas do viver soropositivo, integrante do Grupo de pessoas soropositivas GAMI (Grupo de Agentes Multiplicadores de Informação) que realizam palestras em hospitais, escolas, empresas e outros locais sobre o HIV/AIDS, enfocando também a discussão dos direitos da pessoa soropositiva, da redução de danos para os usuários de drogas não permitidas, e os impasses entre a igreja e a questão da AIDS.
Os primeiros PDA’s que participaram das oficinas foram os de Pernambuco e um da Cidade de Natal no Estado do Rio Grande do Norte. Assim, nessa ocasião foram sensibilizados os seguintes PDA’s:
1. Novo Chão (Recife/PE)
2. Jardim Uchôa (Recife/PE)
3. Vila da União (Cabo de St° Agostinho/PE),
4. PROPAC (Serra Talhada/PE)
5. Caatinga (Ouricuri/PE)
6. PRODURN (Natal/RN).

Os temas das Oficinas:
-Aspectos Clínicos e Epidemiológicos do HIV/Aids
-O Que Sabemos Sobre a Aids
- Direitos e Deveres das Pessoas com HIV e Aids
- Gênero, Sexualidade e Aids.
- Capelania em HIV/AIDS - a solidariedade das igrejas
- Grupos de Ajuda Mútua – tecendo as redes de solidariedade
- Drogas e Aids – Redução de Danos
- Sexo Seguro e HIV/Aids
- Mitos e Preconceitos
- O Que é Direitos Humanos
- Discussão do Projeto HIV/AIDS da Visão Mundial para os PDA’s do Nordeste

A metodologia utilizada consistiu em aulas expositivas teóricas e práticas com recursos audiovisuais como retro-projetor, dinâmica de grupos, elaboração de cartazes, data show, dramatização.
Observe a seguir o quadro das oficinas com seus respectivos monitores:

Quadro Esquemático das Oficinas e Monitores em Pernambuco

Monitores Formação Procedência Oficinas Tempo de Duração
Maria Carolina Formada em Direito Visão Mundial Brasil Direitos Humanos na Infância 2 horas/aula
Fátima Moreira Assistente Social Coordenação Estadual DST/AIDS/PE Mitos e Preconceitos; Sexo Seguro; O Que Sabemos sobre AIDS 6 horas/aula
François Figueirôa Médico Sanitarista Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco: Coordenação de DST/AIDS Aspectos Clínicos e Epidemiológicos do HIV/Aids 4 horas/aula
Acioly Neto Sociólogo Secretaria Municipal do Recife: Coordenador DST/Aids Gênero, Sexualidade, AIDS 2 horas/aula
Kariana Lima Advogada ONG GESTOS Direitos das Pessoas Soropositivas 2 horas/aula
Célia Regina Psicóloga ONG ASAS Capelania em HIV/AIDS 2 horas/aula
Jair Brandão Agente Multiplicador ASAS/GAMI O Viver Soropositivo: Grupos de Ajuda Mútua 2 horas/aula
Suely Matos Advogada Centro Eulâmpio Cordeiro Drogas e AIDS: redução de danos 2 horas/aula
Miriam Fialho Socióloga Consultora da Visão Mundial Projeto HIV/AIDS – Visão Mundial 3 horas/aula

Resultados das Oficinas em Pernambuco:
Os resultados das oficinas foram muito proveitosos. A resposta do grupo, ao que foi exposto pelos monitores, correspondeu significativamente às expectativas. O pessoal dos PDA’s se mostrou sensibilizado para o tema, mesmo que no começo ele tivesse demonstrado uma conduta similar à de tantas outras pessoas que desconhecem os conteúdos teóricos e práticos da epidemia. Todavia, a inibição para com o tema e os monitores foi vencida muito rapidamente e pôde-se observar uma ótima sinergia durante todo o encontro entre os participantes e os monitores.

Avaliando os resultados das oficinas de Pernambuco:
A avaliação é um momento significativo no final de um dado trabalho realizado. Sua maior importância está no fato de que é a partir da sua execução que são obtidas, ou não, a confirmação dos objetivos pretendidos. Para garantir um ótimo resultado na avaliação alguns indicadores de aferição dos resultados foram tomados: o recurso metodológico adotado pelo monitor; os impactos da exposição oral do conteúdo transmitido; a avaliação do participante pontuando questões como: a sua impressão sobre os temas das oficinas, a oficina que ele mais gostou e por que, a oficina ele que menos gostou e por que, o que a oficina trouxe de novo para a sua vida, se as oficinas atenderam as suas expectativas. De acordo com a avaliação do grupo, a experiência com as oficinas foi enriquecedora para todos. Foram mostrados alguns recortes significativos do que foi para a vida pessoal de cada um, ser sensibilizado para o HIV/AIDS.
No final das oficinas o grupo demonstrou estar totalmente sensibilizado com a questão do HIV/AIDS e também estimulado para desenvolver ações de sensibilização em seus PDA’s, repassando o conhecimento que lhes foi transmitido. Podemos confirmar isso nas falas de alguns dos participantes:
“Para mim foi muito importante participar das oficinas. Foi de grande importância, pois superou expectativas e ofereceu mais conhecimento” (fala de participante).

“Ótima! Porque ajuda a tirar muitas dúvidas” (fala de participante).
“Muito boas às oficinas! Com certeza o PDA deve implantar o programa. Tirou muitas dúvidas” (fala de participante).

“De grande valia, pois trouxe a luz até que ponto nós, como sociedade, temos sido preconceituosos com as pessoas soropositivas e quanto temos sido omissos em nosso papel na sociedade” (fala de participante).

“Os temas todos apresentaram grande relevância para a realidade que estamos vivendo em relação à propagação do HIV e da Aids e principalmente da chamada a responsabilidade de todos nós” (fala de participante).


Nas oficinas apontadas pelo grupo, como as que mais ele gostou, temos as que tratam dos temas que estão mais ligadas às experiências da vida pessoal dos participantes, e especialmente que tratam da sexualidade. Assim, como demonstra o quadro ilustrativo abaixo, o grupo revelou ter sintonizado a sua sensibilidade para a apreensão dos conteúdos que tratavam do aspecto da sexualidade no HIV/AIDS.
Na questão da avaliação em que se perguntou acerca da oficina que mais gostaram tivemos a oficina Mitos e Preconceitos como a favorita. Dos participantes, nove pessoas do grupo disseram ser a que mais gostaram. Essa escolha pode ser justificada como sendo esse tema que as ajudou pensarem suas condutas, seus próprios mitos e preconceitos, tão presentes na experiência do viver soropositivo. Segundo as pessoas do grupo elas não se consideravam pessoas que tivessem mitos e preconceitos com alguém e a oficina ajudou a dismitificar essas questões em suas vidas. Vale salientar que estes recortes de falas do grupo estão registrados nos formulários respondidos por ele na avaliação escrita que foi feita ao final das oficinas. Vejamos algumas falas:
“A oficina que eu mais gostei foi Mitos e Preconceitos”. Porque levantou os comportamentos que se tem e nem se percebe que é preconceito”(fala de um participante).

“Mitos e Preconceitos. Porque serviu para dismitificar nossos próprios preconceitos e em especial começou a criar uma nova leitura sobre a doença e a pessoa infectada” (fala de um participante).

“A que eu mais gostei mesmo, foi Mitos e Preconceitos. Porque abriu o meu entendimento para uma nova realidade sobre o HIV e a Aids” (fala de um participante).

“Mitos e Preconceitos. Além da dinâmica de trabalho, que foi muito boa, usada pela facilitadora o próprio assunto nos deixa muito sensíveis, vendo o quanto precisamos mudar nossas atitudes em relação ao soropositivo”(fala de um participante).

O quadro a seguir, ilustra quais foram as melhores oficinas escolhidas pelo grupo.

Oficina que mais gostou Nº de Pessoas Observações gerais
1º lugar: Mitos e Preconceitos

2º lugar: Aspectos Clínicos e Epidemiológicos

3º lugar: Gênero, Sexualidade, e Aids

4º lugar Sexo Seguro 09 pessoas


05 pessoas



04 pessoas


03 pessoas Consideramos que a preferência pelas oficinas 1º, 3º, e 4º lugar, se dá pelo fato das pessoas identificarem no conteúdo exposto situações vividas por elas próprias.
Já na oficina que vem em 2º lugar, pode-se explicar esse fato pelo impacto causado na demonstração do alto índice de infecção em Pernambuco, que eles desconheciam completamente.

Outros indicadores pontuados pelo grupo em suas avaliações justificam a sua preferência por essas oficinas como vemos no quadro a seguir:
-clareza do Monitor ao tratar do tema
-as dinâmicas usadas para tratar dos temas
-levar o grupo a pensar em seus próprios mitos e preconceitos
-incentivo ao grupo para criar uma nova leitura sobre a doença e a pessoa soropositiva
-linguagem simples no momento da exposição oral
- didática bem organizada para trabalhar com os cartazes e os folders e outros recursos ilustrativos.


Indicadores Para Avaliação das oficinas e do grupo:
Os Indicadores tomados como critérios metodológicos para avaliar as oficinas, e a participação do grupo:
Impactos dos temas no imaginário do grupo: observados através das falas;
Metodologia usada pelos monitores e a participação do grupo a partir dos efeitos que as metodologias causaram: as dinâmicas de grupo, as leituras de textos, a confecção de cartazes, entre outros;
Capacidade de apreensão do conteúdo dado, sobre o HIV/AIDS: ilustrado em todo o material de consulta apresentado como livros, o uso de transparências, datashow, folders, cartazes, dentre outros;
Encontro com a pessoa soropositiva: a aceitação social, as formas de formular as perguntas, o cuidado em não demonstrar preconceitos, dentre outros;
Intimidade com a temática: uso da nova linguagem que a AIDS impõe, o relato de experiências pessoais e domésticas sem medo de falar no grupo sobre elas, o acesso aos acessórios como camisinha masculina e feminina sem receio de mostrar desconhecimento prévio desses produtos, desenvoltura na hora da aula prática, manuseio de outros acessórios de métodos contraceptivos como o Diu, geléias, lubrificantes, dentre outros;
Sinergia entre o grupo e os Monitores: por meio do sistema de perguntas e respostas nas dinâmicas de grupo;
Capacidade de sistematização do grupo: a partir da formação dos conceitos construídos sobre os temas de cada oficina dada.
Criatividade nas dinâmicas: observação da ação participativa do grupo a partir do conteúdo operacionalizado nas atividades práticas, desenvoltura nos relatos, demonstração de domínio do conteúdo dado, forma de exposição clara e objetiva, tarefas executadas demonstrando ótimo nível de aprendizado.

Nesse aspecto da avaliação, observe a seguir no “Quadro Demonstrativo” das Oficinas, como as metodologias que foram usadas pelos monitores causaram impactos no imaginário social do grupo.

Período
Oficinas Metodologia Impactos no Grupo Avaliação da Consultoria
28.10.02 - Manhã



28.10.02 - Tarde





29.10.02 – Manhã
(Duas Oficinas)

29.10.02 - Tarde



30.10.02 –Manhã




30.10.02 –Tarde





31.10.02 –Manhã






31.10.02-Tarde







31.10.02 -Tarde

Visão Mundial na Luta Contra a AIDS


Direitos Humanos da Criança e Adolescentes.




O Que Sabemos sobre AIDS



Mitos e Preconceitos



Aspectos Clínicos e Epidemiológicos do HIV/AIDS
Direitos e Deveres do Soropositivo
Capelania em HIV/AIDS: apoio emocional espiritual.
Gênero, Sexualidade e AIDS.
Grupos de Ajuda Mútua: o viver soropositivo
Drogas e AIDS: redução de Danos
Sexo Seguro. Exposição oral com recursos de transparência do projeto HIV/AIDS
Exposição conceitual do tema; leitura e discussão de texto sobre Direitos Humanos na infância e adolescência.
Exposição oral do tema e dinâmica de grupos.
Estudo de textos em pequenos grupos; discussão do tema com todos juntos.
Exposição oral com recurso áudio visual de datashow
Exposição Oral do tema e divisão em grupos, dinâmica de grupo: simulação de um júri popular tratando da questão AIDS.
Exposição oral de uma proposta de Serviço de Capelania para pessoas soropositivas e com AIDS.
Exposição oral do tema, dinâmica de grupo e ilustrações em cartazes.
Exposição oral de um soropositivo da sua experiência de infecção e da participação em um grupo de ajuda mútua numa ONG/AIDS.
Exposição Oral com recursos de transparências.
Exposição oral e divisão em pequenos grupos elaborando cartazes ilustrados com palavras chaves que indicassem situações de risco de contrair a infecção. Questionamentos acerca do Projeto e sua operacionalização no PDA
Discussão acerca da ocorrência de casos de abuso sexual de crianças e adolescentes nas áreas de influência dos PDA’s.
Participação ativa do grupo com perguntas e respostas.

O grupo participou ativamente reconhecendo os seus próprios mitos e preconceitos.
O grupo demonstrou-se surpreso face ao alto índice epidemiológico do HIV e da AIDS no Brasil.

Houve participações ativas do grupo, que demonstrou grande interesse em conhecer mais sobre o assunto.

O grupo demonstrou um certo desconhecimento acerca de um atendimento de capelania, fez muitas perguntas.

Essa Oficina teve uma grande repercussão no grupo, que se interessou em saber mais acerca de questões referentes às relações afetivas entre homens e mulheres.

O grupo demonstrou uma certa emotividade face aos relatos do soropositivo, pois ele não aparentava estar com o HIV.

Grande participação do grupo de participantes. Essa Oficina suscitou muitas perguntas.

Participação intensiva do grupo com muitas perguntas acerca das formas de praticas sexuais seguras.

Ótima aceitação do Projeto por parte dos Coordenadores

O Grupo considerou a tema como sendo necessário de ser trabalhado nos PDA’s

Ótima avaliação do grupo; esclareceu acerca dos modos de contrair e transmitir o HIV.

Esta Oficina foi considerada a melhor, pelo grupo

O grupo demonstrou surpresa quanto às informações sobre a evolução da epidemia no país e no mundo.

Essa Oficina foi avaliada pelo grupo como excelente porque trouxe informações novas para ele.

Essa Oficina foi vista como reveladora, pois demonstrou a necessidade do apoio humano, psicológico e cristão para os soropositivos.

Algumas pessoas relataram que essa oficina foi de muita utilidade para suas vidas pessoais.

O gruo avaliou essa oficina como indispensável para quem for trabalhar com a questão AIDS e também teve uma visibilidade dos Efeitos da terapia anti-retroviral para a pessoa soropositiva.

O grupo considerou o tema bastante difícil de ser trabalhado.

O grupo elegeu essa oficina como uma das melhores.

As respostas dadas pelo grupo considerando todo o conteúdo que foi exposto, a partir do resultado das avaliações, corresponderam sensivelmente às expectativas. Assim, podemos enumerar alguns indicadores como resultados satisfatórios:
 Motivação: o grupo, no final, mostrou-se sensivelmente motivado para implantar o Projeto de combate a Aids em seu PDA.
 Questões básicas que envolvem o tema da Aids: o grupo demonstrou ter adquirido conhecimentos dos aspectos clínicos, etiológicos, e epidemiológicos do HIV/ Aids.
 Forma de contaminação: como se pega e não se pega o HIV, questões imunológicas, terapia anti-retroviral, o grupo discutiu ativamente esse recorte.
 Questão semântica da Aids: nova linguagem, com a recomendação de que o termo “AIDÉTICO” é vinculado a prática de preconceito e discriminação, desde o começo da epidemia, compreensão do conceito de “grupo de risco” que agora é comportamento de risco, a diferenciação entre ser um soropositivo e estar com Aids, saber o que é o viver soropositivo, o grupo demonstrou estar motivado para essas questões. Sentiu-se motivado a fazer o teste sorológico para o HIV.
 Meios de prevenção: uso dos preservativos para evitar a forma de transmissão; procurar os serviços de referência governamentais para fazer o teste sorológico.
 Formas de interagir com pessoas soropositivas e com Aids: amparo emocional e espiritual, visitas em hospitais para dar apoios sociais, humanos e espirituais, assistência social dando apoio para questões de internamento hospitalar, entre outros.
 Busca de sinergia com OG’s e ONG’s/AIDS: troca de endereços e contatos telefônicos e e-mails para estabelecer novos contatos com vistas a realização de oficinas para equipes do PDA.
 Interesse em conhecer mais sobre o assunto: demonstração de interesse por conhecer mais uma bibliografia especializada sobre o tema da AIDS, boletins epidemiológicos, panfletos, entre outros.

A confirmação dos resultados das oficinas também foi vista a partir do retorno que os PDA’s participantes deram ao retornar as suas comunidades.
PDA PROPAC: realizou reunião com toda a equipe e fez comunicação em forma de oficinas de todo o conteúdo que foi trabalhado.
PDA Novo Chão: Fez reunião com o grupo e repassou as informações que recebeu a partir das oficinas e participou das atividades comemorativas referentes ao dia 1º de Dezembro.
PDA Jardim Uchoa: Fez reunião com o pessoal do PDA, mães de crianças apadrinhadas e agentes comunitários de saúde e repassou todo o conteúdo trabalhado nas oficinas.
PDA CAATINGA: Realizou oficinas para os pais das crianças e para as crianças das comunidades, realizou evento na comunidade alusivo ao dia 1º de Dezembro; fez palestra na comunidade e participou de um debate na rádio comunitária do município sobre a AIDS, buscou o apoio dos órgãos municipais para realizar essas atividades.
PDA Vila da União: Fez reunião com a Equipe e repassou todo o conteúdo trabalhado nas Oficinas, participou dos eventos comemorativos do dia 1º de Dezembro Dia Mundial de Luta Contra AIDS.

