terça-feira, 25 de outubro de 2011







Audiência pública na Câmara discute a Lipodistrofia


Lipodistrofia é o nome dado para uma coleção de mudanças no corpo, que são vistas em pessoas que utilizam medicamentos anti-HIV. Lipo se refere à gordura, e distrofia significa perturbação grave, ou crescimento ruim. Essas mudanças são mais comuns em pessoas quem estão fazendo terapia antivirótica. Assim, a Lipodistrofia significa alteração na gordura, causando o acúmulo ou perda de gordura em áreas localizadas no corpo.
Em 1996, iniciou-se o uso, em larga escala, de uma nova classe de Anti-Retrovirais para o tratamento da AIDS, os Inibidores da protease. Estas medicações deram um novo impulso ao tratamento desta doença, pois permitiu a introdução do "HAART" (Terapia Anti-Retrovial de Alta Potência) e, com isso, a redução drástica dos casos de morte por AIDS.
Paralelo ao tratamento começou a surgir os primeiros efeitos colaterais dessa terapia. Dentre eles, a Lipodistrofia.
Atualmente, prefere-se denominar este quadro como Síndrome redistribuição de Gordura, pois além das áreas de acúmulo e perda de gordura, ocorrem também alterações metabólicas, como o aumento de triglicerídeos e colesterol, diabetes, osteoporose, dentre outras. O Grupo de Amigos na Luta contra a SIDA pela Qualidade de Vida - ASQV, vem ao longo de uma década lutando para efetivar o tratamento das pessoas que estão vivendo a experiência de viver com a LIPODISTROFIA, sofrendo os males decorrentes dessa patologia, que não somente autera a estrutura corpórea, mas ainda causa outros males em sua vida emocional, como fragilização da autoestima que vem se manifestando com a depressão, o denânimo, a vontade de desistir de lutar pela vida. A luta na busca da efetivação dos contratos de parceria com os hospitais de referências para a realização tanto da reposição do metalacryl quanto das cirurgias reparadoras para corrigir as deformações corporéas que não somente auteram a forma dos corpos, como também causam danos físicos. Na intensão de ajudar o ASQV nessa caminhada foi que a Vereadora Aline Mariano (PSDB) presidiu na manhã do dia 13 de setembro de 2011, no plenarinho da Câmara, uma audiência pública para discutir o direito dos pacientes HIV/AIDS com Lipodistrofia ao acesso a tratamento em hospitais públicos. “Lei que garante assistência a esses portadores pelo Sistema Único de Saúde já existe. Também existe uma portaria do Ministério da Saúde em vigor desde 2004”, afirmou a vereadora. A Lipodistrofia, acúmulo ou perda de gordura em áreas localizadas do corpo como barriga, costas e pescoço, é um efeito colateral causado por medicamentos usados contra o vírus da AIDS. O tratamento é cirúrgico e custa caro. Pode chegar a quinze mil reais dependendo do caso e não é oferecido no serviço público de saúde em Pernambuco. Nessa audiência foram formadas uma mesas para discussão e debate do. Essas mesas foram formadas por pessoas como Wandilza França, presidente do Grupo ASQV pontua que os pacientes com Lipodistrofia se isolam, entram em depressão e tentam o suicídio. “Queremos que o poder público nos garanta o que é nosso direito. Não pedimos só os medicamentos, mas respeito e qualidade de vida” desabafou D. Wandilza França, fundadora dessa luta.
François Figueiroa, coordenador estadual de DST-Aids, garantiu na sua fala que no máximo até o começo de outubro o Hospital Osvaldo Cruz e o IMIP já estarão realizando as cirurgias. Levantamento do Governo do Estado mostra que Pernambuco tem mais de 15 mil portadores do HIV e a cada ano outras 950 pessoas contraem o vírus no estado. Boa parte desses pacientes desenvolve a Lipodistrofia.
Na audiência pública também foram discutidos os efeitos da Lipodistrofia nos pacientes. “Preconceito, discriminação, morte civil, perda do espaço profissional e da vida afetiva”, descreveu a psicóloga Tânia Tenório. O aposentado Wilson Júnior viveu esse drama. Ele sofreu com a Lipodistrofia, mas passou por cirurgia e recuperou a auto-estima. “Eu não queria sair de casa, me isolei de todos, entrei em depressão. Tudo mudou com a cirurgia”, afirmou Wilson.
Na sua fala, a vereadora Aline Mariano afirmou que vai continuar a se dedicar ao problema. “Não vou parar por aqui. Pretendo levar essa luta que é a defesa dos direitos dos pacientes com Lipodistrofia à Assembléia Legislativa e ao Congresso Nacional.
As causas da Lipodistrofia são multifatoriais. A princípio, achava-se que era um efeito colateral dos inibidores da protease, mas hoje se sabe que o próprio HIV e outros medicamentos utilizados para o tratamento da AIDS também contribuem para o aparecimento e agravamento desta síndrome, além de outros fatores como a idade avançada e longo tempo de uso dos Anti-Retrovirais.

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