quinta-feira, 15 de julho de 2010

"O Calor da Voz"


(Manuca Fialho)

Talvez lhe pareça estranho considerar se existe calor na voz, mas pensando em alguns relatos constantes no Texto Sagrado, é difícil não imaginar que existe muito mais do que apenas calor no falar de alguém. Penso ser esse um dos propósitos do nosso serviço ao próximo, falar palavras que promovam edificação, que coloquem as pessoas pra cima, que as façam meditar no possível de ser mudado em detrimento daquilo que não pode mais ser remediado.
Em Lucas 23.39-43 lemos o relato dos últimos momentos de vida de Jesus, já pregado à cruz, o mestre em profundo sofrimento traz alento a um dos ladrões que estava em igual condição ao responder-lhe com contundente clareza. O pedido não poderia ser mais inusitado para o momento. Reconhecendo que só Jesus poderia livrá-lo daquela condição, o ladrão pediu: “Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu Reino”. A resposta veio certeira, embalada por um calor divino, pertinente a quem detém todo poder, incluso poder sobre a vida e a morte: “Eu lhe garanto: Hoje você estará comigo no paraíso”. Sinceramente, não sei o que passou na mente daquele ladrão naquela hora, mas sem dúvida, ter ouvido aquelas palavras valeram muito mais do que ele podia um dia imaginar.
Um pouquinho mais adiante no texto é a vez de dois discípulos que estavam indo para um povoado chamado Emaús, onze quilômetros distante de Jerusalém, falando e conversando sobre tudo o que havia acontecido naqueles dias. O próprio Jesus une-se a eles na caminhada, mas não O reconhecem, seus olhos foram milagrosamente impedidos. Trava-se então um diálogo entre eles, que tristes narram os fatos acontecidos com certo Jesus de Nazaré ao suposto desinformado. Cleopas, um dos discípulos nesse episódio, e seu companheiro, falam ainda incrédulos sobre o relato das mulheres e dos outros discípulos que afirmavam ter o Cristo ressuscitado. Movido pela incredulidade deles, mas cheio de misericórdia, Jesus passa então a explicar-lhes nas Escrituras tudo o que constava a respeito dEle. O seu destino estava bem próximo quando Jesus os fez entender que ia para outro lugar. Imediatamente os dois O constrangeram a que permanecesse com eles, ao que Jesus atendeu. No momento em que estavam à mesa e quando Jesus lhes partiu o pão, seus olhos foram abertos e como num flash eles O reconheceram. Neste instante, o Salvador desaparece de suas vistas e o que o texto nos relata nos faz pensar que o que importa mesmo é falarmos como Jesus, com calor na nossa voz. Calor que transmite alegria inexplicável, certeza formidável da esperança, consolo, alento e paz. “Não estava queimando o nosso coração, enquanto Ele nos falava no caminho e nos expunha as Escrituras?” (Lucas 24.32). Que Ele continue aquecendo nossa vida e nosso coração com a sua doce e quente voz.
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Manoel Fialho | Manuca

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