Terceiro módulo das Oficinas:
O terceiro módulo das oficinas foi realizado no Estado do Ceará, agrupando-se a ele o Estado do Rio Grande do Norte com os PDAs da Zona rural.
Nessas oficinas foram adotados os mesmos temas das primeiras, fazendo-se apenas uma modelagem para adequação ao contexto local onde seriam realizadas. Essa modelação é necessária, em virtude de que os programas de combate a epidemia que estavam sendo desenvolvidos, mesmo que implementando as mesmas metas do programa nacional, são adaptados para a realidade social e política de cada região.
A logística para essas oficinas seguiu o mesmo procedimento das anteriores. Fazendo-se importante realçar aqui que se teve uma ótima colaboração dos assessores da VMB que atuam com os PDAs nesses Estados.
• Reunião com os assessores de gestão da Visão Mundial, responsáveis pelos PDA’s no campo, para discussão de datas, e planejamento das Oficinas.
• Reunião com as Coordenações de DST/AIDS do Estado do Ceará, buscando parceria para a realização do evento.
• Visitas aos PDA’s para agendar as oficinas.
• Visitas às ONG’s para conhecer os trabalhos desenvolvidos por essas organizações e convidá-las para participarem das Oficinas.
• Escolha do local
• Cotação de preços
• Compra de material de apoio

Participantes das oficinas:
Participaram 33 pessoas das Oficinas.
24 de PDA’s, 04 Assessores da Visão Mundial, um de SRC e três de gestão e a Consultoria.
01 pessoa do Pró-Micro da Visão Mundial em Fortaleza.
Do Estado do Rio Grande do Norte foram sensibilizados três PDA’s, preferencialmente da Zona rural do Estado, que foram os seguintes:
• PDA Santa Cruz – Município de Apodi
• PDA Jucuri – Município de Mossoró
• PDA Margarida Alves – Município de Mossoró
Do Estado do Ceará foram sensibilizados 05 PDA's, da Zona Urbana e Rural que foram os seguintes:
• Constelação – Município de Beberibe – zona rural
• CAUCAIA – Município de Caucaia – zona rural
• Pantanal – Município de Fortaleza – zona urbana
• Vida de Criança – Município de Fortaleza – zona urbana
• Ipaumirim – Município de Fortaleza – zona urbana

Para a realização das Oficinas foram adotados os mesmos recursos metodológicos, os mesmos temas, e o mesmo material de apoio técnico. O que se diferenciou foi às formas e os recursos didáticos, adotados pelos monitores.

Temas das Oficinas:
• Aspectos Clínicos e Epidemiológicos do HIV/AIDS
• Gênero, Sexualidade e AIDS
• Sexo Seguro na AIDS
• AIDS na Infância
• Adolescência, Sexualidade e AIDS.
• Agentes de Espiritualidade e AIDS – a questão religiosa
• Redes de Solidariedade – OG’s e ONG’s na luta contra a AIDS
• Redução de Danos – Drogas Ilícitas e HIV/AIDS
• Direitos Humanos e AIDS
• Mitos e Preconceitos na AIDS
• Grupos de Ajuda Mútua – o viver soropositivo
• A Visão Mundial na Luta contra a AIDS

Quadro dos PDAs do Segundo Módulo:

Estados Cidades PDAs Região
Ceará Fortaleza Pantanal Urbana
Ceará Fortaleza Ipaumirim Urbana
Ceará Fortaleza Vida de Criança Urbana
Ceará Caucaia Caucaia Rural
Rio Grande do Norte Beberibe Criarte Rural

Monitores das Oficinas:

• Telma Martins – Mestre em Saúde Pública – Coordenadora Estadual de DST/AIDS da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará.
• Verônica Benevides – Assistente Social – Assessoria da Coordenação Municipal de Fortaleza e Membro do CASA.
• Terezinha – Mestre em Psicologia Social – Psicóloga do Hospital São José (referência em atendimento de pessoas soropositivos e com AIDS).
• Francisco Pedrosa – Graduação em Jornalismo – Coordenador da ONG GRAB (Grupo de Resistência Asa Branca).
• Carlos Queiroz – Pastor – Assessor de Testemunho Cristão da Visão Mundial Brasil.
• Izabel – Advogada e Psicóloga – ONG CASA (Centro de Assessoria a Adolescência) e Membro da ABORDA.
• Paulo – Jornalista e Artista Plástico – ONG ACERD (Associação Cearense de Redutores de Danos) e Membro da ABORDA (Associação Brasileira de Redutores de Danos)
• Miriam Fialho – Mestre em Sociologia – Consultora da Visão Mundial em HIV/AIDS.

Avaliação das Oficinas:
As Oficinas, a exemplo das de Pernambuco, causaram um grande impacto no grupo de participantes. Na avaliação realizada vê-se que o conteúdo programático oferecido foi de alta qualidade. As pessoas participantes demonstraram muito interesse e empenho em apreender os conhecimentos transmitidos.
As oficinas pontuadas pelo grupo como as que mais gostaram, em ordem de pontuação, foram:
1. O viver Soropositivo
2. Mitos e Preconceitos
3. Redução de Danos
4. Sexo Seguro
5. Direitos Humanos
6. Agentes de Solidariedade: religião e AIDS.

Nessas oficinas as dinâmicas de acolhimento foram feitas pelos assessores da VMB que também estavam participando. Contou-se ainda com a participação do Pastor Carlos Queiroz dando uma oficina sobre a religião e a AIDS. Essa oficina versou sobre “papel social e dever cristão, junto às pessoas que estão vivendo o drama da epidemia”. Foi bastante enriquecedora para todos, pois conscientizou cada participante a refletir na questão AIDS não como uma questão dos Outros mas que é de todos nós e a partir dessa constatação cada ser humano deve se tornar um agente de espiritualidade, começando dele próprio em direção aos outros semelhantes .

Nessa experiência com as oficinas, o que se pôde observar foi que a questão da epidemia da AIDS desvela temas que são da intimidade das pessoas e que ao ouvir acerca deles, todos ficam surpresos face às revelações trazidas na vida de cada um.

Outro recorte que se observou foi o desconhecimento que as pessoas tem à cerca da epidemia e dos índices de infecção dentro dos seus Estados e municípios de residências estendendo-se a todo o território Nacional. Esse desconhecimento se estende também ao desconhecimento dos direitos civis, questão da cidadania, e as políticas públicas.

Como momento de recreação e lazer, já que a programação foi densa, em uma das noites se fez uma programação cultural. Essa programação constou da apresentação do produto cultural de alguns PDAs. O PDA Pantanal (Fortaleza) fez a apresentação de um Balé Clássico, com um grupo de meninas especiais; o PDA Vida de Criança (Fortaleza) apresentou uma enquête sobre o HIV/AIDS enfatizando as formas de prevenção e o cuidado médico; o PDA Constelação (Beberibe) apresentou uma dança de capoeira; o PDA Jucuri (R. G. Norte) apresentou um musical “Solo e Violão” feito por um funcionário.
O encerramento das oficinas foi feito com todo o grupo participante tecendo a “Rede de Solidariedade” para com o soropositivo.

Quarto Módulo das Oficinas:
O quarto módulo das Oficinas de Sensibilização foi realizado com os PDAs dos Estados das Alagoas, Sergipe e Bahia, no Estado de Sergipe. Para articular essas oficinas foram necessárias um tempo maior do que as anteriores. Alguns outros fatores corroboraram para isso: houve dificuldades em combinar datas que fossem compatíveis com todos os PDAs; a distancia geográfica entre os Estados dos PDAs; tempo na agenda da consultoria para viajar e conhecer e conhecer os PDAs; agendar reuniões com as Coordenações Estaduais e Municipais de DST/AIDS para apresentar o Projeto da VMB e articular o apoio dessas coordenações nas oficinas; o fato de se estar tratando com três Estados, visto que cada coordenação não considerava estratégico para elas estar dando apoio ao outro Estado (não havia ganhos políticos para sua gestão),. Então, para harmonizar essa logística e atender as necessidades de todos foi bastante complexo, tendo-se ainda, que considerar que nas agendas dos PDAs não havia nada programado para HIV/AIDS naquele período; bem como no plano financeiro.
A logística das oficinas:
• Reunião com os assessores de gestão da Visão Mundial, responsáveis pelos PDA’s no campo, para discussão de datas, e planejamento das Oficinas.
• Reunião com as Coordenações de DST/AIDS do Estado das Alagoas, Bahia e Sergipe buscando as parcerias para a realização do evento.
• Visitas aos PDA’s para agendar as oficinas.
• Visitas as Organizações Não governamentais articulando a participação dessas nas Oficinas
• Cotação em locais específicos para realização do evento
• Preparação do material de apoio a ser usado no evento
• Elaboração da programação diária das oficinas

Temas das Oficinas:
• Aspectos Clínicos e Epidemiológicos do HIV/AIDS
• Gênero, Sexualidade e AIDS.
• Sexo Seguro na AIDS
• AIDS na Infância
• Adolescência, Sexualidade e AIDS.
• AIDS e a questão religiosa: questão antropológica
• Redes de Solidariedade – OG’s e ONG’s na luta contra a AIDS
• Redução de Danos – Drogas Ilícitas e HIV/AIDS
• Direitos Humanos e AIDS
• Mitos e Preconceitos na AIDS
• Grupos de Ajuda Mútua – o viver soropositivo
• A Visão Mundial na Luta contra a AIDS

Quadro dos PDAs do Terceiro Módulo

Estados Cidades PDAs Região
Alagoas Palmeira dos Índios AAgra-Igaci Rural
Alagoas Pão de Açúcar Serra da Pedra Rural
Alagoas S. J. Tapera CACTUS Rural
Alagoas Maceió Brejal Urbano
Sergipe Japaratuba Um Lugar ao Sol Rural
Sergipe Japoatã Ladeiras/Ladeirinhas Rural
Bahia Salvador Santa Luzia Urbano
Bahia Salvador Ass. Mangueira Urbano
Bahia Valença Valença Rural

Participação nas oficinas:
As oficinas também foram realizadas com o apoio da Coordenação Estadual da Secretaria da Saúde do Estado de Sergipe, com a participação das ONGs: FMESE (organização de gênero que trabalha a questão da saúde reprodutiva); GAPA Sergipe (ONG/AIDS) e Rede Nacional da Cidadã Positiva; Grupo de Atores que Fazem representações Teatrais sobre a Prevenção das DST/AIDS da Coordenação de IST/AIDS de Sergipe.
Participaram das Oficinas 28 pessoas dos PDAs dos três Estados, 01 agente multiplicadora de informações em saúde do PSF de Sergipe, 02 enfermeiras do PSF do Município de Japaratuba, a assessora de gestão da VBM dos Estados da Bahia e Sergipe e a Assessora de Saúde dos Estados das Alagoas e de Sergipe, mas a consultoria da VMB. Fazendo um total de 32 pessoas.
A programação das oficinas foi elaborada em conjunto com a Coordenação de DST/AIDS da Secretaria da Saúde de Sergipe. Como Sergipe é um Estado pequeno e ainda não tem uma representação de ONG’s que atuem efetivamente no campo do controle social como outros Estados nordestinos, a exemplo de Pernambuco, Ceará e Bahia, fizeram-se necessário que a coordenação estadual disponibilizasse toda a sua equipe de trabalho, inclusive ele. Aqui é importante fazer referência que o pagamento dos monitores que deram as oficinas, e que não eram funcionários públicos e sim de ONG’s, isso em todos os Estados da federação onde foram realizadas, foi feito pelas coordenações de DST/AIDS de cada estado.

Quadro dos monitores que deram as oficinas:

Monitores Nº de Oficinas dadas Tema das Oficinas Metodologias Profissão
Almir Santana 02 Aspectos Epidemiológicos e Clínicos do HIV/AIDS; Exposição teórica, Atividades em pequenos grupos, Exposição de filmes, perguntas e respostas. Médico Sanitarista
Maria da Conceição Costa 03 oficinas Adolescência e AIDS; Sexo Seguro; Gênero e Sexualidade Exposição teórica, atividades em pequenos grupos, Clip Shart, debate Assistente Social, Especialização Saúde Pública, Professora.
Clarissa Andrade 01 Religião e AIDS – recortes antropológicos Aula teórica expositiva, atividades em pequenos grupos para desenho a mão livre de algumas interpretações das falas, debate. Mestre em Antropologia e Professora Univesitária
José Augusto de Oliveira 01 Redução de Danos e AIDS Aula expositiva, vídeo, perguntas e respostas. Psicólogo, Assessor no Programa de DST/AIDS de Sergipe
Marcelo Cristiano e Nicelma 01 As Redes de Solidariedades: OG’s e ONG’s Aula expositiva, demonstração de cartazes e folders de ONG’s e OG’s sobre HIV/AIDS e outras DST’s. Ele: Agente Multiplicador de Informação, ela: Assistente Social
Solange M de Lima e Maria Georgina 01 O Viver Soropositivo Palestra, filme, depoimentos acerca de suas soropositividades. Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/AIDS e Grupo Nacional da cidadã Positiva.
Rogério 01 Direitos Humanos e AIDS Aula expositiva, perguntas e respostas Estudante de Direito e Coordenador da ONHG GAPA/Sergipe
Miriam Fialho 01 Visão Mundial na Luta Contra a AIDS Exposição em transparência do Projeto HIV/AIDS Socióloga/ Consultoria da VMB


Avaliação das Oficinas:
A avaliação das oficinas foi feita em dois momentos que, por serem simultâneos se complementaram. Primeiro os participantes responderam a um questionário que avaliava o conteúdo geral das oficinas, envolvendo a logística do evento, os temas abordados, a oficina que mais gostaram e a que menos gostaram e por que. O segundo momento foi de cunho bastante participativo em que cada pessoa avaliou as oficinas de modo oral, pontuando a partir de todo o conteúdo ministrado o seu aprendizado e quais as experiências que levava para si daqueles dias de trabalho. Nessa avaliação as oficinas que causaram maior impacto foram as que estão pontuadas a seguir, em ordem de prioridade:
1. Aspectos clínicos e epidemiológicos do HIV/AIDS
2. Mitos e Preconceitos
3. AIDS e a questão religiosa – recorte antropológico
4. Grupos de ajuda mútua – o viver soropositivo
5. Gênero, Sexualidade e AIDS.
6. Sexo Seguro na AIDS
7. Visão Mundial na Luta Contra a AIDS
8. Direitos Humanos e AIDS.

Mesmo se fazendo essas distinções das oficinas que os participantes mais gostaram todas foram alvo de muitas discussões calorosas, com perguntas e tentativas de se entender como o PDA poderia estar desenvolvendo ações nesse eixo da prevenção e conhecendo os impactos dessas ações na redução do índice de infecção em suas comunidades. A participação de três monitores que são soropositivos causou um impacto muito forte no imaginário do grupo, especialmente quando esse foi levado ao confronto com os seus mitos e preconceitos acerca da epidemia e da imagem que tinham em seus imaginários sobre o tipo biológico de uma pessoa com o HIV ou a AIDS. A oficina de AIDS e Religião também impactou muito, tanto pela forma dinâmica de ser transmita, quanto pelo conteúdo teórico trabalhado, que deu aos participantes informações valiosas sobre a história da religião afra descendente, as religiosidades, os totens e os tabus, contidos nas doutrinas religiosas das instituições, e a busca das pessoas que estão infectadas por um amparo espiritual que lhes dá alento em suas novas condições existencial.
Completando os quatros módulos das oficinas vimos que essa ação foi valiosa para deixar as coordenações dos PDAs sensibilizadas para atuarem nessa temática, especialmente pela aproximação que foi feita entre eles, as coordenações estaduais, municipais, ONGs e pessoas vivendo com HIV/AIDS, que estão atuando no combate a epidemia nos seis estados que trabalhamos o que também nos deu uma amostra significativa das configurações do AIDS, dos trabalhos desenvolvidos e das experiências de vida das pessoas que estão vivendo o drama da AIDS. A conclusão a qual o grupo chegou, a partir de todo o conteúdo trabalhado nos quatro dias trabalhados significou o primeiro vinculo institucional de aproximação entre os PDA’s, as OG’s e ONG’s que atuam nessa área.

Apresentação cultural:
Em cada oficina se teve uma atividade cultural que sempre aconteceram em uma das noites do evento. Essa ação além de oportunizar um momento de descontração e lazer, também serviu para que fosse dada oportunidades dos PDAs darem uma certa visibilidade dos seus produtos culturais que cada um desenvolvia. Assim, observe a seguir no quadro lógico como se deu essa atividade em cada oficina:

Quadro Lógico da apresentação cultural dos PDAs

Oficinas/ Estados PDAs Produto Cultural Grupo Artístico
Pernambuco e R. G. Norte Caatinga e Propac Cânticos e Parodias Agentes comunitários dos PDAs
Ceará e R. G. Norte Região Rural Ipaumirim, Vida de Criança, Jucuri, Criarte, Pantanal Balé Clássico; Enquête sobre prevenção de IST/AIDS; Dança de Capoeira e Cânticos Inspirativos, Poesias. Crianças do PDA; Funcionários do PDA; Professor de capoeira do PDA; Funcionário do PDA; Funcionaria do PDA
Alagoas, Sergipe, Bahia Serra da Pedra, Um Lugar ao Sol, AAgra-Igaci Cantorias; Grupo de Danças, Coco de Roda e Ciranda Funcionário do PDA; Crianças do PDA; Funcionaria do PDA
Sergipe Coordenação Estadual IST/AIDS Peça Teatral sobre a Prevenção para o HIV/AIDS Grupo de Teatro Atores da Prevenção.

