segunda-feira, 10 de setembro de 2012

O GRITO DOS EXCLUÍDOS EM RECIFE

Mais uma vez o 07 de setembro foi marcado, dentre todas as outras programações do Desfile Militar, foi possivel também realizar outra vez a Caminhada do Grito dos Excluídos. e isso não ocorreu somente aqui em Recife/Pernambuco, mas também em outros municipios da Região Metropolitana, como o CABO de Santo Agustinho, em nível estadual, mas ainda se expressando pelos outros estados do Brasil.Este ano foi possível observar que o Evento ganhou maior expressão, tanto nas representações de outros movimentos que antes ainda não estavam nessa jornada, como a Articulação AIDS PE, tanto quanto com a presença dos candidatos as eleições municipais: prefeitos e vereadores que não deixaram de aproveitar a oportunidade para distribuir seus santinhos, pensando eles que com essa atitude poderiam ganhar as graças do Movimento em prol das suas campanhas. Este ano o 18° Grito dos Excluídos reuniu um vultoso número de pessoas no centro do Recife, em que as Representanções de diversos Movimentos Sociais, que militam buscando mudanças de situações de vida para os mais carentes; políticas públicas melhoradas para educação; o trabalho, a saúde; contra violência e pela vida, dentre tantos outros, ocuparam a Avenida Conde da Boa Vista para num tempo de quase três horas de caminhada, a gritar para todos bem alto e em bom tom que a sociedade brasileira está acordada e muito disposta em sair às lutas pelas mudanças tão desejadas para a melhora do viver humano de cada qual e também de todos coletivamente. Assim, esses fóruns tiveram suas chances de exporem as suas necessidades, de dizer quais são as suas lutas e estratégias propagando dessa forma todas as suas intenções como um Grito de quem está Excluído, mas que não está disposto a deixar que a situação perdure mais do que ja está. A concentração para a organização e saída desse movimento ocorreu na Praça Oswaldo Cruz, no Bairro da Boa Vista, perto do Teatro Waldemar de Oliveira. Os participantes começaram a chegar por volta das 8h00 da manhã e quando foi as 10h00 deu-se início a caminhada,com muita alegria, ornada com lindas faixas coloridas, carros de som repletos de pessoas que cantavam, dançavam; batucadas muito ritimadas alegravam o dia enchendo as ruas de sons, e todos animados iam permeando os cânticos e o cortejo seguiu pela Avenida Conde da Boa Vista em direção à Praça do Carmo, no Bairro de São José,onde fez a sua Apoteose. E, foi tudo muito lindo de se ver, lindo mesmo!Em cima dos trios elétricos, uma presença marcante: o Padre italiano Vito Miracapillo, que reconquistou, com muito esforço ouvildado o seu direito de voltar a morar no Brasil após ser expulso durante o Regime Militar e o D. Saborido Bispode Olinda e Recife, que fez uma fala bastante expressiva situando o que realmente vinha a ser aquele movimento.Este ano, o Grito dos Excluídos trouxe o tema "A vida em primeiro lugar:Queremos um Estado a serviço da Nação, que garanta direitos a toda população". "Duas bandeiras são fundamentais nesta luta: a não privatização estadual da saúde, pois serviços essenciais aos cidadãos não podem ser barganhados, e descriminalização dos movimentos sociais, já que temos observado que os governos têm usado vários aparelhos sociais para conter greves e manifestações dos trabalhadores", foi o que pontuou na sua fala o senhor Valmir,Coordenador do Fórum Dom Helder Câmara, que articulou o evento.Nessa marcha viu-se muitas expressões de consciência política dos participantes do evento. Representações de diversas categorias sociais como as de Gênero, onde vimos as mulheres requerendo a abertura do mercado de trabalho para elas, e também havia um bom grupo de mulheres que estavam levantando a bandeira do feminismo e do reconhecimento das suas condições de ter seus direitos pela vida. Os professores reivindicando seus direitos enquanto profissionais da educação;a APastoral da Saúde, a Apastoral Carcerária, dentre outros, os adolescentes, os jovens, e muitas representnações religiosas levantando as vozes e dando os seus