terça-feira, 4 de maio de 2010

GRUPO ASQV

O Grupo ASQV surgiu no ano de 1999, quando dez pessoas vivendo com o vírus HIV, pacientes do DIP (setor de atendimento do Hospital das Clinicas da Universidade Federal de Pernambuco – UFPEA – uniram-se para reivindicar melhoria no atendimento aos pacientes portadores do HIV/AIDS, por haver sido detectada uma mudança na estética corporal das pessoas soropositivas que estavam fazendo o coquetel combinado. A patologia detectada foi reconhecida como LIPODISTROFIA, uma doença que altera o formato do corpo pela sua anormalidade na distribuição de gordura nas regiões corpóreas onde em algumas partes do organismo humano falta gordura, e em outras sobra, o que termina por causar uma deformação na imagem corporal deixando os usuários dos Anti-Retrovirais expostos ao sofrimento emocional ao se depararem com uma nova forma estética do organismo que os diferencia de todas as outras pessoas que não são HIV+. De forma que na experiência das pessoas que fazem medicação combinada para combater o HIV+ e a AIDS, essa patologia aparece como uma vilã, visto que está afetando a auto-estima e impondo aos donos de corpos sarados, tratados e bonitos, numa outra forma de identificação corporal.

Na busca de soluções para a situação que cada vez mais estava se apresentando nos corpos em tratamentos, foram contatados alguns profissionais habilitados na saúde para ajudar a encontrar soluções para a situação daquelas pessoas HIV+. Tendo então, o cirurgião plástico Dr. Ivo Salgado se sensibilizado com a questão e ao mesmo tempo demonstrando reconhecer que se fazia necessário procurar resolver a situação que estava começando a afligir os pacientes. Foram ainda feitos os contatos com a Coordenação da Secretaria da Saúde do estado de Pernambuco, e a Coordenação das DSTS/AIDS para auxiliar com a liberação do componente químico e também de viabilizar os locais para a realização das cirurgias. A população alvo para receber essa assistência foi recrutada nos ambulatórios dos hospitais de referência onde as mesmas fazem atendimento médico. À medida que essas pessoas iam tomando conhecimento dessa iniciativa passaram a procurar o nosso grupo e se inscreveram ficando numa lista de espera, que atualmente é composta por 400 pessoas. Até o presente, 60 pessoas já foram atendidas. Foram assim, realizadas cirurgias reparadoras nos primeiros pacientes, com a aplicação de “Polimetilmetacrilato-PMMA, liberado pelo Ministério da Saúde através da Secretaria da Saúde de Pernambuco/Coordenação DST/AIDS. Todavia, essa situação não fica definitivamente resolvida com a aplicação do Metacril, existem ainda outros efeitos causados pela Lipodistrofia que só poderão ser tratados com outros procedimentos cirúrgicos, que são citados na portaria nº 2582, do Ministério da Saúde, datada de 02/12/2004, no Instituto Materno Infantil de Pernambuco, que foi o Hospital contratado para fazer esse atendimento.

Após oito anos atuando nessa questão junto aos pacientes afetados pela LIPODISTROFIA aqui em Pernambuco, contando com a ajuda da Coordenação Estadual de DST/AIDS do estado de Pernambuco, somente em 2008 foi que o ASQV tomou a iniciativa de se tornar uma instituição não-governamental juridicamente reconhecida para poder captar recursos financeiros que possibilitem o desenvolvimento dos seus trabalhos, visto que outras demandas vêm surgindo e que vão além das cirurgias reparadoras.

O Projeto Institucional que norteia o GRUPO NA LUTA CONTRA A SIDA PELA QUALIDADE DE VIDA – ASQV – está focado em quatro eixos temáticos:

1. EDUCAÇÃO SOCIAL E POLÍTICA - Desenvolver Ações Educativas junto às populações HIV+ no sentido de sensibilizá-las para o cuidado com o seu corpo: parte estética; terapia medicamentosa; práticas de saúde coletiva para um corpo saudável
2. CAPACITAÇÃO PARA SENSIBILIZAÇÃO - Atuar junto ao pessoal da saúde para promover a sensibilização desse público no trato do elenco de conteúdos recrutados pela AIDS e que estão subjacentes tais como: todo conjunto de questões referentes à saúde, ao trabalho, a família, as políticas publicas para tratamentos, indo além desses.
3. PROMOÇÃO E REALIZAÇÃO DE EVENTOS - Promover ações estratégicas em redes sociais nas instâncias nacionais e internacionais, garantindo a efetivação das políticas públicas para prevenção e assistência, no combate tanto em relação à Lipodistrofia, como a outras patologias que afetam perversamente a população soropositivo HIV+.
4. COMUNICAÇÃO, VISIBILIDADE E EXTENSÃO - Estabelecer contatos com órgãos governamentais e não governamentais e outros segmentos da sociedade civil a fim de criar espaços de representação para alcançar e atender o maior número possível de pessoas que estejam sofrendo os resultados colaterais da doença; realização de pesquisas e outras atividades que gerem a produção do saber científico.

Atualmente a ASQV desenvolve o Projeto “Lipodistrofia, prevenção, tratamento e reintegração social. Esse projeto tem por objetivo trazer informações de prevenção quanto ao surgimento dessa patologia no corpo; informar sobre as ações de intervenção, pelos de procedimentos cirúrgicos reparadores e curativos; e também promover a sensibilização dos profissionais da saúde tanto informando sobre a Lipodistrofia, quanto informando sobre a O HIV/AIDS, desde as formas de contágio que perpassa do universo do saber sobre e epidemia para a constatação de que o advento de ser HIV+ permanece criando situações de desconforto humano e social, e isso em nível das relações familiares, afetivas, culturais, lazer, e amizades, demonstrando a partir disso que a qualidade de vida não se configura unicamente com a erradicação de uma patologia, mas sim, no somatório das vivências integrais do ser humano. Promover a conscientização de que a interrupção, ou até mesmo a não adesão ao tratamento continua sendo até o presente uma questão que deve ser bastante discutida entre a população HIV+; que ter cuidados com o corpo impõe mudança de alimentação com dietas saudáveis, práticas esportivas bem direcionadas por profissionais competentes na área em questão, e que essa conduta dever começar a ser vista como recursos indispensáveis para a manutenção de se um viver com um corpo equilibrado, vivo e saudável, mesmo que as doenças oportunistas e as doenças recorrentes, ainda permaneçam.

Esse Projeto é financiado pelo PAM e suas ações se centram em cinco eixos:
1. Oficinas de Ações Educativas sobre a AIDS, os anti-retrovirais e seus efeitos colaterais;
2. Capacitação sobre o que é o SUS e as políticas Públicas de Saúde de assistência e prevenção
3. Sensibilização para pessoas que estão soropositivos sobre a questão da adesão aos tratamentos; e a manifestação das outras doenças oportunistas, como outras DSTs e da Tuberculose;
4. Articulação com o gestor público para a garantia da participação das instituições da saúde nesse processo das cirurgias
5. Realização de Seminário para comunicação de Resultados do projeto ao final da implementação.






























RECIFE/PE
2010

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