Esses momentos foram de muita alegria no evento, servindo para descontrair o grupo e ao mesmo tempo mostrar como a arte pode ser uma grande parceira nas campanhas de prevenção contra o HIV. As oficinas foram encerradas com a Construção da Rede de Solidariedade, onde cada participantes expressou um desejo em relação a AIDS e a solidariedade para com os que estão vivendo esse drama.

III - VISITAS AOS PDA’S:

As vistas aos PDAs foi outra ação implementada do projeto que deu resultados significativos. A experiência de trabalho no espaço in lócus, além de ser muito válida, porque, oportuniza conhecer o mundo real do público com o qual se está trabalhando, também funciona como um catalisador de idéias inovadoras, que surgem do mundo da vida das pessoas que habitam esses espaços, conhecedoras de certa realidade e vivência a qual só é conhecida por nós através de relatórios. Durante o período em que se esteve visitando os PDAs, muitas coisas foram sendo revistas e pensadas sobre o Projeto HIV/AIDS que Visão Mundial estava implementando e as melhores formas de planejar e desenvolver ações estratégicas que fossem possíveis de ser realizadas para uma resposta satisfatória no que se estava pretendendo. Algumas questões foram sendo colocadas pelos coordenadores dos PDAs que serviram de muito estímulo no sentido de realizar aquele trabalho. Algumas dessas questões diziam respeito ao tempo de duração do projeto – visto que alguns já estão com o seu tempo de encerramento definido pela Visão Mundial Brasil – Como ter recursos para implementar as ações específicas para HIV/AIDS; como ter a pessoa certa, devidamente capacitada para estar atuando com esse recorte da saúde, quando os programas de saúde dos PDAs ainda são muito frágeis e funcionam, na realidade de muitos PDAs, desenvolvendo ações que são do eixo do poder público da saúde? Nessa perspectiva, evidenciou-se a urgente necessidade de uma assessoria de saúde que estivasse acompanhando os PDAs dando suporte técnico em nível de formação e capacitação as equipes de saúde desses projetos.

Outras questões que foram tratadas durante as visitas estiveram voltadas para as especificidades teóricas, metodológicas, lingüística, que a epidemia da AIDS vem impondo às pessoas que se aventuram no seu trato. Temas como doença, morte, culpa sexualidade, gênero, prevenção, camisinha, orientação sexual, novas identidades, e tantos outros mais, povoam o universo imaginário da discussão do HIV/AIDS e requerem tratamento especializado para que haja compreensão do assunto, e pessoas sensibilizadas, resolvidas com os seus próprios mitos e preconceitos, suas crenças e valores, para lidar com essa temática junto ao público das comunidades onde estão os PDAS.

As melhores práticas e estratégias para atuação com o tema da AIDS ressignificam algumas práticas políticas e pedagógicas dos que atuam nesse campo. Sem contar que tratar com a temática da AIDS é tratar com os conteúdos humanos e isso impõe pelo tema ser bastante controverso, um senso aguçado de responsabilidade e respeito humano pelos outros “EUS” com os quais se passa a interagir, de sensibilidade, despojamento das pré-noções, dos preconceitos, e de uma maturidade e linguagens adequadas. Quando se trata de trabalhar com pessoas de nível de vida socioeconômica vulnerável essa demanda assume novos significados.
Nesse período realizam-se visitas a três PDA’s no Estado de Pernambuco que foram os seguintes:

MAPA DOS PDAS VISITADOS

ESTADOS MUNICÍPIOS BAIRROS PDAs
CEARÁ Fortaleza Messejana Vida de Criança
Mondubim Ipaumirim
Jangurussu Pantanal
Caucaia Genipabu Caucaia
Beberibe Distr de Paraju Constelação
R. G. NORTE Mossoró D. J. Câmara Margarida Alves
Zona Rural Jucuri
Apodi Centro Sta. Cruz
PERNAMBUCO Recife Areias J. Uchoa
Chão de Estrelas
Novo Chão
Cabo Centro Vila da União
Serra Talhada Alto da Conceição. PROPAC
ALAGOAS Maceió Levada Brejal
Palmeira dos Índios Igaci Palmeirinhas
Pão de Açúcar Impoeiras Serra da Pedra
SERGIPE Japaratuba Povoado de S. José Um Lugar ao Sol
Japoatã Ladeiras/Ladeirinhas Ladeirinhas

Até o final da implementação do projeto alguns PDAs que estavam na amostra para serem sensibilizados não foram visitados pela Consultoria. Todavia isso não se configurou em um impedimento a que esses PDAs não participassem das oficinas de sensibilização, estando a visita a eles prevista para o segundo trimestre do AF 04. São os PDAs do Estado da Bahia: Santa Luzia, Mangueira, Valenca, e apenas um do Estado de Pernambuco que é o de CAATINGA que fica no alto sertão pernambucano. Aqui é importante esclarecer que o fato desses PDAs não terem recebido a visita da Consultoria não os impediu de participarem das ações desenvolvidas para implementação do Projeto, visto que eram mantidos contatos permanentes via correio eletrônico, telefone entre eles e a Consultoria.

As visitas aos PDA’s foram muito proveitosas. Em todos os PDA’s que já foram visitados tive-se uma excelente receptividade por parte das equipes que receberam a consultoria. No que tange ao Projeto HIV AIDS e a proposta para os mesmos desenvolverem um Projeto para combater a epidemia de AIDS, nas suas comunidades de influência, causando impactos na redução do índice de infecção, todos se mostraram motivados e consideraram a iniciativa da Visão Mundial muito oportuna e necessária, tendo em vista os avanços globais da epidemia. Também foram feitas visitas a outros órgãos governamentais. Desta vez foram visitados os COAS (Centro de Orientação, Aconselhamento em DST’s), do Recife e do Município do Cabo de Santo Agostinho, para um aprofundamento do conhecimento melhor acerca dos processos metodológicos das ações que são realizadas para a testagem sorológica. Os COAS são espaços públicos, organizados pelas Coordenações Estaduais de DST/AIDS das Secretarias de Saúde dos Estados, que disponibilizam gratuitamente exames sorológicos de amostras do sangue para detectação do Vírus HIV nas pessoas. Funcionam ainda como espaços de orientação para a prevenção, com palestras realizadas por psicólogos e enfermeiros, e faz a distribuição periódica de preservativos. Esse serviço faz parte das estratégias operacionais do Programa Nacional Brasileiro para o enfretamento e combate da epidemia de AIDS e outras DST’s. No Estado de Pernambuco temos COAS na Região Metropolitana do Recife, no Agreste e no Sertão. Tivemos ainda reunião com a Secretária de Saúde do CABO, na qual foi apresentado o Projeto de HIV/AIDS da Visão Mundial. Nessa reunião foi firmado um compromisso daquela Secretária em estar apoiando os nossos trabalhos com os PDA’s existentes naquele local.

Durante o período das visitas aos PDA’s, também procuramos conhecer os serviços públicos de saúde que são realizados para o enfrentamento da AIDS no campo da prevenção e da assistência, bem como as ONG’s/AIDS existentes e o trabalho desenvolvido por essas organizações. Essa ação funciona como uma estratégia do nosso Marketing Social para tecer as redes de solidariedade entre a Visão Mundial intermediada pelo PDA, e as organizações da sociedade civil e o Estado, criando assim a sinergia necessária ao desenvolvimento estratégico de combate a epidemia da AIDS aqui no Nordeste do Brasil.
Durante a realização das visitas ao PDA cumpriu-se basicamente a seguinte agenda, como demonstra o quadro a seguir:
Agenda de Visita aos PDA’s

Conhecer os componentes das equipes que trabalham no PDA
Conhecer as Comunidades que compõem o PDA
Conhecer as Ações que o PDA desenvolve nas comunidades
Conhecer o que as equipes do PDA já sabem sobre a Epidemia de AIDS
Sondar a possibilidade do PDA ter algum registro de caso de crianças ou familiares que estejam vivendo o drama da epidemia.
Conhecer o Programa Estratégico de Saúde que o PDA desenvolve e qual o público alcançado
Conhecer quais os serviços de saúde com quem o PDA faz parcerias nas comunidades.
Apresentar o Projeto HIV/AIDS da VMB para o PDA
Consultar a possibilidade de o PDA implantar um projeto em HIV/AIDS
Agendar datas para a realização de Oficinas de sensibilização em HIV/AIDS para equipes do PDA.
Consultar o campo para conhecer os serviços realizados por OG’s e ONG’s em saúde e HIV/AIDS e apresentar o Projeto HIV/AIDS da Visão Mundial Brasil.

Dentre tantas coisas importantes observadas pela consultoria durante as visitas aos PDAs, algumas tiveram relevância:
• O modo como os PDAs receberam a proposta para implementar o Projeto;
• O interesse em participar nas oficinas de sensibilização;
• O reconhecimento da importância de atuar no combate a epidemia;
• O interesse em conhecer os programas governamentais para a AIDS;
• O interesse em conhecer pessoas das ONGs/AIDS;
• O interesse em conhecer o trabalho que é feito por essas ONG’s;
• O interesse em estar sendo capacitados para lidar com essa nova temática.

As visitas aos PDA’s foram muito proveitosas, visto que possibilitaram um conhecimento local da realidade sócio-cultural e econômica de cada Projeto, bem como a percepção das questões de saúde nas comunidades onde os mesmos atuam. As equipes de todos os PDA’s foram bastante receptivas com a consultoria em HIV/AIDS da Visão Mundial, deixando claro que havia uma expectativa quanto à discussão acerca do HIV/AIDS. Pode-se dizer que todos os PDA’s foram unânimes em reconhecer a necessidade de incorporar uma ação de combate à epidemia em seus PDA’s no próximo AF 04, sendo essa uma constatação que consideramos importante para se dar prosseguimento às iniciativas de implementar uma meta de HIV/AIDS em cada um desses PDA’s visitados.

No que se refere à questão do conhecimento das equipes sobre a AIDS, observou-se que todos já tinham certa informação primária sobre a doença, alguns até já conheciam algumas discussões sobre o tema, outros afirmavam que ouviram casos de pessoa da comunidade que havia morrido de AIDS, mas sem nenhuma comprovação e aprofundamento da questão. Quanto à possibilidade de se ter casos de crianças apadrinhadas soropositivos, ou mesmo pessoas das famílias das crianças apadrinhadas, todos mostraram desconhecer totalmente qualquer registro dessa natureza. A impressão que ficou foi a de que as equipes que trabalham nos PDAs’, com as crianças e famílias, estão no mesmo nível de desconhecimento da epidemia como quaisquer outras pessoas na sociedade, o que remete ao fato das pessoas ainda terem tanto preconceito e discriminação. Analisando esse fato, considera-se essa falta de saber sobre a epidemia como um indicativo para se observar que mesmo que as equipes trabalhem diretamente com um público especificado elas não estão sintonizadas no sentido de uma observação acurada acerca do viver e da saúde desse público. As pessoas desconhecem totalmente os serviços públicos de atenção às questões da saúde no HIV/AIDS, e também desconhecem os índices de infecção e o agravo mundial da epidemia.
As visitas às comunidades dos PDA’s também foram muito importantes porque nos permitiram fazer contatos com os órgãos públicos de saúde e conhecer as políticas públicas locais para a questão da epidemia. Comprovou-se que o que existe nessas comunidades são ações ainda muito incipientes, não havendo praticamente nada em nível Municipal, especialmente nas comunidades de zona rural, onde as populações são empobrecidas e semi-excluídas de muitos serviços de qualidade na saúde. Mesmo que em quase todas essas comunidades se tenha o PSF (Programa de Saúde da Família), coordenado pelo município, esses mesmos programas não atendem as demandas da população. E, em se tratando da AIDS, a questão se torna mais grave. Observou-se também que as iniciativas da sociedade civil organizada para fazer controle social dos serviços públicos oferecidos em quaisquer instâncias da sociedade, inexistem. No trato da AIDS, essa situação é diferenciada nas capitais, pois podem ser observadas várias ações das Organizações Não Governamentais nessa direção, mas na zona rural esse fato não é observado, e uma ou outra iniciativa que exista é tímida e sempre fica refém das forças políticas partidárias locais. Nesse aspecto vê-se a pertinência das iniciativas da VMB.

No intuito de apreender um volume considerável das informações das equipes que trabalham nos PDA’s durante as vistas, usou-se um recurso metodológico de gravação das falas para apreender melhor o conteúdo exposto pelos participantes. As conclusões a que se tem chegado, após essas visitas aos PDA’s são várias, dentre elas pode-se enumerar as que se consideram mais significativas para dar prosseguimento aos trabalhos, como está descrito a seguir:

• As equipes que trabalham nos projetos são consideravelmente jovens e possuem um potencial que pode ser bastante útil para o crescimento do PDA, desde que sejam devidamente capacitados.
• A grande maioria já tem um conhecimento, mesmo que elementar sobre a AIDS, o que já é uma porta aberta para o trabalho com a epidemia.
• Todos demonstraram grande interesse em conhecer mais e reconheceram a importância de trabalhar com o tema da AIDS no PDA.
• Todos foram de acordo que o PDA deve voltar sua atenção para ações na área de saúde que sejam apenas de cunho preventivo, mas em parceria com o Estado, e não assumindo o papel desses.
• Poucos tinham conhecimento acerca de caso de AIDS, ou haviam pensado na possibilidade de, no PDA, haver alguma criança e/ou alguma de suas famílias vivendo o drama da epidemia.
• Quase ninguém sabia algo acerca do índice de infecção em sua cidade ou estado.
• Quase ninguém conhecia outras formas de se pegar a AIDS, a não ser pela relação sexual.
• Todos foram unânimes em que o PDA deve implementar uma meta em HIV/AIDS no próximo AF 04.
• Alguns já haviam conhecido na comunidade onde pertence um caso de alguém que estava ou morreu com AIDS.

Avalia-se esse perfil como racionalmente coerente quando se trata da epidemia da AIDS. Vê-se que as pessoas, mesmo trabalhando com saúde, ainda não estão sensibilizadas nem envolvidas com o problema da AIDS.

IV – PESQUISA NOS PDAS

A pesquisa se configura em um Diagnóstico de situação para conhecimento aprofundado do que as populações residentes nessas localidades têm a acerca da epidemia da AIDS e dos seus efeitos nas vidas das pessoas em suas comunidades de pertença, a partir de alguns recortes significativos no trato da epidemia, tais como: conhecimento das populações sobre o HIV e a AIDS e suas formas de contaminação e tratamentos, as políticas públicas para tratamento e assistência, o posicionamento de instituições sociais, como a Educação formal e a Religião, a postura das pessoas sobre a assistência a uma pessoa soropositiva ou doente de AIDS; a importância do PDA tomar iniciativas para combater a AIDS, entre outras.
A pesquisa foi realizada em dois momentos que se complementaram. O primeiro constou da elaboração de um plano de ações básicas para a execução do marco teórico conceitual como:
• Levantamento bibliográfico do assunto,
• Consulta a pessoas com conhecimento e vivência sobre o tema, para discussão das questões éticas,
• Formatação preliminar do projeto da pesquisa,
• Reconhecimento das áreas da pesquisa (PDA),
• Definição do universo da amostra.

O segundo momento deu prosseguimento às ações de elaboração do roteiro da pesquisa, deixando-a pronta para ser realizada, que teve como ações principais:

• Selecionar equipe de entrevistadores,
• Treinar a equipe,
• Pré-teste
• Coordenar os trabalhos no campo,
• Acompanhamento da tabulação e análise dos dados,
• Acompanhamento da elaboração do relatório final

Sendo essa uma pesquisa de caráter exploratório, visto que é a primeira que está sendo realizada aqui na Região do Nordeste Brasileiro, pela Visão Mundial Brasil nos seus projetos, considerou-se ser o caminho mais pertinente nesse momento apenas conhecer as manifestações da epidemia nas comunidades, procurando também, saber o que as pessoas conhecem sobre o tema e suas reações em face de possibilidade de se viver de perto essa experiência.

A metodologia da Pesquisa:
A pesquisa foi realizada em dois momentos que se complementaram e foi acompanhada especialmente pela Consultoria. O primeiro constou da elaboração de um plano de ações básicas para a execução do marco teórico-conceitual, a saber :
• Levantamento bibliográfico do assunto;
• Consulta a pessoas de reconhecidos conhecimento e vivência na matéria, para discussão das questões a ela relacionadas e suas dimensões éticas e técnicas;
• Formatação preliminar do projeto de pesquisa;
• Elaboração do questionário para ser aplicado no campo
• Reconhecimento das áreas de aplicação da pesquisa (os PDAs).
O segundo momento constou da elaboração do roteiro da pesquisa em seus aspectos
práticos, tais como: seleção e treinamento dos entrevistadores; coordenação da pesquisa no campo; acompanhamento da apuração, tabulação e análise dos dados; acompanhamento da elaboração do relatório final.
Os objetivos para a pesquisa foram:

Geral: Determinar a situação dos PDAs da VM no Nordeste brasileiro com respeito à epidemia as AIDS – sua incidência nas populações, o conhecimento dessas mesmas populações para com a questão e a sua disposição para participar em programas de prevenção e tratamento.