gritos, num levante popular de muita expressão e força. O Movimento contra o racismo também levantou a sua voz e tratando seus representantes com as bandeiras vermelhas na caminhada,gritando nessa expressão que queriam o fim do racismo; também viu-se os movimentos da diversidade pedindo a queda do machismo e homofobia, tendo essa reivindicação ganho muita expressão na representação do Movimento Gay Leões do Norte, que por mais uma vez estava participando do Grito. Eles estavam ainda requerendo igualdade e a criminalização da homofobia. Dessa vez também observou-se um destaque para os aposentados que se manifestaram requerendo mais respeito por sua idade e também políticas públicas aos que dessem condições de vida melhores aos idosos.Nessa passeata muitas curiosidades puderam ser vistas, e pessoas vestidas de todos os modos, levantando suas bandeiras e cantando as canções antigas como: Caminhando e Cantando do Geraldo Vandré fez o corolário do evento. Os tranzeuntes, e também os que ocupavam os coletivos,também iam passando e demonstrando sua aprovação por aquela iniciativa.Viu-se uma carroça de mão muito bem decorada que chamou a atenção de todos que a viram, nos dizeres dos diversos cartazes que a decoravam:"Eles representam a carga tributária que a população carrega nas costas.Queremos que seja uma taxa mais justa e que os recursos arrecadados sejam mais bem aplicados, revertidos para o povo em educação, saúde, transporte". Foi isso o que explicou o presidente do Conselho dos Jovens Empresários da Associação Comercial de Pernambuco. Considerando uma certa instabilidade observada nesses últimos tempos nos movimentos sociais, em que a sociedade civil começou perdendo seus espaços de representação organizada em movimento socialpor um aldo; e por outro o reconhecimento da sua legitimidade e o respeito do Gestor público do excercício da cidadania ativa no contexto dos direitos e deveres que forma essa metodologia oriunda de teoria democrática, e isso em diversas instituições onde esse Gestor assiste: saúde, educação, trabalho, moradia, política partidária,indo além dessas, e a partir de determinadas práticas políticas partidárias de certos governos e seus govenantes, que nessas duas últimas décadas só tem servido para desestabilizar os movimnetos sociais, pode-se dizer que o Grito dos Excluídos saiu esse ano de 2012 com muita disposição e garra, com uma adesão bem maior de outros fóruns, o que foi significativo para demonstrar à nossa sociedade que o povo não está adormecido,como poderiam estar pensando os poderosos, os donos do ouro e da prata, os donos do poder e das ideologias e também os políticos disfarçados de ovelhas com cara de lobo mal. Essa experiência do Grito dos Excluídos esse ano deixou bem claro que as articulações políticas entre os fóruns são estratégias que estão dando certo e sendo muito bem vistas e pensadas como ferramentas indispensáveis para que se possam estabelecer a formação de práticas coletivas conjuntas, unidas por defesas de interesses sociais similares e comuns, a partir da defesa dos territórios de representações das coletividades, mesmo que os temas em discussão sejam diferentes, já está defenitivamente comprovado que a junção dos fóruns e das temáticas numa só prática coletiva, a partir do que se torna possível fazer uma construção articulada, tanto em defesa dos interesses das partes, quanto em defesa dos interesses nas coletividades. Estão sendo inovadas algumas novas estratégias no movimento social, e, essa inovação é quem irá apontar caminhos para a implementação de novas e maiores jornadas para o ganho do que a sociedade civil está buscando para ocupar os seus território politicamente constituídos com muita responsabilidade, e a consciência de que se está na rota certa e no tempo hora certos, na atuação políticamente democrática, a partir do excercício da cidadania ativa das pessoas. _________________________________________________________ Miriam Fialho da Silva - Socióloga Membro da Coordenação Colegiada da Articulação AIDS PE Consultora de Programas e Projetos da ASQV.