Específicos: 1- Partindo da realidade dos PDAs, determinar a necessidade ou não de intervenção por parte da VM nas situações particulares. Caso positivo, elaborar programas e propô-los à instituição;
2- Conhecendo a situação de consciência da população com respeito ao problema da AIDS em suas várias formas, propor o estabelecimento de programas de capacitação para atuação frente ao mesmo problema e desenvolvê-los consistentemente.

A seleção foi feita com o apoio técnico dos Assessores de Gestão e da Rede de Informação Técnica (RIT), que dão assistência aos Projetos no campo.
A amostra foi calculada tomando-se como base o número de famílias de cada PDA e o correspondente número de crianças apadrinhadas (há PDAs em que famílias têm mais de uma criança apadrinhada): essa amostra representou cerca de 10% dessa população, ou seja, 1.548 pessoas representando suas famílias, para 14.253 famílias existentes. A margem de erro foi, portanto, muito pequena: aproximadamente 5%, se tomarmos tabelas de Arkin e Colton (fidedignidade de + 5%, para um intervalo de confiança de 95% (p.=.5). Para ser mais preciso, das 1.549 famílias que nós planejamos entrevistar, 1.544 (ou 99,67%) foram efetivamente contatadas e responderam ao questionário que lhes foi submetido .
A pesquisa teve início no dia 21 de março, em um retiro de treinamento realizado no Acampamento Presbiteriano de Pernambuco (ACAMPE), em Itapissuma/PE, para o qual foram convocados os coordenadores ou monitores de todos os PDAs da Visão Mundial que foram selecionados para participarem da pesquisa. O dia foi todo utilizado em um programa previamente estabelecido com o objetivo de treinar os participantes na aplicação do instrumento de coleta de dados, permitirem questionamentos por parte deles e levá-los a entender aspectos básicos da questão em estudo. Ali mesmo os questionários foram entregues, levando-se em conta o número de famílias atendidas por Projeto e em obediência ao plano amostral também estabelecido.

No total, a aplicação dos questionários em relação à amostra estabelecida para cada Projeto foi como está demonstrado no quadro seguinte:

QUADRO DA AMOSTRA PARA A PESQUISA

PDAs Nº FAM. AMOSTRA QUEST APLICADOS
Vida de Criança 400 45 44 (-1)
Ipaumirim 918 100 101 (+1)
Pantanal 600 65 62 (-3)
Caucaia 600 65 63 (-2)
Constelação 751 80 80
Margarida Alves 700 75 75
Jucuri 890 95 95
Sta. Cruz 718 80 80
Jardim Uchoa 678 75 74 (-1)
Novo Chão 562 60 59 (-1)
Vila da União 580 65 62 (-3)
PROPAC 376 40 40
Caatinga 391 45 46 (+1)
Brejal 970 105 105
Palmeirinhas 860 95 96 (+1)
Serra da Pedra 900 100 100
Um Lugar ao Sol 554 60 60
Ladeirinhas 950 100 97 (-3)
Assoc. Mangueira 500 55 53 (-2)
Sta. Luzia 755 80 85 (+5)
Valença 600 65 64 (-1)
TOTAIS 14.253 1.550 1.541 (9)
Fonte: Pesquisa: Perfil da Epidemia da AIDS nas Áreas de Atuação dos Projetos
da Visão Mundial Brasil.

Pessoas que Realizaram a Pesquisa no campo:
A pesquisa foi aplicada pelos funcionários dos PDAs que atuam diretamente com a saúde e com o setor de patrocínio. Essa medida foi uma medida estratégica tomada pela consultoria do projeto, tendo em vista que por questões geográficas, ficava improducente envolver pesquisadores do estado de Pernambuco, de onde estava sendo originada a pesquisa e também porque aqueles funcionários já possuíam contatos com as famílias o só veria facilitar a coleta dos dados. As coordenações dos PDAs foram bastante solidárias disponibilizando esses funcionários para essa atividade, que não era diretamente um iniciativa do PDAs e portanto não constava do seu plano de ação. Como incentivo e reconhecimento do trabalho realizado cada pesquisador recebeu uma gratificação simbólica pelo serviço prestado ao projeto HIV/AIDS da Visão Mundial Brasil. Para uma maior visualização da participação dos PDAs na pesquisa, observe-se a seguir o quadro lógico demonstrando como se configurou essa participação:

PESSOAS QUE FIZERAM AS ESNTREVISTAS NOS PDA’S
RELAÇÃO POR ESTADOS

ESTADO PDA’S Nº DE PESQUISADORES
PERNAMBUCO Novo Chão
Vila da União
PROPAC
Jardim Uchoa
CAATINGA 02 pesquisadores
02 pesquisadores
01 pesquisadora
03 pesquisadores
01 pesquisadora
BAHIA Valença
Ass. Mangueira
Santa Luzia 03 pesquisadores
05 pesquisadores
04 pesquisadores
ALAGOAS Serra da Pedra
Brejal
Palmeirinhas 03 pesquisadores
01 pesquisadora
04 pesquisadores
CEARÁ Constelação
CAUCAIA
Pantanal
Ipaumirim
Vida de Criança 03 pesquisadores
02 pesquisadores
03 pesquisadores
04 pesquisadores
02 pesquisadores
RIO G. NORTE Santa Cruz
Margarida Alves
Jucuri 02 pesquisadores
03 pesquisadores
02 pesquisadores
SERGIPE Ladeiras Ladeirinhas
Um Lugar ao Sol 05 pesquisadores
03 pesquisadores
Total: 58 pesquisadores

Assim, tivemos 58 pessoas trabalhando no campo por essa pesquisa, além da equipe técnica do coordenador, a supervisão dos coordenadores dos PDAs onde essa pesquisa estava sendo realizada e a supervisão dos trabalhos no campo feita pela da consultoria do projeto. O acompanhamento da pesquisa que foi feita pela consultoria observou o seguinte procedimento metodológico: contato sistematizado via correio eletrônico, correio via aérea e telefone com as equipes de pesquisadores no campo. Com o coordenador da pesquisa e sua equipe o acompanhamento foi feito por meio de encontros semanais no local onde estava sendo feita a tabulação para estar vendo todo o material que chegava dos PDAs, fazendo correção desse material e reenviando para o campo os questionários que vinham com algum problema. Também se trabalhou sistematicamente junto à coordenação da pesquisa dando consultoria com a disponibilização de informações acerca do projeto que estava sendo implementado, dos objetivos da VMB a partir daquela pesquisa e ainda passando informações básicas sobre a epidemia da AIDS e as suas configurações etiológicas e epidemiológicas no país e nos estados onde a pesquisa estava sendo realizada. Também, providenciou-se material bibliográfico para consultas facilitar as consultas do coordenador da pesquisa na fase da analise dos dados e elaboração do relatório final.

Resultados da Pesquisa:
Os resultados da Pesquisa corroboram as hipóteses levantadas na problematização. Segundo as previsões do Ministério da Saúde, a AIDS está assumindo uma nova caracterização na sociedade brasileira. Essa caracterização consta basicamente de novas configurações da epidemia em populações diferentes o que traz novas variáveis e indicadores. Assim, a AIDS deixa de ser uma epidemia de contexto unicamente urbano e passa também a ser do contexto rural, o que é nomeado pelo Ministério da Saúde como: interiorização da epidemia; deixa de ser a doença das classes abastadas e passa a ser das classes de condição socioeconômica desfavorecida, o que também é nomeado de empobrecimento da epidemia; ainda a questão de gênero é ressignificada porque a categoria homossexual perde o predomínio no índice de infecção para a categoria dos heterossexuais com uma significativa aceleração no índice de infecção das mulheres. Na pesquisa essas variáveis foram observadas. Viu-se que o perfil da epidemia já esta interiorizado e também que as comunidades rurais já possuem um bom conhecimento da epidemia em várias formas das suas configurações.

O que a Pesquisa apontou para a formação do perfil da epidemia bem como para se ter um conhecimento cientificamente abalizado das realidades socioeconômicas das comunidades dos PDA’s e das famílias que nelas residem, pode ser tomado como linha de base para o levantamento de novas metas e a partir delas, elaborar as políticas de enfrentamento da epidemia nos PDA’s. A pesquisa também sinaliza para outros recortes estruturais e estruturantes dos PDA’s, que podem estar sendo observados pela VMB no que concerne a alguns ajustes para melhor desenvolvimento dos projetos no campo, bem como na sua própria metodologia de trabalho com esses projetos, na prática política das assessorias técnicas junto aos PDAs, especialmente no que tange as experiências empíricas dessas assessorias. Ou melhor, promover oportunidades para as assessorias estarem se reciclando, não apenas na metodologia usada pela organização, mas em outros campos do saber para uma prática mais humanizada e competente junto aos PDA’s.

Sendo assim, a pesquisa se configura num banco de dados muito vasto, com um conteúdo que não deve ser desprezado pela organização nem pelos PDA’s, mas levado em consideração para consultas na elaboração de novos planejamentos. Isso pode ser confirmado a partir do Sumário, no texto do relatório final da pesquisa. Observe-se em seguida à composição desse Sumário :

I – INTRODUÇÃO 05

II – ANÁLISE DOS DADOS 13

2.1 – CARACTERIZAÇÕES SÓCIO-CULTURAIS E ECONÔMICAS
DAS ÁREAS DOS PDAs DO NORDESTE DO BRASIL 13

2.2 – IDENTIFICAÇÕES SOCIAIS E ECONÔMICAS DOS ENTREVISTADOS 17
2.2.1 – Distribuição quanto ao Sexo 17
2.2.2 – Distribuição quanto à Idade 17
2.2.3 – Distribuição quanto ao Estado Civil 18
2.2.4 – Distribuição quanto a terem ou não Filhos 19
2.2.5 – Distribuição quanto à Ocupação 20
2.2.6 – Distribuição quanto às Condições de Saúde 20
2.2.7 – Distribuição quanto à Religião 21
2.2.8 – Distribuição quanto à Escolaridade 22
2.2.9 – Tempo de Permanência no Local 22
2.2.10 – Distribuição quanto ao Número de Pessoas no mesmo Domicílio 23
2.2.11 – Distribuição quanto à Renda 24

2.3 – QUESTÕES REFERENTES AOS PDAs 25
2.3.1 – Número de Filhos Apadrinhados 25
2.3.2 – Forma de Participação nos PDAs 26

2.4 – QUESTÕES REFERENTES À EPIDEMIA DA AIDS 27
2.4.1 – Nível de Informação dos Entrevistados quanto ao Problema da AIDS 27
2.4.2 – Instrumentos de Informação 28
2.4.3 – Conteúdo da Informação sobre a AIDS 28
2.4.4 - Nível de Informação sobre o HIV e relação com a AIDS 29
2.4.5 – Situação da População quanto a saber como se contrai a AIDS 30
2.4.6 – Conhecimento e Utilidade da Camisinha 31
2.4.7 – Opinião sobre quem corre mais risco de contrair AIDS 32

2.5 – AIDS NAS COMUNIDADES DOS PDAs 33
2.5.1 – Existência da AIDS nas Comunidades e nos PDAs 34
2.5.2 – O que fazer no Caso da AIDS 35
2.5.3 – As Escola dos PDAs já Desenvolvem algum Trabalho? 36
2.5.4 – Atividades Desenvolvidas pelas Igrejas Igrejas 38
2.5.5 – Possibilidades de Ação por parte dos PDAs e das Comunidades 39

III – CONCLUSÕES 40
IV – RECOMENDAÇÕES 41
BIBLIOGRAFIA 43
ANEXOS 44

1.Tabelas de Dados 44
2.Cópia do Questionário
106
3.Projeto-Contrato 113
Fonte: pesquisa Perfil da Epidemia da AIDS nas Áreas de Atuação dos Projetos da Visão Mundial Brasil

As questões apontadas pela pesquisa e que possuem relevância no contexto social no qual foi realizada, são como achados que sinalizam para que o pesquisador se inteire de que outras questões que não estavam sendo investigadas, também possuem pertinência no computo final de um trabalho de pesquisa.
Na análise final vê-se que a pesquisa faz uma radiografia da realidade das comunidades dos PDAs, das famílias das crianças apadrinhadas e da participação das mesmas nas atividades desenvolvidas pelos projetos, das ações da educação, da igreja, dos serviços público de saúde, da epidemia da AIDS, das formas como se contraem o vírus, dos modos de fazer a prevenção para não se infectar, do preconceito e da discriminação, da solidariedade para com o soropositivo, da disponibilidade de estar ajudando os que estiverem vivendo esse drama, entre tantas outras. Nesse recorte se está pontuado o que se considera de maior relevância para uma análise de situação da realidade em perspectiva.
No relatório final da pesquisa são apontados alguns dados bastante sugestivos, entre eles o de criação de uma Cultura de Participação e de boa Governança, a partir da qual seja possível obter resultados favoráveis ao que se pretende, no caso do trato da epidemia da AIDS pode ser a redução do índice de infecção nas comunidades dos PDAs.

V – MARKETING SOCIAL

O Marketing Social para inserir a Visão Mundial Brasil como uma organização que atua nos espaços sociais de discussão e enfrentamento para o combate da epidemia da AIDS, foi feito durante todo o período de implementação do Projeto HIV/AIDS. A estratégia adotada esteve em consonância com alguns dos objetivos da VMB que por um lado são de articular a Organização com as outras organizações que desenvolvem trabalhos nessa área e também com outras instituições sociais que devem estar sendo sensibilizadas para atuarem nesse contexto como a igreja e a escola. E por outro lado é a captação de recursos. Nesse tempo em que se esteve trabalhando para a implementação do projeto HIV/AIDS, buscou-se fazer o marketing social dessa organização de um modo em que a mesma fosse integrada nos contextos sociais de discussão e atuação no combate da epidemia.

Ao longo desse ano e meio de trabalho na organização a consultoria dedicou uma considerável parte do tempo fazendo articulações entre a organização e outros espaços institucionais que atuam com a AIDS. Partiu-se do princípio de que para se atuar nesses espaços faz-se necessário manter uma sintonia discursiva com os movimentos da sociedade civil organizada que faz o Controle Social das políticas públicas de combate a epidemia, mantendo sempre muito bem articulado os grupos do ativismo. Não se trabalha no combate a AIDS sem se reconhecer e também se articular com esse movimento ativista.
No Brasil, o movimento social organizado tem inicio nos anos de 1985. Surgiu de um grupo de pessoas de orientação sexual homossexual: SOMOS, vindo em seguida a obter o apoio de mulheres que tinham perdido os seus filhos por morte com AIDS. Até o final dessa década já se tinha organizado dentro pais algumas ONGs que atuam até o presente com grande representação social, reivindicando junto ao poder público brasileiro políticas públicas para tratamento das pessoas que estavam vivendo aquele flagelo a época. No quadro a seguir é dada uma pequena demonstração de como está articulado o movimento da sociedade civil organizada:


QUADRO LÓGICO DO MOVIMENTO SOCIAL
DA AIDS NO BRASIL
Movimento Social HIV AIDS Estado de Bem-Estar-Social/Governos Parcerias: Est. Bem.Soc/Governo e Mov Soc. AIDS
ONGS/AIDS
Fóruns/AIDS
RNP+
RNC+
Conselhos de Saúde
Conferências de Saúde
Fundações: SESI, SENAC, FIO CRUZ e outras.
Grupos: POMMAR
Agências de Cooperação
Ministério Público Programa Nacional de DST/AIDS
Coordenações Estaduais de DST/AIDS
Coordenações Municipais de DST/AIDS
COAS
Hospitais Públicos
Medicamentos
Laboratórios
Bancos
Previdência Privada (INSS)
Ministério público
Previdência Social
Aposentadoria


Financiamentos de Projetos
Financiamentos de Eventos
Apoio as Conferências de Saúde
Fundações: SESI, SENAC, FIO CRUZ e outras.
Tratamento Anti-Retroviral
Apoio a Congressos, encontros, Oficinas, Seminários.
Fundo Global
Banco Mundial
Ministério Público

O movimento social organizado da AIDS no Brasil possui uma articulação nacional muito forte, de modo que ao longo dessas duas décadas da epidemia muito sem tem conseguido em nível de ganhos com o Estado Mínimo Neo Liberal de Bem-Estar-Social para combater os danos da AIDS no Brasil. O maior desses ganhos foi o Programa Brasileiro de Combate a AIDS com a terapia Anti-Retroviral, a disponibilização de espaço clínico dentro de alguns hospitais públicos, tornando-os hospitais de referência para atendimento e tratamento de pessoas vivendo com HIV/AIDS. O advento da AIDS forçou o Estado Brasileiro a se voltar para o campo da saúde e redefinir as políticas públicas de assistência para as pessoas alcançadas pela epidemia. As categorias sociais semi-excluídas dos seus direitos de cidadania foram sendo fortalecidas e as demandas sociais das pessoas soropositivas passaram a ter poder de barganha junto aos governos, a exemplo do que ocorreu nos Estados Unidos, no início da epidemia, começo da década de oitenta. As categorias de homossexuais, profissionais do sexo, usuários de drogas injetáveis ilícitas, os pacientes hemofílicos, as famílias das pessoas soropositivas, uma representação de heterossexuais, deram inicio as batalhas pela garantia dos seus direitos de cidadania, como hospitais, beneficiam da previdência social, aposentadoria, readmissão trabalhista, terapia anti-retroviral, indo além desses.

Desse modo, o que caracteriza a luta do movimento social organizado da AIDS é a integração em um só movimento das ONGs que atuam com as populações vulneráveis, em todos os seguimentos da sociedade são: Gays, lésbicas, drogaditos, profissionais do sexo, grupos de combate a toda forma de xenofobia como movimento negro, e movimento feminista, populações confinadas, grupos religiosos, se uniram para lutar em busca de melhores políticas para combater a AIDS. Considerando todo esse contexto do movimento social que desenvolve ações de ativismo na luta contra a epidemia da AIDS, a estratégia que se encontrou e que pareceu ser a que se adequava melhor para uma ótima aproximação da Visão Mundial nesse espaço do movimento social, e a implementação das ações do projeto nesse campo, foi a de procurar participar ativamente desse movimento social organizado da AIDS, e também aproximar a Organização dos órgãos governamentais que desenvolvem programas nesse eixo.
Como a Visão Mundial não é uma ONG de AIDS e também não tinha um produto de campo construído, com visibilidade, para apresentar, a melhor estratégia considerada para a consultoria foi exatamente a de participar dos debates, dos Fóruns /AIDS, das ONGs, conhecerem de perto os conselhos de saúde: estaduais e municipais, conhecer as políticas públicas governamentais para atendimento da população com HIV/AIDS, interagir com os grupos organizados sem nenhuma prerrogativa para suas orientações sexuais, ou exercício profissional, estabelecendo uma política de boa vizinhança. A aproximação da Visão Mundial desses atores favorece tecer redes de solidariedade e fazer parcerias, obtendo assim o reconhecimento social e a validação do referido projeto. Essa estratégia também serviu como uma forma de conhecer as possibilidades e os caminhos para a captação de recursos tanto no Estado Pernambucano como no País.

QUADRO LÓGICO DO MARKETING SOCIAL
OG’s e ONG’s ATIVIDADES QUE DESENVOLVEM
Coordenação Estadual de DST’s/AIDS da Secretaria de Saúde de Pernambuco e a de Sergipe. Atuam dentro do Estado Coordenando as Ações Estratégias de desenvolvimento e apoio de projetos sociais em saúde reprodutiva e HIV/AIDS; realização de pesquisas; implementação de programas de prevenção e combate as DST/AIDS; realização de mini cursos, eventos como: seminários e congressos, palestras, oficinas para sensibilização e formação de agentes multiplicadores para atuarem no combate da epidemia.
Coordenação Municipal de DST/AIDS do Recife, Cabo de Santo Agostinho e Aracaju. Atuam nos Municípios, desenvolvendo as mesmas ações estratégicas que o Estado.
POMMAR/USAIDS - Grupo de Trabalho. Atua apoiando ONG’s que desenvolvem projetos sociais para o combate ao HIV/AIDS
ONG GESTOS - Comunicação, Soropositividade e Gênero. Organização Não-Governamental que desenvolve projetos com pessoas Soropositivas. Faz atendimento psicossocial aos soropositivos e familiares, realiza atividades de pesquisa em parceria com outras ONG’s e desenvolve programa de assessoria jurídica para pessoas soropositivas e com Aids.
ONG SESI - Serviço Social da Indústria. Desenvolve Programa Social de atendimento a saúde do trabalhador com ações específicas para atendimento de prevenção para o HIV/AIDS; Apóia projetos sociais de ONG’s que trabalham com o tema AIDS
ONG ASAS - Associação de Ação Solidária (participação da VMB nessa ONG por meio de apoio técnico e operacional ao presidente). Organização Cristã que desenvolve trabalhos com pessoas soropositivas e faz prevenção em escolas com público adolescente, faz capelania com soropositivos em hospitais e nos lares. Possui o Programa PAI (Programa ASAS e Igrejas).
SIDA – Saúde, Integração, e Direitos Assegurados (A Consultoria da VMB dá apoio técnico à elaboração do projeto institucional dessa ONG). ONG de pessoas Soropositivas que desenvolvem ações de apoio e convivência social entre os soropositivos e famílias.
GTP+ (A VMB participa do grupo de vivências e convivências positivas uma vez no mês). ONG de pessoas soropositivas que desenvolve projetos sociais para melhoria da qualidade de vida do soropositivo e também realiza o “Acorda Mulher”: espetáculo teatral sobre a prevenção das DSTs/Aids e o viver soropositivo.
Cidadã Posithiva (A VMB participa da organização dessa rede dando apoio técnico). Fórum Estadual de mulheres soropositivas que se reúnem para tratar dos assuntos referentes a gênero, terapia anti-retroviral, hospitais, mercado de trabalho, geração de renda, formação política.
CASA de Amparo Social e Promoção Humana Herbert de Souza (A VMB colabora na organização do planejamento do projeto institucional). Desenvolve ações de assistência social e promoção humana a crianças, adolescentes e famílias; faz trabalhos de prevenção em DST/AIDS para adolescentes e jovens.

O marketing social na forma como está sendo demonstrado no quadro acima também foi executado em outros Estados do Nordeste brasileiro.
As visitas aos locais de referências que atuam na área do HIV/AIDS foram agendadas previamente para estabelecer contatos e conhecer os programas e as ações que são desenvolvidos, bem como apresentar o Projeto da Visão Mundial Brasil no âmbito da Região Nordeste, promovendo assim, a sua inserção no campo das organizações sociais que atuam do combate à epidemia da AIDS.

Participação em eventos:
A participação em eventos também foi uma estratégia de marketing social que deu um ótimo resultado, em função dos objetivos pretendidos.
Durante o período de implementação do projeto a consultoria da Visão Mundial Brasil participou de alguns eventos de significativa expressão no campo social de enfrentamento da epidemia da AIDS. Dentre tantos, alguns merecerem destaque por sua expressão nacional. A participação na programação alusiva ao dia primeiro de dezembro de 2002, Dia Mundial de Luta Contra a AIDS, realizada pela Articulação AIDS de Pernambuco foi uma delas. Como estratégia de marketing social se inscreveu a Visão Mundial em alguns Fóruns que tem reconhecimento internacional. A Articulação AIDS de Pernambuco é um do Fórum de ONG’s que desenvolvem atividades sociais diversificadas, com populações carentes que sofrem preconceitos e discriminação social resultantes de questões referentes ao HIV/AIDS, condição socioeconômica, gênero, crianças carentes, profissionais do sexo, Fóruns de Mulheres, ONG’s de orientações sexuais diferentes e outras tantas.

A Articulação AIDS em Pernambuco existe aproximadamente há oito anos dentro do Estado de Pernambuco e faz parte da Rede Nacional de Fóruns AIDS. Surgiu a partir dos encontros que eram realizados periodicamente pela Coordenação Estadual de DST/AIDS para discutir os rumos do Plano Estratégico Nacional e Estadual de Combate a Epidemia e também os financiamentos dos projetos sociais que eram desenvolvidos pelas ONG’s, entre outros assuntos. Por representar a sociedade civil organizada, às organizações não governamentais que participavam desses encontros perceberam que era importante se criar uma rede de interligação entre as ONG’s locais, independentemente do foco de atuação de cada uma delas, mas que se articulassem para discutir suas necessidades existenciais, que transcendiam não apenas as questões relativas à saúde, como educação, direitos humanos, habitação, trabalho, movimento sem terra, entre outras que estavam essencialmente na esfera da sociedade civil. As estratégias primordiais de discussão da Articulação AIDS são as políticas públicas governamentais para prevenção e tratamento das IST’s/AIDS, o controle social dos atendimentos feitos nos hospitais, ambulatórios e distritos de saúde que envolve as questões de leitos, alimentação, medicamentos, hospital dia, centros de testagem, e o ativismo para a erradicação do preconceito e discriminação que a epidemia da AIDS tem desvelado nessas duas últimas décadas.

A primeira programação alusiva ao Dia 1º de Dezembro da qual a Visão Mundial participou, teve três momentos importantes.
1. Um Evento Político Cultural, no qual as ONG’s filiadas a Articulação apresentariam os seus produtos culturais à sociedade.
2. Uma passeata, chamada de “APITAÇO”, na qual todos os participantes chamavam a atenção dos transeuntes usando faixas, bandeirolas e cartazes e um carro de som por meio do qual os líderes do movimento veiculavam as informações à população acerca da atual situação da AIDS no Estado de Pernambuco e no Brasil. Esse movimento culminou na sede da Secretaria de Saúde do Estado onde foi entregue uma carta aberta à população e um documento ao Secretário de Saúde contendo algumas reivindicações das ONG’s e dos soropositivos, com relação a assistência política da população soropositiva.
3. Um Seminário sobre o tema: AIDS e as Políticas de Assistência - conhecimento, sistematização e controle social. O quadro abaixo apresenta o conteúdo programático do seminário:
Conteúdo Programático do Seminário
Mesa Redonda Sub-tema de Cada Mesa
Panorama da Assistência a) Avaliação da Gestão (em nível Estadual e Municipal) em Pernambuco; b) A Vivência com HIV e Aids e a Realidade da Assistência; c) Cenário Nacional e as Políticas de Assistência; d) Cenário Local: Descentralização e Sustentabilidade das Políticas de Aids no Contexto do SUS.
História, Avanços e Desafios do Consenso Terapêutico: a) Adesão, co-infecção e efeitos colaterais; b) Co-infecção e Cotidiano de Assistência; c) Avanços e Experiências; d) Efeitos Colaterais e Tratamentos; e) Adesão e Efeitos Colaterais.
AIDS, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos. a) Sexualidade e Aids na Perspectiva dos Direitos Reprodutivos;
b) Masculinidade e os Desafios de Prevenção;
c) Soropositividade, Saúde, Direitos Reprodutivos e Direitos Sexuais.
Prevenção, Contracepção e Reprodução para Pessoas Vivendo com HIV e AIDS. a) Prevenção: microbicidas e camisinha feminina;
b) Reprodução Assistida; c) Concepção, Pré-Natal e Transmissão Vertical.
Qualidade da Assistência e Prevenção a) Assistência e Prevenção: duas faces da mesma moeda?
b) O Novo Cenário das Políticas Nacionais de DST/Aids; c) Apresentação da Pesquisa sobre Qualidade da Assistência.

Esses temas foram bastante debatidos e no final houve Grupos de Trabalho e Redes para discutir a Carta contendo Propostas para o HIV/AIDS em Pernambuco para que sejam entregues ao novo governo recentemente empossado. Esse documento foi aprovado em plenária e o evento encerrado com atividades culturais, apresentadas por um grupo do folclore nordestino.

Participação da Visão Mundial nesse evento:
A Visão Mundial participou desse evento de duas formas especificamente: apoiando com recursos financeiros e com a participação dos PDA’s. O PDA Novo Chão apresentou um produto cultural através do seu Grupo de Atores Adolescentes que apresentaram um Jogral em Literatura de Cordel com o tema: “VIVA E DEIXE VHIVER - diga não ao preconceito e sim ao amor!”. O PDA Vila da União também participou ativamente do seminário e do ato público, bem como a participação da assessoria de Gestão e RIT da gerência de operações da VMB, no evento político cultural, onde foram distribuídos alguns produtos informativos da Visão Mundial: Boletim Inter Visão, Folders, visando aperfeiçoar o marketing social da VM.

A visão Mundial participou também das ações comemorativas do dia mundial de HIV/Aids em Palmeiras dos Índios, apoiando financeiramente o Seminário realizado naquele município sobre DST, HIV e AIDS em parceria com a Escola Municipal. Esse evento contou com mesas redondas e palestras e um concurso de cartazes sobre o tema do seminário. Nesse evento participaram os PDA’s AAgra e Oásis, CACTUS e Serra da Pedra. Consideramos essa participação da Visão Mundial nesses eventos como uma ação de marketing social muito proveitosa, visto que, serviu para dar uma ótima visibilidade da nossa Organização e dos Produtos que são produzidos em várias áreas e especialmente como uma organização que está entrando com ações estratégicas bem definidas para somar esforços com outras instituições sociais no combate da epidemia de AIDS.

QUADRO DEMONSTRATIVO DA PARTICIPAÇÃO EM EVENTOS
Eventos Agência Promotora Local Período Tema
Seminário Nacional



Vídeo Conferência
Seminário 1º de Dezembro
Ato Público: Cultural e Passeata
Encontro Regional de ONGs/AIDS
Encontro Nacional de ONGs/AIDS
Seminário da UNGASS
Oficina de Capacitação
CNDST/AIDS – Ministério da Saúde
SESI
Articulação AIDS de Pernambuco
Articulação AIDS de Pernambuco
Fóruns AIDS do Nordeste/ Coordenações Estaduais IST/AIDS
Fóruns Regionais, CN-DST/AIDS,
UNGASS/USAID
ONG ABIA/ Alliance/ USAID Aracaju/SE
Recife/PE
Recife/PE
Recife/PE
Maceió/AL
São Paulo
Recife
Rio de Janeiro Agosto de 2002
Setembro/ 2002
Dezembro/ 2002 e 03
Dez/ 2002
Maio/2003
Junho 15//2003
Set 08 a 10/2003
Out 06 a 09/2003
I Seminário Nacional de Sustentabilidade – AIDS e Sociedade Civil em Debate

AIDS e as Políticas Brasileiras para os Funcionários da Indústria

Políticas Públicas de Assistência para HIV/AIDS

“Viva e Deixe Viver” – dez/02; “AIDS: O que é que Eu tenho a Ver com Isso?” – dez/03

Resposta Social Frente a AIDS no Nordeste

AIDS: Revendo o Ativismo
Monitoramento da Declaração de Compromisso da ONU sobre HIV e AIDS.

Oficina sobre Programas de Apoio a ONGs e OSCs de HIV/AIDS

Ao longo desse período do projeto a consultoria em HIV/AIDS da Visão Mundial procurou conhecer e inserir a Organização no ranking das discussões políticas para a epidemia, como também, sondar as possibilidades de captar recursos. Nos seis Estados onde o projeto estava sendo implementado tiveram-se reuniões com as Coordenações Estaduais de IST/AIDS, apresentando a Visão Mundial, o seu produto de campo junto às crianças apadrinhadas, e as iniciativas para atuar no campo da epidemia da AIDS através do projeto que estava sendo implementado. Todas essas reuniões foram bastante proveitosas e tiveram-se sempre essas coordenações apoiando com recursos humanos para dar as oficinas, materiais de divulgação sobre o HIV/AIDS, pagamento dos monitores que fizeram as oficinas e que eram de ONGs como já foi visto acima.
Nesse ano de 2003, a Visão Mundial também esteve presente às comemorações do dia primeiro de dezembro, promovidas pela Articulação. Foi representada por duas funcionárias, um da área de comunicação do EP de Recife e uma assessora de gestão também de Recife. A programação constou de várias ações pontuais em alguns locais diferentes.
1. Ato público em uma das praças principais da cidade com distribuição de preservativo, folhetos explicativos sobre a AIDS e a campanha Fique Sabendo. Nessa ocasião a praça foi ornamentada com bandeirolas e o laço vermelho da solidariedade representando a luta contra a AIDS.
2. Representação teatral do Grupo de Teatro da ONG GTP+ apresentando a peça “Acorda Mulher” que discursava acerca da prevenção contra as DST/AIDS.
3. Também houve um Show Musical por um Grupo de Dança.

Neste evento a Visão Mundial não entrou com apoio financeiro. Apesar desse de haver sido solicitado pela Articulação AIDS de Pernambuco.

Comemoração do 1º de Dezembro no EP da VMB:
No dia 1º de Dezembro a consultoria também realizou uma atividade no Escritório de Projetos aqui em Recife. Foi a primeira ação do projeto HIV/AIDS feita para todo o pessoal do Escritório de Projetos. Mesmo já havendo realizado oficinas de sensibilização com os assessores de operações que atuam com os PDAs ainda não se havia tido uma oportunidade adequada para esse fim. A programação, por ser inicial foi realizada por ocasião da Devocional que ocorre às segundas-feiras no inicio do expediente e constou do seguinte:
1. Uma reflexão feita por um Pastor sobre o tema: “AIDS, o que é que eu tenho a ver com isso?”
2. Uma Comunicação feita por um representante de uma ONG/AIDS do Recife
3. Entrega de um Kit/Prevenção contendo alguns folhetos sobre DST/AIDS, uma camisinha, um lacinho vermelho que simboliza a solidariedade na luta contra a AIDS, um texto explicando a origem do lacinho.
4. O local foi decorado com cartazes que tratavam sobre a epidemia e as formas de fazer prevenção.

Na palestra, o pastor falou acerca da epidemia, pontuando a sua evolução no mundo, fazendo referência aos cuidados que cada pessoa deve ter para evitar se infectar com o vírus. Enalteceu a importância de se ter uma vida pautada nos princípios cristãos como forma de se fazer prevenção e chamou a atenção para a solidariedade que se deve ter para com as pessoas que estão vivendo esse drama.
A fala do representante da ONG ASAS esteve voltada para uma explicação acerca do que é o viver soropositivo na experiência dos trabalhos que são desenvolvidos por sua organização. Também explicou como se dão as ações do movimento organizado para reivindicação das políticas para o combate a epidemia. Pontuou que todos temos a ver com a AIDS, que ela não é uma questão só dos que estão infectados pelo vírus ou estão coma doença, mas que é de todos nós e por isso é da competência da VMB estar tendo uma iniciativa em direção ao tema.
A consultoria não esteve presente nessa ocasião visto que estava em viagem para a Costa Rica, onde ia participar do Taller Regional VIH/SIDA.

A logística para a realização desse evento constou do seguinte:
• Reunião com uma das pessoas responsáveis pela Devocional articulando a possibilidade de se realizar esse evento naquela ocasião.
• Reunião com o coordenador estadual de DST/AIDS para buscar material de apoio para a realização da programação;
• Reunião com o coordenador municipal de DST/AIDS buscando material para a prevenção como camisinhas, folders, cartazes, para fazer os Kit/Prevenção;
• Reunião com o gerente de patrocínio discutindo as estratégias para esse evento.

A partir do que a consultoria buscou saber dos resultados dessa iniciativa, a partir do relato das pessoas que estiveram nos ajudando para esse fim e ficou responsável pela realização do mesmo, a Devocional naquele dia foi bastante concorrida. Segundo o relato das pessoas o salão estava repleto de funcionários de todos os programas, todos ouvindo atenciosos ao que estava sendo apresentado. No final foram entregues os Kits/Prevenção a cada um participante e alguns foram esquecidos cadeiras por uma grande parte das pessoas presentes. O que entristeceu a equipe que ficou responsável pelo evento e referendou a suposição da consultoria da necessidade de se realizar oficinas de sensibilização para todos os funcionários da VMB tanto em nível regional como nacional envolvendo todos os seus programas. Até porque, essa é uma das metas do Pacote de ferramentas do World Vision. Esse comportamento das pessoas deixando os seus Kits Prevenção sobre as cadeiras também sinaliza como uma resposta coerente com o Título da Relfexão pareceu que se estavam dizendo que não tinha nada a ver com AIDS. Também se interpretou esse comportamento como a corroboração de um grande índice de preconceito e discriminação que ainda povoa o imaginário social da AIDS, o que foi lamentado por todos que estiveram cooperando com a consultoria para realizar essa ação.

Outros Eventos onde a Visão Mundial teve participação intensiva e que a partir dessa participação ela foi reconhecida como uma organização que também atuava no combate a AIDS foi:
1. O Encontro Regional de Organizações AIDS: ERONG
Nesse evento a consultoria participou como delegada com direito a votar nas Assembléias gerais, passagem e alimentação;
2. O Encontro Nacional de ONGs AIDS: ENONG
Esse é o encontro bianual que vem acontecendo já a duas décadas de AIDS. È o que se pode chamar de a materialização do movimento social organizado na luta contra a AIDS no Brasil. Nele se dá o encontro de todas as organizações que atuam no combate a epidemia, tendo também a presença do Estado como parceiro. Nesse Evento a consultoria da VMB também participou como delegada, com direitos a voto nas assembléias gerais, passagem aérea, hospedagem e alimentação.
3. Seminário da UNGASS - Monitoramento da Declaração de Compromissos da ONU de HIV/AIDS.
Esse Seminário foi realizado aqui em Recife, tendo um número limitado de vagas. A consultoria esteve participando dele como representante da VMB na Articulação AIDS de Pernambuco. Nesse Seminário foi eleita a CAMS (Comissão de Assistência dos Movimentos Sociais) para fazer o Monitoramento dos programas da UNGASS aqui no Brasil. O conteúdo discutido nesse Seminário constou do seguinte: a Declaração de Compromisso da UNGASS sobre HIV/SIDA: Crise Mundial – Resposta Mundial; as Metas da UNGASS: Assembléia Geral Sessão Especial de HIV/AIDS – Programa Brasileiro.
No final foi elaborada a Carta do Recife-PE/Brasil pelos representantes dos fóruns Nacionais de ONG/AIDS, e representantes não-governamentais na comissão Nacional de AIDS, Fórum Mercosul, GT UNAIDS que foi encaminhada a UNGASS como resposta para ser integrada no Pacote de Ferramentas dessa Organização. Nesse evento a consultoria participou com direito ao material de apoio e alimentação.
4. Oficina sobre Programas de Apoio a ONGs e a OSCs de HIV/AIDS.
A Oficina tinha como um de seus objetivos conhecerem alguns recortes das experiências das práticas desenvolvidas pelas organizações representadas, todavia esse item não foi cumprido satisfatoriamente em virtude do fator tempo, ficando acordado entre todos deixar o maior tempo para que os representantes dos outros países: Moçambique (04 pessoas) e Angola (02 pessoas) a fim de eles pudessem fazer exposição mais detalhadas das suas práticas. A metodologia constou de dois momentos: aulas teóricas e práticas, sobre os temas: monitoramento, avaliação, como ter uma melhor prática, criação de redes de solidariedade entre ONGs de estados e países de culturas diferentes, o que cada um pode fazer para apoiar outra ONG, o apoio governamental para esses trabalhos, entre outros. O assunto apresentado em forma de aula expositiva pela manhã era discutido a tarde em grupos, cada grupo tecendo o campo crítico e sugerindo as mudanças estratégicas para cada tema. Os países convidados fizeram exposição da realidade da epidemia em suas comunidades. O campo dos contextos culturais também foi bastante explorado.
A Experiência de Moçambique:
O trabalho em Moçambique é bastante precário e localizado.
- segundo relatos dos representantes desse país, Moçambique tem um alto índice de DST’s (Infecções Sexualmente Transmissíveis); com uma considerável proeminência dos casos em crianças, adolescentes e jovens.
- os serviços de acesso aos atendimentos de saúde são bastante precários;
-alto índice de mulheres que fazem sexo sem camisinha, ficando essa a mercê da proposta financeiro que é feita pelo parceiro (sem camisinha o preço é mais alto);
- a troca dos parceiros é uma constante;
- a estimativa da OMS (Organização Mundial de Saúde) para esse país é de que até 2010 12,4 milhões de pessoas deverão estar infectadas com o HIV, ficando a expectativa de vida em 36 anos de idade.
A resposta ao combate à epidemia em Moçambique:
- a resposta ao HIV/AIDS não parte da sociedade civil organizada e sim dos governos e dos fabricantes de preservativos que fazem campanhas de uso da camisinha para evitar a AIDS;
- a sociedade civil é muito fraca e não possui recursos econômicos e técnicos para desenvolver ações de combate ao HIV/AIDS, também não existe a prática do controle social;
- as pessoas com HIV ou doentes de AIDS eram expulsas de suas comunidades de origem, havendo sido estabelecida nesses últimos anos uma lei que protege os soropositivos de serem expulsos de suas comunidades;
-ainda não existe aprovação da terapia anti-retroviral;
Angola - Luanda:
A situação desse país não foge ao contexto de outros do continente africano.
Angola possui alto índice de adultos e crianças infectadas com o vírus do HIV.
-a mulher gestante não faz pré-natal;
-as crianças nascem em casa com as parteiras tradicionais;
-a questão cultural é fator preponderante para as mulheres não procurarem os serviços de saúde, que são precários;
-grande dificuldade para se fazer o teste de sorologia para HIV;
-conhecimento insuficiente da situação epidemiológica.
A consultoria da VMB participou desse evento como ONG convidada com direitos a transporte aéreo, hospedagem e alimentação. O que também ressignificou o reconhecimento da organização e do seu trabalho também com HIV/AIDS.

Participação em eventos na VMB:
A consultoria também esteve participando de alguns eventos da agenda da VMB, no eixo da Gerencia de Operações, de alguns PDAs e assessores de gestão. Foram eles:
1. Dia de Oração de Visão Mundial: AF/ 2002 e AF/ 2003;
2. Dia de Pensar a Missão da Missão da Visão Mundial AF/ 2002;
3. Encontro Regional de PDAs AF 2002;
4. Participação na Confraternização de Natal do EP em Recife AF 2002;
5. Participação da Oficina de Marco Lógico realizada em Salvador com alguns PDAs dos Estados da Bahia e Sergipe.
Por ocasião dessa Oficina a consultoria esteve apresentando aos PDAs participantes a Proposta do Projeto HIV/AIDS, discutindo a implementação do mesmo e agendando data para as oficinas. Esse foi um encontro muito proveitoso para todos. O conteúdo trabalhado com o grupo naquela ocasião foi referente a algumas estratégias para os PDAs poderem operacionalizar no Plano das Ações do AF 04 referentes ao HIV/AIDS, como mostra o quadro lógico a seguir:
MODELO DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
A PARTIR DE QUATRO VARIÁVEIS BÁSICAS PARA IMPLEMENTAÇÃO NO PDA:

Variáveis Indicadores Operacionalida
De Impactos Monitora
mento
(sustentabilidade) Avaliação e Melhores Práticas
1- Prevenção Índice de Infecção
Sensibilização
Informação
Articulação Campanhas
Palestras
Distribuição
Interação Social Reduzir os
Índices
Conscientização
Solidariedade
Mudanças Acompanhamento
Sistemático
Avaliação Permanente
Retroalimentação
Conhecer através dos Objetivos
alcançados
2-Assistência Políticas Públicas: Serviços OG’s
ONG’s: atuação
População + e com Aids
Conhecer os locais de referência: Secretarias – Estadual e Municipal -
Contatos com Representações Não Governamentais
Promoção de Eventos Tecer rede de solidariedade entre o PDA e as outras Instituições: Escolas, igrejas
Manter contatos permanentes com as instituições
Participação ativa nas programações
Prover recursos para os afetados

Conhecer através dos Objetivos alcançados
3- Defensoria Pública Preconceito e Discriminação
Cidadania:direitos e deveres do soropositivo
Medicamentos
Benefícios sociais
Campos de Trabalho
Promoção de Oficinas de Sensibilização
Campanhas Informativas
Promover Fóruns de discussão sobre Direitos Humanos + Deixar as pessoas soropositivas informadas
acerca da cidadania e dos direitos humanos
Acompanhamento
Sistemático das ações em desenvolvi
mento
Conhecer através dos Objetivos alcançados quais foram as melhores práticas.
4- Apoio psicológico e Espiritual Medos
Culpa
Adesão
Redução de danos Conhecer os serviços de psicologia oferecidos pelas OG’s ‘ ONG’s
Tecer rede de solidariedade entre PDA e esses serviços
Criar serviço de apoio no PDA
Fortalecimento dos cidadãos +
Mitigação dos efeitos da Epidemia junto às pessoas afetadas e famílias
Acompanhamento sistemático das ações em desenvolvimento Conhecer atravvés dos Objetivos alcançados


Participação no Taller Regional sobre VIH/SIDA:
A participação no Taller Regional sobre VIH/SIDA se configurou para a consultoria em um momento marcante para a continuação do projeto HIV/AIDS no Brasil. Aos trabalhar por um período de tempo, sozinha, a oficina propiciou uma integração social e humana significativa com as pessoas dos outros países que também estavam atuando nessa questão.
Período do Taller: 01 a 05 de dezembro de 2003
Local: São Carlos – Costa Rica
Conteúdo Trabalhado: Pacote de Ferramentas para Implementação das Ações de Combate ao HIV/AIDS nos países latinos americanos e caribenhos.
Metodologia: cada país fez uma exposição oral, com recursos áudio visual de Pawer Pant, situando a realidade da pandemia em seu país.
A programação das oficinas constou de três momentos que se completaram:
1. Uma Reflexão Inspirativa;
2. Exposição acerca das metas do Pacote de Ferramentas;
3. Atividades em Grupos de trabalho.
O propósito do Taller foi:
• Fortalecer o entendimento do pessoal da VM acerca da pandemia de HIV/AIDS na América Latina e Caribe
• Apresentar os recursos técnicos e os meios de trabalho da VM Internacional em resposta ao HIV/AIDS
• Conhecer a situação do HIV/AIDS nos países da América Latina e Caribe onde a VM está atuando, incluindo alguns exemplos da programação que está sendo realizada nesses locais, pontuando algumas programações exitosas
• Fazer uma revisão da estratégia regional para o HIV/AIDS da VM e sua declaração oficial face a pandemia na região da América Latina e Caribe
• Revisar o Pacote de Ferramentas para ser implementado nos PDAs identificando as possibilidades de estar trocando para adaptar aos contextos locais
• Definir um Plano de Ação Concreto para complementar o processo de adaptação do Pacote de Ferramentas nos contextos locais da América Latina e Caribe
• Definir um Plano para o lançamento e implantação do Pacote de Ferramentas nos PDAs da VM na região da América Latina e Caribe.

A programação da oficina regional foi bastante densa tanto pelo volume de tarefas a serem realizados num espaço tempos reduzidos, como pela relevância do tema tratado e as multiculturas representadas. Todavia, esse fator não foi significativo para destituí-la do seu espírito de confraternização e solidariedade. Pôde-se observar que todos os participantes se esforçaram muito para manter uma comunicação satisfatória, apesar das diferenças dos idiomas. No final dos trabalhos todos os participantes já falavam um pouco do idioma do outro.

As Aberturas Devocionais:
Umas das atividades das oficinas que foram marcantes foram as Devocionais. A cada dia se teve uma pessoa fazendo uma reflexão bíblica, contextualizada com os objetivos do evento. Observe a seguir o quadro demonstrando como se deu essa programação. Cada orador teve o cuidado de contextualizar a sua reflexão com os objetivos da oficina, de modo que todos foram enriquecidos com os conteúdos transmitidos. No primeiro dia tivemos a fala de Manuel Sierra, que se fundamentou no texto de Isaías 6:5 a 7: O preletor centrou sua reflexão em dois pontos centrais:
a) Temos sido Feridos Is. 6:5. “Segundo ele o profeta Isaías teve dificuldades em descobrir quais eram as suas próprias feridas, quando sua preocupação era sarar as feridas das outras pessoas. Segundo ele, devemos reconhecer que em algum ponto de nossa vida devemos estar preocupados em sarar nossas próprias dores para então nos sentirmos prontos para sarar os outros; Nos descobrimos quando conhecemos Deus e nos vemos diante de Sua glória”;
b) Capacitar para Curar: Is. 6: 6 e 7: “ Chamada para união através da capacitação: 1- o pricípio da saúde é o perdão (culpa);
2- a sanidade é um processo: - curamos com a vida,
-curamos com a palavra,
-curamos com as ações
(produção de pensamentos)
-curamos com os sinais
divinos”
Conclusões: o trabalho com o HIV/AIDS deve buscar a plenitude das estratégias e dos agentes facilitadores. É necessário fortalecer a espiritualidadee com aqueles aos quais procuramos ajudar.

No segundo dia de devocional se teve o Testemunho de uma cidadã vivendo com o HIV/AIDS: Kattia Lopez. A fala dessa mulher foi muito importante e comovente. Ela procurou dar algumas informações básicas acerca do viver soropositivo e do fortalecimento encontrado por ela em algumas pessoas do meio cristão. Observe a transcrição a seguir de alguns recortes dessa fala:
“ Eu estou segura de que Deus nos deixa viver as experiências e trabalha a nossa pessoa a partir dessa experiência. Para se ajudar alguém que esta vivendo o drama da VIH/SIDA significa:
- dar um passo para romper o estigma da morte;
- a morte social é muito cruel e precisa ser trabalhada;
- o fato de ser positivo parece que você deixa de ser pessoa, deixa de ser mãe, deixa de ser filha, é apenas alguém que está respirando. É uma pessoa estigmatizada.
Precisamos ser ajudados por pessoas que nos incentivem a:
- trabalhar sexualmente o nosso corpo;
- porque as pessoas com a HIV/AIDS poucas vezes são sensibilizadas para essa terapia;
- eu estou cansada de tanto tomar medicamentos;
- me cansei de ver os números da infecção crescendo;
- me cansei de ver os jovens e os adolescentes com VIH/SIDA;
- me cansei! Não quero mais viver!
- para mi não era inútil continuar vivendo. Apesar de eu ter meu esposo que é uma pessoa excelente, e é negativo.
- depois que eu engravidei, esperar o resultado de ter um filho negativo;
- ter me de convencer e as outras pessoas de que nós, com VIH/SIDA podemos contribuir muito nessa luta.
- obrigada pela força, obrigada por poder contribuir com o trabalho de varias organizações que estão aqui hoje. Obrigada!

Na reflexão do terceiro dia de devocional se teve Dennis Osório falando sobre “A Mulher Enferma e a Menina Morta”. Baseado em Mat. 9: 18 a 34. O foco da reflexão foi uma comparação desse texto com o apoio que deve ser dado às pessoas que estão com o HIV/AIDS. Segundo ele:

“Apesar da Exclusão social Jesus privilegiou dá atenção às pessoas humildes, excluídas, que estão sofrendo, que estão necessitadas de apoio. Jesus tocou na mulher. E o ato de tocar revigorou a esperança e a fé daquela mulher”.
Correlação entre 4 aspectos: justiça, política, cultura e sociedade.
1. Jesus Privilegia a mulher e a criança;
2. Jesus se mostra acessível e compassivo;
3. Jesus rompe os preconceitos com o ministério dos contatos, da aproximação;
4. A fé: devemos confiar na obra de Jesus na vida das pessoas com HIV/AIDS.
5. As mulheres estão predominando no índice de infecção na América Latina. Jesus ama essas mulheres.
Conclusão: é fundamental que todos nos voltemos para essa prática maravilhosa de Jesus, quando estivermos pensando nas pessoas que estão vivendo a flagelo dessa pandemia, e que sejamos solidários na hora de demonstrar amor, de ser solidário.

A reflexão da quarta devocional foi feita pelo Pastor Manfred Grellet. O pastor não se fundamentou em nenhum texto bíblico exclusivo, mas falou diretamente sobre a AIDS enfocando 5 pontos centrais que envolvem o Pacote de Ferramentas, são eles:

1. O Evangelho: é bom para a saúde. Parte importante da prevenção da AIDS e uma prática de Deus, nos Evangelhos. Cristo tocou o leproso.
2. A AIDS: é condor, abstinência, fidelidade, família. - Os PDAs tem que de alguma maneira construir isso: trabalhando a família.
3. As Oficinas: é importante estar conectado dentro das oficinas; fazer conexão com as oficinas que tratam das questões referentes a AIDS; é fundamental conhecer a AIDS também nos outros países.
4. O universo internacional: conhecer a AIDS no foco internacional, e as iniciativas dos governos e outras organizações para enfrentar a pandemia.
5. Recursos: conhecer a AIDS a partir de recursos/ patrocinadores, projetos financiados.
Os que vão lidar com a AIDS terão de cuidar profundamente da sua espiritualidade.
Trabalhar a sexualidade na perspectiva desta realidade da AIDS é como um presente de Deus. Falar desse assunto na igreja é importante, é essencial.
Fazer a prevenção para a Visão Mundial usando não só o Condor é também ampliar o conceito de prevenção. É fundamental resgatar alguns valores perdidos ao longo do processo social”.

A reflexão da última devocional foi feita por Jonathan Hernandez. Ele falou sobre Um Compromisso de Todos. Fundamentando em João 4: 1 a 42 – Jesus e a Mulher Samaritana: nosso ponto de vista deve ser o ponto de vista de Deus.

- “O contexto entre Jesus e a mulher samaritana planteia diversas situações. Esse contexto exemplifica a superação das diferenças;
- havia uma barreira social entre Jesus e a mulher samaritana, e no encontro dos dois essa barreira foi vencida. Jesus mostrou para a mulher que essa barreira estava superada;
- Jesus sabia exatamente quem era aquela mulher samaritana, mas Ele a valorizou;
- Jesus não esteve preocupado de estar sozinho, no poço, com aquela mulher que já tinha tido tantos maridos;
Conclusão: A finalidade de Jesus nesse encontro foi de mostrar a aquela mulher que ela estava livre do jugo social judeu e o caminho estava livre para ela chegar até Deus. Nesse texto fica a exortação de como é possível mostrar solidariedade, amor de respeito a uma pessoa que esta com AIDS. Jesus não fez nenhuma diferença entre as pessoas com as quais esteve aqui na terra, mas simplesmente mostrou amor, mostrou a Deus”.

Grupos de Trabalhos:
Nessa oficina trabalhou-se com a metodologia participativa, sendo essa uma ótima oportunidade para a troca de experiências. O Pacote de ferramentas pode ser resumido aqui no seguinte:
“A Visão Mundial tem estado envolvida com o tema do HIV/AIDS por mais de dez anos, porém, a luz da sua expansão no continente africano, e os catastróficos índices de taxas de prevalência na Ásia e na América Latina e no Caribe, bem como no continente europeu, a Visão Mundial chegou ao reconhecimento de que era necessário olvidar esforços para enfrentar essa pandemia. A Iniciativa Esperança se constitui numa resposta global da VM para reduzir o impacto mundial do HIV/AIDS. Esse Programa foi elaborado em outubro de 2000 e foi lançado em março de 2001, sendo integrado na programação da Visão Mundial em todos os países onde a mesma atua. A meta principal do Iniciativa Esperança é reduzir o impacto global do HIV/AIDS por meio da expansão dos programas e colaboração da VM enfocando a meta de prevenção, atenção, defensoria (advocacy). O HIV/AIDS é uma prioridade da VM porque é o caminho mais direto para se chegar ao desenvolvimento comunitário atualmente. O HIV/AIDS está devastando comunidades inteiras fazendo retroceder décadas de progresso e o desenvolvimento, agravando a pobreza, causando um impacto desproporcional nos pobres.
Mas especificamente o HIV/AIDS e uma prioridade para a Visão Mundial porque:
• A VM está interessada nessa questão porque se preocupa com as crianças dos seus projetos.
• A VM tem mais de 900.000 crianças patrocinadas em 30 países, estando cerca de 2000 000 das crianças patrocinadas em risco, em nível mundial.
• A VM está investindo quase 200 milhões de dólares ao ano nos trinta paises mais infectados pela pandemia.
• Nossos funcionários, em nível mundial, estão em risco de contraírem o vírus e muitos estão infectados pelo HIV/AIDS e suas próprias famílias estão expostas.
• Como uma organização cristã, temos uma oportunidade singular que é a de “compartilhar a esperança de Cristo com aqueles que estão infectados”.

Como resultados dos trabalhos dos grupos, foi consenso que o Pacote de Ferramenta da Iniciativa Esperança fosse implementado nos PDAs da VM, em nos países em que esta atua, todavia o mesmo deverá ser adequado ao contexto sóciopolítico de cada país, devendo o mesmo ser implementado até o AF 05.

VI – CAPTAÇÃO DE RECURSOS

A captação de recursos foi uma das áreas com as quais a consultoria também esteve trabalhando. Nos primeiros meses de implementação do projeto se esteve articulando com a gerencia de fundos multilaterais da VMB as possibilidades de elaboração de um projeto para captar recursos. A intenção dessa gerência era a de captar recurso do Fundo Global de Combate ao HIV/AIDS, Tuberculose e Malária. Quando da contratação da consultoria pela VMB ficou acordado que essa consultoria também estaria atuando junto a gerencia de fundos multilaterais para estar ajudando com as questões relativas ao tema do HIV/AIDS as quais estavam fora do domínio do conhecimento daquela gerencia. Portanto, até onde a consultoria entendeu, seu eixo de atuação era de prover o suporte no que tange ao saber teórico-prático do HIV/AIDS, tanto das esferas das políticas públicas governamentais, como nas esferas do movimento social organizado, configurado nas ONGS/AIDS. A consultoria entendeu que sua tarefa especifica no eixo dessa gerência seria a de auxiliar na consulta dos campos para a captação de recursos e também dar um suporte técnico com o saber teórico acerca do tema e das suas configurações no espaço público e privado para a elaboração de um Projeto de Captação de Recursos, para continuação do projeto que já estava sendo implementado. Não ficou claro para a consultoria que seria de sua responsabilidade, sozinha, captar o recurso para a VMB nessa área do HIV/AIDS. Até porque, a gerencia de captação de recursos já tinha a sua assessoria devidamente especializada para esse fim. Havendo de se considerar aqui também, as opiniões pessoais da consultoria, que se a mesma tivesse compreendido que ela teria de dar conta, simultaneamente, de dois eixos de trabalho tão densos: operações e fundos multilaterais, da organização, a mesma não teria aceitado essa tarefa porque humanamente é impossível realizar e atender a todas as expectativas da organização.

Tomando como referência à não integração da VMB como uma organização não governamental que tinha produto de campo sobre a AIDS, que também não tinha conhecimento do perfil dessa epidemia dentro dos seus projetos, ou do seu quadro de funcionários, a consultoria cônscia da sua responsabilidade e instrumentalizada pelo saber profissional, também guiada pelo senso de responsabilidade que a função de consultoria requer, cuidou de trabalhar primeiramente na preparação do campo onde a VMB deveria ser integrada como uma organização que estava sensibilizada para essa questão e tinha como iniciativa fazer-se conhecida para então poder ter os seus projetos participando da seleção governamental para captação de recursos.

Durante os dezoitos meses em que se esteve trabalhando nesse eixo para dar consultoria à captação de recursos no projeto HIV/AIDS, alguns fatores foram de grande influência na não concretização dessa ação, dentre eles houve a mudança da gerencia de fundos multilaterais, a falta de um apoio das gerencias dos dois eixos: operações e multilaterais no sentido de se estar apoiando e discutindo juntamente com a consultoria, visto que a mesma não possuía equipe, e as iniciativas para essa ação só chegavam ao conhecimento da consultoria por meio do repasse de Notes através da assessoria de captação de recursos. A falta de uma conversa clara e objetiva da VMB com a consultoria, visto que isso nunca foi requisitado, a não sensibilização da VMB para a questão AIDS, a diversidade de tarefas que o projeto requereu da consultoria já que todos os PDAs se mostraram desejosos de estar participando dessa ação por reconhecerem a necessidade de aproximar seu público alvo dessa questão, o volume de tarefas da agenda da consultoria, todas de significativa importância para o desenvolvimento do projeto, inclusive as burocráticas, e um volume inadmissível de correspondência eletrônica que quase sempre não se articulavam com os interesses do projeto HIV/AIDS, e outras além dessas.
A estratégia adotada pela consultoria para trabalhar no eixo de captação de recursos define, então, no seguinte, para viabilizar uma forma mais produtiva para usar o seu tempo:

• Consultar os campos das agências financiadoras de projetos, como UNICEF, POMMAR, SESI, CN-DST/AIDS, Coordenação Estadual de IST/AIDS;
• Consultas na Internet para estar conhecendo alguns endereços eletrônicos de Fundações que apóiam projetos;
• Consulta bibliográfica para a fundamentação teórica de um projeto de captação de recursos em gênero;
• Visitas a ONGs, conhecendo suas estratégias na área de captação de recursos.
• Visitas as Coordenações Estaduais e Municipais de DST/AIDS
• Participação em eventos.
Essa ação foi realizada num processo muito lento de ser realizado, visto que demanda alguns fatores essenciais para sua execução:
• Ter um forte conhecimento do perfil da epidemia na região, por conta das suas diversas mutações;
• Ter um bom produto realizado pela Visão Mundial Brasil, nas suas áreas de influência, para mostrar às agências financiadoras;
• Ter um banco de dados, com indicadores bem definidos sobre a epidemia, que possam sustentar a justificativa da necessidade de implantação de um projeto de enfrentamento do HIV e AIDS.

Considera-se que somente agora, após o projeto inicial haver sido implementado no campo, tendo-se hoje os 23 PDA’s as suas coordenações sensibilizadas para o HIV/AIDS e também tendo algumas metas traçadas no seu plano de ação para o AF 04, com certo recurso financeiro reservado para esse trabalho, por um lado. Por outro lado tem-se a pesquisa de HIV/AIDS nos PDA’s, que é um verdadeiro banco de dados para ser consultado e apresentado como um produto de campo da VMB em HIV/AIDS, e ainda tem-se todo o marketing social da organização feito em nível nacional, considera-se que a organização está pronta para captar recursos de HIV/AIDS, dando assim continuidade aos seus objetivos.

VII – DESEMPENHO DO PROJETO

Nesse terceiro trimestre considera-se que o Projeto HIV/AIDS teve ótimo desempenho. Avaliando-se as ações que foram implantadas nesse período vê-se que está efetivada a inserção da Visão Mundial nos espaços da discussão e luta contra a epidemia. Desse modo podem-se enumerar algumas ações realizadas que deram certo e podem ser consideradas como ganhos para a Visão Mundial. Pode até não serem ainda os ganhos pretendidos, que é a captação de recursos, mas são ganhos que também não são secundários, pois devem ser reconhecidos como de grande valia para o reconhecimento da Visão Mundial como uma ONG que também atua na questão do combate a epidemia da AIDS.
• Os contatos efetuados com representações governamentais e não governamentais em outros Estados do Nordeste foram ações que deram certo, no sentido da construção do marketing social.
• O impacto das Oficinas de Sensibilização nas equipes dos PDA’s, que criou uma ótima expectativa quanto às possibilidades de se elaborar um plano de ação para combater a epidemia nos PDA’s, que poderá também, ser de grande valia para as comunidades carentes, visto que esses espaços são territórios marcados pela pobreza e baixa inserção social das pessoas ao atendimento de saúde de qualidade, e em se tratando da AIDS observa-se um agravo na situação, já que o Estado por si só não consegue dar conta de todas as demandas sociais da saúde no Brasil.
• A participação em eventos, reuniões de fóruns e encontros estratégicos em hospitais de referência no tratamento da AIDS, nas Coordenações Estaduais e Municipais de DST/AIDS, nos criou oportunidades de através das falas, ir participando dos debates se inserindo gradativamente a Visão Mundial no campo das discussões.
• As visitas aos PDA’s que possibilitaram fazer-se um reconhecimento das áreas das comunidades carentes onde estão os projetos assistidos pela Visão Mundial, conhecendo as ações das políticas públicas e das iniciativas de outras instituições, como escolas, igrejas, fundações, ONG’s, que também atuam na luta contra a AIDS.

As expectativas de trabalho da consultoria foram as de que ao final da implementação do projeto tivesse sido construído definitivamente o nome da Visão Mundial, enquanto uma organização que pretende contribuir nessa causa global, que tanto tem afetado o mundo. Fica a certeza de que somente a partir dessa articulação, consistente, da Visão Mundial com todas as outras representações institucionais e sociais que militam pela causa AIDS; e com os PDA’s tendo suas metas bem delineadas e em pleno funcionamento, ganhou-se o reconhecimento e os espaços almejados para a efetivação de um programa da Visão Mundial para combater o HIV/AIDS, impactando na redução do índice de infecção, e captar os recursos para implantação e execução de ações de erradicação da epidemia.

VIII – RESULTADOS OBTIDOS

O desempenho do projeto, ao longo desses 18 meses de atividades, foi muito proveitoso. Avaliando-se a partir do plano de ações implementadas é possível constatar que o trabalho foi realizado com linearidade, em processo contínuo e crescente, e que ao chegar a sua fase final teve todas as ações planejadas postas em prática. Mesmo que não se tenha obtido a concretização de todas as ações, com resultados imediatos, todas foram contempladas, de alguma forma, no período de implementação das ações de campo. Ao final de tudo ficam apenas duas ações que não foram definitivamente concluídas: a captação de recursos e o programa de combate a AIDS da Visão Mundial Brasil. A não efetivação integral dessas duas ações tem sua justificativa em alguns fatores que ao longo do processo de implementação foram determinantes a não concretização. No eixo da captação de recursos se teve o obstáculo referido a seguir, além de muitos outros:
• A VMB não ser uma ONG/ AIDS;
• Não ter produtos de campo para comprovar a sua atuação com o tema da AIDS;
• Os pré-requisitos da CN-DST/AIDS – que requer dois anos de trabalhos realizados no combate a epidemia para então financiar ou então, referendar projetos à outras agencias financiadoras, como Fundo Global de Combate a AIDS, Tuberculose e Malária;
• A falta de envolvimento das gerencias de fundos multilaterais e operações no sentido de estar compondo com a consultoria para discussão do tema e dos interesses da Organização com o tema, já que o mesmo envolve assuntos que vão de encontro às doutrinas religiosas fundantes da missão da organização;
• O nível considerável de isolamento no qual a consultoria esteve trabalhando durante todo o tempo, sendo requisitada apenas nos momentos de cobranças de relatórios;
• O comprometimento da agenda da consultoria, visto que a mesma tinha tarefas várias e díspares a executar no mesmo espaço tempo, e sem nenhuma outra pessoa para auxiliar;
• A expectativa imediatista da organização terminou por ser um complicador para a realização dessa tarefa, no que tange a não considerar o tempo necessário para a execução dessa ação. O imediatismo demonstrou o não conhecimento da organização do trato real e não ideal da questão HIV/AIDS.
• A disparidade estratégica para a consultoria estar atuando no eixo de duas gerencias sem uma equipe de suporte.
• O pragmatismo da organização

Todavia, no intento de não deixar esse eixo em aberto, várias estratégias foram adotadas pela consultoria, tais como: participação nos eventos, contatos através de visitas pessoais e via On line, com grupos e organizações financiadoras foram feitos, contatos com as Coordenações de DST/AIDS em nível Nacional, Estadual e Municipal como já está pontuado acima.
Outra ação que não se concluiu até o final do projeto diz respeito à elaboração do Programa de Combate a AIDS da Visão Mundial Brasil. Tomando como base o Plano de Trabalho, elaborado e entregue a consultoria no inicio da sua contratação, essa ação só estaria sendo implementada ao final do mesmo, o que certamente se estava considerando como sendo o inicio desse AF 04 a ocasião propicia para implementar essa tarefa.
Portanto, ao final da implementação do projeto HIV/AIDS, considerou-se que todas as ações realizadas deram resultados satisfatórios, visto que a VMB fica numa posição bastante confortável no meio social do enfrentamento da epidemia da AIDS, em seus segmentos distintos. Também se deixa um produto de campo produzido o que facilita para que a organização possa investir nesse campo, pois o reconhecimento das suas iniciativas no tema já está efetivado o que lhe confere um passaporte para o estabelecimento de ótimas relações com o setor público e privado que atuam nesse campo da AIDS, tanto em nível municipal, como estadual e nacional.
O resultado satisfatório da implementação do projeto HIV/AIDS também pode ser comprovado a partir do que o quadro demonstra a seguir. Não se tem resultado em números para mostrar a VMB porque o método com o qual se trabalhou foi qualitativo, materializado por meio de visitas, conversas, reuniões, reconhecimento de áreas e oficinas. O que se tem de quantitativo para mostrar está centrado mais no volume de visitas realizadas nos projetos, do número de funcionários que se faziam presentes naquela ocasião, na quantidade de contatos realizados com ONGs e OGs para marketing social e captação de recursos, na participação em eventos, na quantidade de oficinas realizadas.

Ações Desenvolvidas
Oficinas com Assessores de Operações
Oficinas com Coordenadores dos PDAs
PDAs Visitados
Visitas aos PDAs
Coordenações de PDAs sensibilizadas em HIV/AIDS
Oficinas para Treinamento da Pesquisa
Participação em Fóruns
Participação em Seminários
Coordenações Estaduais DST/AIDS Visitadas
Coordenações Municipais DST/AIDS Visitadas
Organizações Contatadas para estabelecer redes de parcerias
Coordenação Nacional DST/AIDS contatada
Visitas a Hospitais de Referencia para HIV/AIDS
Visitas a CTA (Centro de Aconselhamento e Testagem)
Visita a Hospital Dia para paciente com AIDS
Participação em Tele-conferencia
Participação nas Reuniões Ordinárias da Articulação AIDS em Pernambuco
Participação dando Oficinas para pessoas vivendo com HIV/AIDS
Participação para discussão da formação do Comitê de Ética na pesquisa em Vacinas para HIV/AIDS de Pernambuco
Reunião com os Coordenadores Estaduais de DST/AIDS das
Secretarias de Saúde do Nordeste brasileiro

O desempenho do projeto também deve ser contabilizado a partir dos resultados que os PDA’s deram elaborando os seus Planos de Ações e Metas para o AF 04. Temos um número considerável de PDA’s que estão com ações planejadas para dar início ao combate da epidemia. Seguindo a orientação da consultoria e motivados pelo ótimo aprendizado com as Oficinas de Sensibilização em HIV/AIDS e a realização da Pesquisa, os PDA’s perceberam a necessidade de dar início a mais essa tarefa. Relação de PDA’s que têm metas planejada no AF 04 para o enfrentamento da epidemia da AIDS. Aqui vale uma ressalva de que não estão todos relacionados, mas os que estão citados aqui foram os que já haviam confirmado com a consultoria esse planejamento.
1. PROPAC (Serra Talhada/PE)
2. Vila da União (CABO de Santo Agustinho/PE)
3. Jardim Uchoa (Recife/PE)
4. Brejal (Maceió/AL)
5. Vida de Criança (Fortaleza/CE)
6. Pantanal (Fortaleza/CE)
7. Santa Cruz (Apodi/RGN)
8. Jucuri (Jucuri/RGN)
9. Margarida Alves (Mossoró/RGN)
10. Associação Mangueiras (Salvador/BA)
11. Valença (Valença/BA)
12. Santa Luzia (Salvador/BA)
13. Serra da Pedra (Pão de Açúcar/AL)
14. CACTUS (S. J. Tapera/AL)
15. Um Lugar al Sol (Japaratuba/SE)
16. Ladeiras Ladeirinhas (Japoatã/SE)

Os outros PDA’s que também tiveram suas coordenações sensibilizadas mas que não enviaram a confirmação dos seus planos de ação para HIV/AIDS foram:
1. Novo Chão (Recife/PE)
2. Caatinga (Ouricuri/PE)
3. Palmeirinhas(Palmeira dos Índios/AL)
4. Ipaumirim (Fortaleza/CE)
5. Constelação (Beberibe/CE)
6. CAUCAIA (Caucaia/CE)

Chama-se a atenção para o fato de que mesmo alguns dos PDA’s não nos tendo enviado os seus Planos de Ação com a meta de HIV/AIDS, todos foram concordes em que deveriam começar a atuar nesse tema, tendo em vista a necessidade de estar dando atenção a mais esse recorte da saúde do seu público alvo.

As melhores práticas:
O consideraram-se como melhores práticas na implementação do projeto HIV/AIDS foram às quatro ações que estão sendo consideradas como o produto de campo da VMB, que são:

1. A Pesquisa sobre o perfil da epidemia nas áreas de influência dos PDA’s;
2. As Oficinas de Sensibilização para os PDA’s;
3. O marketing social que posicionou a VMB, nacionalmente, como uma ONG de referência no trabalho com a AIDS;
4. Os 21 PDA’s tendo cada um uma ação prevista para começar a atuarem no combate da epidemia.

O se tem como certo é que até o final do AF/ 03 o nome da Visão Mundial Brasil já estava inserido no espaço de discussão da epidemia, como uma organização séria, que pretende dar a sua grande contribuição nessa causa global que tanto tem afetado o mundo, como é o caso da epidemia da AIDS.

IX – FINALIZANDO

Ao se chegar ao final deste relatório algumas questões são pertinentes de serem colocadas por suas significações positivas e negativas para um processo analítico do que foi implementado ao longo desses 18 meses. Tais questões dizem respeito tanto aos objetivos da VMB em lançar seu olhar para a necessidade de começar as suas iniciativas no enfrentamento da pandemia da AIDS, quanto a se ela própria esta sensibilizada para o trato de uma realidade tão delicada, desveladora, que trata da vida humana, em suas manifestações de comportamentos que são os mais dispares possíveis, e dissociados do que professam as lideranças de uma Organização que tem uma missão cristã.

Na perspectiva da continuação do Projeto HIV/AIDS para o AF 04, sugere-se que as iniciativas sejam conduzidas de forma se dêem as garantias de continuação das ações que já foram implementadas nos PDAs, a fim de que os mesmos tenham apoio técnico para dar prosseguimento aos trabalhos, garantindo a sustentabilidade dos mesmos, obtendo resultados satisfatórios em nível de se poderem conhecer quais foram às melhores práticas e por onde caminhar a partir delas. Portanto, para a Região Nordeste, enfocando os seis Estados onde o projeto foi implementado, sugere-se que se trabalhe com quatro ações básicas, que também são as mesmas que estão no Pacote de Ferramentas:
1. Monitoramento
2. Comunicação
3. Parcerias
4. Captação de recursos

Monitoramento: para o monitoramento a metodologia é trabalhar com ações de monitoria que sejam bem definidas, que busquem nas generalidades as especificidades dos indicadores em perspectivas, no que tange ao enfrentamento da epidemia do HIV/AIDS. Para tanto, se faz necessário que se use uma metodologia de avaliação adequada, com modelos bem definidos: leis, capacidade institucional operativa, recursos humanos, materiais de apoio disponível, tecnologia ao alcance das equipes. Um monitoramento que seja feito de modo integrado com alguém que interprete metodologicamente os dados e alguém que conheça bem das políticas públicas que envolvem situações dadas nos espaços de combate a epidemia. Monitoramento com resultados de impactos decorrentes da: eficiência, eficácia, efetividade e participação. Investir na capacitação das equipes para formação de quadros tecnicamente competentes: mini cursos, eventos, formação de bibliografias, e conhecimento das melhores práticas através do reconhecimento dos objetivos alcançados.

Comunicação: Essa ação é profundamente necessária de ser implementada. A metodologia é trabalhar no eixo da comunicação social, tanto para dar visibilidade ao programa que está sendo implementado, como para usar os recursos áudio visuais como facilitadores nas oficinas de sensibilização para o HIV/AIDS e outras DST’s usando os recursos da arte cênica, grafitagem, nas campanhas de prevenção a partir dos recursos da arte cênica e plástica, grafitagem, indo além destes. Também é considerado como um recurso metodológico o pensar na questão da visibilidade, elaborando material gráfico para apoio bibliográfico nos trabalhos e fazer divulgação nos espaços onde se discute esse tema: cartazes, cartilhas, folhetos, gravuras, vídeos curtos com algumas chamadas sobre a questão da prevenção, divulgação em Internet, boletins eletrônicos, seminários, debates e palestras, vídeo conferencias, entre outros.

Parcerias: O recurso metodológico para trabalhar as parcerias é o que está mais em foco nas articulações nessa questão de trabalhar com o HIV/ AIDS. É tecer redes de solidariedade com a rede pública de saúde, com as ONG/AIDS, conhecer e participar dos fóruns de debates sobre as políticas públicas de assistência, intervenção, controle epidemiológico, realização de pesquisas, tem sido um recurso bastante utilizado, para somar esforços, pela sociedade civil organizada, através dos seus grupos de ativismo. Fazer o controle social das políticas públicas de prevenção e assistência e conhecer os indicadores da vigilância epidemiológica. Participar dos eventos referentes ao tema do HIV/AIDS, e se manter sempre atualizado. Fazendo o controle social das políticas públicas é possível estar atuando com advocacy na área de assistência em direitos adquiridos da população soropositiva, direitos humanos: combate ao preconceito e a discriminação, mentalizadas nas questões de gênero, raça, cor, etnia, orientação sexual, drogas consideradas ilícitas, e outros mais. Conhecer as políticas públicas para atendimento hospitalar, ambulatorial, medicamentos, entre outros.

Captação de Recursos: A partir do projeto que já foi implantado nesses 18 meses nos PDA’s, nos seis estados do Nordeste, pode-se dizer hoje que a VMB possui um produto de campo construído que pode ser visto com a realização das ações que impactaram o nosso público alvo: as Oficinas de Sensibilização em HIV/AIDS, o Marketing Social, a Pesquisa sobre o perfil da epidemia. Considerando que ter um produto de campo para mostrar aos financiadores se configura em um dos pré-requisitos para uma organização captar recursos no campo da AIDS.

Essas estratégias podem ser implementadas como parte de um programa que seria desmembrado em pequenos projetos para os PDA’s, e os mesmos sendo implementados alternadamente e em consonância com o plano de ações dos PDA’s. Essa pode ser uma metodologia de desenvolvimento sustentável honrando a metodologia da Visão Mundial, dando continuidade a todo um trabalho já implementado. Cada um desses projetos envolveria metas e ações que corroborem os objetivos da Visão Mundial para o enfretamento e combate da epidemia em suas áreas de influência.


A primeira ação: Monitoramento deve considerar alguns recortes de atuação no campo prático das áreas dos PDA’s e a partir da implementação das ações, que são determinantes para o reconhecimento dos resultados, operacionalizar os objetivos propostos, o que funciona como um agente facilitador para a seleção das melhores práticas e da sustentabilidade do próprio projeto. Nessa perspectiva alguns dos indicadores devem ser tomados de forma que estejam em consonância com os que são trabalhados nas políticas públicas do MS (Ministério da Saúde) sendo esses os mesmos que deverão ser trabalhados nos PDA’s.
A segunda ação: Comunicação a partir da qual seriam trabalhadas as questões da visibilidade do Programa da Visão Mundial.

A terceira ação: Parceria é desenvolvida a participar dos acordos de parceria entre a Visão Mundial, as OG’, ONG’s, instituições como igrejas e Escolas, podendo a Visão Mundial entrar como agencia parceira, apoiando com recursos técnicos e financeiros a alguns dos projetos que estejam no foco dos interesses da Visão Mundial e sejam desenvolvidos por essas instituições.

A quarta ação: Captação de Recursos deverá continuar sendo o somatório das ações conjuntas das gerências de Operações e Fundos Multilaterais da VMB para elaboração e encaminhamentos de propostas às agencias financiadoras, tanto ao nível do governo Federal, como Estadual e Municipal, quanto ao nível de fundos internacionais.


Delineando em linhas gerais um projeto para captação de recursos para dar continuação ao projeto que já está implementado, vê-se que o público mais interessante para trabalhar é exatamente o público alvo da VM, que são crianças, adolescentes e famílias, sendo exatamente esse o público que vem apresentando um crescimento acelerado nas pesquisas do Ministério da Saúde. Como o indicador que possui predominância para um projeto continua sendo o de redução do índice de infecção, que deve ser desenvolvido no campo da prevenção. Portanto, a proposta de Projeto se sugere aqui é que seja tomado como modelo para elaboração do Programa de HIV/AIDS da VMB o Pacote de Ferramentas do Programa Iniciativa Esperança, nos modos como foi avaliado e discutido no Taller Regional na Costa Rica em dezembro de 2003 Se observando as orientações dadas pelos grupos de trabalho para sua execução que foram as de considerar o contexto local e adaptar esse Pacote de Ferramentas ao contexto local de cada país, para pô-lo em prática até o AF 05. Esse pacote sugere se trabalhar com a prevenção, focando primeiramente a questão da abstinência e fidelidade conjugal com as crianças e os adolescentes dos PDA’s através da igreja evangélica. Na realidade do Brasil essa pedagogia não se sustenta, e insistir em trabalhar com esse recorte é correr o risco de se complicar no meio social de discussão da epidemia de AIDS, pelos grupos de ativismo que fazem o controle social das políticas públicas, e das manifestações várias que sofrem as pessoas vivendo com HIV/AIDS, de preconceito e discriminação por parte da sociedade como o mundo do trabalho, da medicina e da instituição religiosas em suas diversas representações doutrinárias.

Por fim, vê-se que a iniciativa da Visão Mundial de agregar nos seus programas especiais um programa de combate a AIDS é uma ação muito significativa, de um valor inestimável. Porém, essa iniciativa necessita com urgência de ser desvinculada dos interesses materiais imediatistas de acessar aos recursos financeiros que estão disponíveis para serem alavancados pelas instituições que atuam nessa temática, sem desconsiderar aqui a necessidade de tê-los para que as diversas ações sejam implementadas. Sem recursos financeiros é impossível desenvolver os projetos. Esse é um indicador econômico do qual não se pode prescindir. Todavia, em se tratando da questão HIV/AIDS as agências financiadoras estabelecem critérios que vão desde o tempo de existência da organização até um produto de campo, com um tempo certo já construído e o conhecimento social desse produto. Práticas exitosas que podem ser enumeradas como as melhores práticas também são requeridas no processo avaliativo para liberação de recursos.

Por fim, convida-se através desse relatório, a Visão Mundial Brasil a refletir acerca dos seus propósitos de trabalhar no enfrentamento da epidemia da AIDS com o seu público alvo. Para estimular essa reflexão deixam-se aqui algumas questões, que vêem fluindo na mente da consultoria desde que esta percebeu algumas dicotomias no comportamento da organização para com a questão em pauta. São as seguintes às questões:



• O que a VMB quer trabalhando com o tema da AIDS?
• Qual o objetivo real da VMB em trabalhar com esse assunto?
• A VMB conhece as intersubjetividades que perpassam e são fundantes do movimento social organizado que vem ao longo dessas duas décadas, fazendo o controle social das políticas públicas para o trato da epidemia da AIDS?
• A VMB quer somar com os que estão nessa luta, independente de credo religioso, questão de gênero, orientação sexual, redução de danos pra usuários de drogas ilícitas, profissionais do sexo, travestis, transgeneros, cor, raça, lésbicas, e tantos outros?
• A VMB tem noção da problemática que é o viver com HIV/AIDS?
• A VMB tem políticas bem definidas para trabalhar temas como: Saúde Reprodutiva, que trata literalmente da liberação do aborto, do direito da mulher em não querer a maternidade e outras questões?
• A VMB tem políticas consistentes para sensibilizar o seu público alvo a fazer prevenção para DST/HIV/AIDS por meio da abstinência sexual enfrentando o repúdio dos ativistas que militam nessa questão?
• A VMB pretende veicular sua política de abstinência sexual, fidelidade conjugal, sem considerar os Direitos Humanos do cidadão, enquanto sujeito da sua práxis, de definir de que forma ele que viver a sua sexualidade?
• A VMB quer trabalhar com a questão AIDS porque ela é uma temática que tem muitos recursos para captar?
• A VMB está disponível para realizar ser Sensibilização em HIV/AIDS em nível: Regional e Nacionais, como está sugerido no Pacote de Ferramentas do Proejto Iniciativa Esperança, com todo o seu quadro de funcionários, quebrando os seus mitos e preconceitos?



Estas são algumas das questões com as quais a consultoria foi se deparando ao longo do tempo de implementação do projeto. Ao participar do Taller Regional em Costa Rica, e tomando conhecimento do conteúdo programático do Pacote de Ferramentas o Projeto Iniciativa Esperança, conhecedora através de experiências vividas com pessoas do ativismo e muitos outros vivendo com HIV/AIDS, e tendo que, em situações várias, manter uma postura de silêncio e discrição ao ser indagada acerca dos interesses da VM em trabalhar com o tema da AIDS, foi-se tirando algumas conclusões de que para os Projetos da VMB que estão no campo e que não professam uma missão cristã, não será difícil uma articulação com o movimento social organizado de combate a AIDS, e também com os serviços públicos que atuam nesse campo. Para a Visão Mundial, especialmente aqui no Brasil, é muito difícil, ainda mais na sua intenção de trabalhar veiculando uma política de prevenção por meio da abstinência sexual. Isso será mesmo, muito complicado. Esse é um fato que deve conduzir a organização a uma reflexão da validade de atuar nesse espaço.

Finalizando esse relatório pode-se dizer que o sentimento do dever cumprido, por meio do exercício profissional e da responsabilidade social com o que foi acordado com a VMB é o que norteia o pensamento da consultoria. Trabalhar com o tema da AIDS conduz a reflexão sobre o que se é e o que se quer ser na vida, a partir do conhecimento que se vai tendo das vivências humanas. É um despir-se dos mitos e preconceitos de pessoas, criados pela moral cultural das sociedades excludentes, que não conseguem conviver com as diferenças humanas, e nascer de novo para a antiga ética Cristã criada por Jesus, de aceitação dos “outros” seres humanos, com suas práticas de vida diferentes, e amor incondicional.